terça-feira, 31 de dezembro de 2019

ÁUDIO. Três artistas da província de Benguela fazem balanço do ano cultural Radio Ecclesia 30.12. 2019

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MESA REDONDA | Adérito Tchiuca (Associação Provincial do Teatro), Carlos Albano (músico) e Gociante Patissa (escritor) foram os convidados do programa Ecclesia 24 horas, conduzido pelo jornalista Zé Manel, na edição do dia 30 de Dezembro de 2019 para fazer um balanço do ano cultural na província de Benguela. Durante 42 minutos, os convidados falaram das realizações, dos entraves enfrentados pelos fazedores de arte (nas modalidades de teatro, literatura e música), mas também partilharam propostas de solução e perspectivas para os órgãos reitores das políticas culturais e educativas
https://angodebates.blogspot.com/
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Programa: Ecclesia 24 horas
Duração: 42 minutos
Realização e moderação: Zé Manel
Técnica de som: António Mateus
Trilha sonora: Kassav; Carlos Albano
Fotos de Zé Manel e Adérito Tchiuca: Créditos autorais reservados (Facebook)
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domingo, 29 de dezembro de 2019

Crónica | Universidades de Benguela projectam licenciatura em comunicação/jornalismo. Haverá professores especialistas?

Fiquei a saber que, finalmente, duas universidades na província de Benguela projectam ministrar cursos de licenciatura em Jornalismo/Comunicação Social, o que surge, para a parte que me cabe, num "timing" complicado, fisicamente falando, agora rendido à condição de nómada profissional.

Enquanto não descola o mestrado, realmente não me importava de fazer uma segunda graduação, dada a certeza da vocação profissional e a velha aspiração de valorar a experiência com uma certificação.

A dúvida que persiste é, no entanto, se haverá um corpo docente especializado e por isso com autoridade académica para suportar as cadeiras nucleares ou se serão as licenciaturas norteadas pelo improviso como alma do negócio. Na hipótese de vingar a segunda, o mais provável é os promotores dos cursos arregimentarem para a empreitada juristas, historiadores e linguistas, ramos que têm servido de escape para profissionais de comunicação que optaram por não migrar para Luanda e Huila, províncias que até então monopolizavam em termos académicos, à parte as bolsas escassas para o estrangeiro.

Nenhuma descrição de foto disponível.A ironia reside no detalhe histórico de ser Benguela uma geografia pioneira no que respeita ao início da radiodifusão em Angola, sem falar de grandes nomes que ao longo de quatro décadas foram dando cartas no panorama da imprensa nacional e internacional. Não acredito que se chegue à meia dúzia ao fim de um exercício de contabilizar quantos profissionais residentes associam a reconhecida prática/tarimba a uma certificação universitária do ramo.

Que venha o curso e que as gerações mais novas que a minha se empenhem e agarrem a oportunidade. É que na vigência deste deserto, a muleta consistiu em beneficiar de seminários e cursinhos intensivos promovidos pela sociedade civil, com a falida APHA (Associação para a Promoção do Homem Angolano) a liderar e mais recentemente com as iniciativas do CIB (Clube de Imprensa de Benguela).

Enfim, como diz o amigo brasileiro Sérgio de Toledo, "melhor tarde do que mais tarde ainda". Ainda era só isso. Obrigado e votos de boa passagem de ano.

Gociante Patissa | Benguela, 29 Dezembro 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Entrevista com Gociante Patissa sobre aviação, jornalismo, literatura e música na Ecclesia Benguela


Entrevista solta na véspera de Natal conduzida pelo jornalista Horácio dos Reis na Rádio Ecclesia Benguela ao também jornalista emprestado à assessoria de imprensa, Gociante Patissa, que teve uma passagem de 12 anos pelo sector da aviação doméstica e outros 12 anos no sector da sociedade civil, segmento das ONG. Em aproximadamente 38 minutos, a conversa com o escritor e antigo activista social aborda problemáticas dos ramos da aviação, do jornalismo, da literatura e da música em Angola

Data: 22.12.2019

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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Crónica | Na ressaca da nomeação a administrador

