Sala cheia, banda em prontidão. Veio todo
o mundo, menos o cantor. Matias Damásio tomou a arriscada decisão de não cantar
na segunda noite contratual, a menos que fosse substituído o mestre de
cerimónia, Salú Gonçalves, com quem vem tendo uma incompatibilidade em função
das críticas sistemáticas deste à sua figura.
A indignação pública não se fez esperar. O apoio também não. Errou o Matias por "mandar lixar" o seu público? Errou a nova energia ao manter o Salú? Quanto a mim, a questão vai além do "clubismo". Há realmente quem defenda ceder à pressão, ainda que fora do contrato, sendo o Matias a estrela. Outros recomendam um engolir de sapos, por profissionalismo. Não faltaram ainda, infelizmente, comentários a pôr em causa a origem de pobreza material, como se só os da cidade e de berço rico fossem assertivos.
É isso. À boa maneira angolana, a opinião pública fractura-se em reacção à desfeita de o Damásio não ter comparecido ao segundo dia de show no Royal Plaza Hotel, em Luanda, no contrato com a Nova Energia, produtora de eventos do casal Yuri e Yuma Simão.
Já na sexta-feira (02/11), ainda ao primeiro dia, num gesto tido por deselegante, Matias Damásio usou do microfone para manifestar desconforto em virtude de ser o jornalista Salú Gonçalves (seu inimigo) o mestre de cerimónia. Ainda assim, garantiu o cantor, iria dar o seu melhor por respeito ao público ali presente. No segundo dia, porém, e goradas a negociações, segundo fez saber o líder da nova energia, quanto à "chantagem" (de afastar o apresentador Salú), Matias não compareceu.
Seguiu-se um desfile dramático de discursos, aplaudidos em pé, lamentando não só o que consideraram falta de respeito, mas também anunciando para breve a devolução do dinheiro por cada bilhete pago. Ficou-se a saber que partira do próprio cantor a vontade de passar pelo Show do Mês. A equipa do cantor promete para as próximas horas um "comunicado à nação" e contar a sua versão. Sobrevivera a mais esta? A quem é que o Matias deverá dar ouvidos? Aos que o apoiam na intransigência ou às vozes discordantes?
Ora, reduzir o ocorrido à incompatibilidade é muito redutor, passe aqui o trocadilho. O palco é território neutro, não é nem do cantor nem do apresentador, que ali estavam, aliás, a desempenhar as suas tarefas para ganhar o seu quinhão. O mais sábio seria, ao solicitar contratação, fazer-se o trabalho de casa, isto é, pesquisar o modus faciendi. O espectáculo tem cinco anos de existência. Ora, se o Matias não conhece o apresentador residente, revela então uma falta de solidariedade para com a classe, ao não prestigiar shows de colegas (repare-se que nas fotos aparece a Pérola, cantora consagrada, sentada na plateia).
Engolir o sapo ajudaria a renovar a razão, pois o lado polémico de Salú já é conhecido. O radicalismo não penalizou o apresentador, muito pelo contrário. O público ficará com a imagem final, a da ausência antecedida de um desabafo, de si já deselegante, de quem era suposto ser a "vítima da perseguição". Não se trata de estar contra o Damásio, trata-se de ajudar o menino de Benguela a melhorar na postura quando reivindica respeito e honra. Terminamos corroborando com os apelos à união entre o Yuri, o Salu e o Damásio. Até lá, mano Matias, que te salve a opinião contra. Ainda era só isso. Obrigado.
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