Ex.ªs, só vos digo uma coisa. Eh pá, esta coisa do poder quando está no sangue, não há como escapar afinal. Já me lembra o diálogo com o meu irmão Didi (Dino Calupeto) que, ali pelos cinco anos de idade, já sabia o que queria ser na vida. Director! Mas Director de quê, ó Didi? Para mandar os outros, mano Dany!, atestava ele sem margem para gaguejar. Apoiado! Primeiro o que importa é ser chefe, mandar e determinar. Ah, porque líder é melhor que chefe. Pode até ser, não diremos que não, mas isso de líder vem depois, e se lhe sobrar espaço  Continuando. Da parte que nos cabe, tenho-me recusado a abraçar a militância político-partidária, não vá eu cair no dirigismo, sendo filho de antigo, eloquente, charmoso e carismático (mais ou menos mulherengo) dirigente, um Administrador Comunal, para ser mais preciso, evolução da função de Camarada Comissário Comunal que vigorou até o sucumbir do regime mono-partidário, tendo sido representante máximo do Estado em três localidades, nomeadamente Chila, do município do Bocoio, Equimina e Kalahanga, do município da Baía Farta, tudo na província de Benguela. De nada me adiantou. Reparem, Ex.ªs que ontem mesmo, quando menos esperava, Sua Ex.ª Eu foi nomeado. Passei a ter um subordinado cujo nome já revelo daqui a pouco. Mais um Administrador na história da família, desta feita, Administrador do e-mail em uso no grupo sete colegas. Ainda fui a tempo de perguntar ao engenheiro informático qual seria o meu papel real. Nada de especial, garantiu ele, é só ir acompanhando o fluxo. Que bom ser chefe relaxado, não é? O meu subordinado chama-se caixa de e-mail, no que aliás me sinto bafejado pela sorte em comparação com a experiência do papá, que geria pessoas e em contexto de guerrilha. O e-mail não fica doente, não tem conflitos e desgostos familiares, não atrasa no serviço, não tem veleidades sindicais, enfim, não subtrai nem confunde património colectivo com meios pessoais e... não bajula. Tem só um senão, confesso, já sei que quando eu morrer ele não irá ao meu funeral, mas isso as pessoas também fazem, que exemplos disto mesmo não nos faltam. Assim vão dizer que é só fama, brincadeira, e por isso não vão felicitar sua Ex.ª Eu, não é? Já vos conheço então hahaha Ainda era só isso. hahahah
Gociante Patissa | Na selva, 22 Novembro 2019
www.angodebates.blogspot.com
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sábado, 19 de outubro de 2019

OFERTA DE LIVROS DIGITAIS ESTE FIM-DE-SEMANA

Deixe o seu e-mail ou whatsapp no endereço patissagociante@yahoo.com e receba até domingo PDF de dois livros já esgotados do escritor angolano Gociante Patissa:
1. A ÚLTIMA OUVINTE (contos, UEA 2010);
2. FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS (contos, GRECIMA, 2014)

NOTA: A divulgação é não comercial que faço por esta via, pelo que, em caso de a versão digital interessar a algum leitor que conheça, esteja à vontade em partilhar.
Ainda era só isso.
Obrigado

Descarregue aqui https://we.tl/t-l3Wj7JtmXF
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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Crónica | MESAS VAZIAS

Algumas vezes ao mês quando o fim do mês
deixa, damo-nos ao luxo de comer fora, poderia ser para poupar o gás lá da cozinha de casa. Quem fala do gás não estará de modo algum a referir-se à preguiça de enfrentar a pilha da rotina de lavar a loiça, cozinhar, encher o papo e ter de lavar de novo o que ainda há poucos instantes esteve reluzente. Bem vista, a loiça partilha a ingratidão da barriga, a qual passamos a maior parte da nossa existência a alimentar mas nunca agradece. Calhou o domingo. Depois de meia hora de caminhada sob o sol, faço-me ao destino. Primeira etapa da peregrinação vencida. Vai faltar é o regresso. Geralmente é a parte mais trabalhosa, caminhar de barriga cheia mas... haverá tempo para se pensar nisso. No restaurante, sala cheia. Cheia de mesas vazias e pessoal de serviço. De clientes mesmo, assim contando, apenas dois, um deles sendo eu. Som ambiente bom, sinfonias e acordes sem voz humana. Depois passa o carrinho das encomendas. O pargo, distante de pesar meio Kg, do tamano de dois caxuxos pelos quais em Benguela nunca pagaria mais de mil kwanzas, mesmo até lhe adicionando o orçamento do que é obviamente necessário para completar o tempero, sai a 13 mil kwanzas. Só o peixe com uma meia dúzia de rodelas de batatas, não entrando nas contas o couvert, a sopa, a bebida, enfim. Lá no fundo, a pergunta é inevitável: mas esse peixe assim foi apanhado em alto mar pelo príncipe Harry ou por aquele do Dubai?! Ps: fiquei-me pela alternativa mais acessível, o peixe roncador, mas não deixei de me enganar quanto à quantidade de batatas. Taxativamente quatro. E pronto. Até ao próximo fim do mês. Ainda era só isso. Obrigado Gociante Patissa, Luanda, 06 Outubro 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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domingo, 6 de outubro de 2019

UM "CLUBE DO LIVRO" QUE AFUGENTA LEITORES

Nas bombas de combustível da Chicala, Luanda, encontrei há pouco um exemplar do já "esgotado" livro de contos FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPAL


HAVA DÚVIDAS, de Gociante Patissa (2014). Último exemplar. Mas o sabor agradável da surpresa do reencontro teve pouca dura. Custa acreditar que um livro pago (produção e direitos autorais) na totalidade e custeado pelo erário esteja a ser redistribuído por um tal de clubedolivro.co.ao ao proibitivo preço de capa de 3.125 Akz, contra os 500 Akz sonhados pelo projecto LER ANGOLA, das coisas boas do extinto GRECIMA. O lucro é de mais ou menos 600%. É bom recordar que a iniciativa fora concebida e financiada para promover o acesso ao livro através da subvenção, com o preço de capa de 500 Akz, ficando a distribuição a cargo da Textos Editora (grupo Leya), que embolsava 15%, salvo erro, 25% para a rede de mercado Kero, que vendia os livros, restando 60% para o autor. Aos entendidos no metier, fica a dúvida: haveria alguma hipótese de se aplicar a regra dos preços vigiados?😭😭
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Poema inédito | A PAZ PERDEU O MEDO

Sádicos são bonitos
na verdade já senhores
de motos sem destino
ou fundo algum de necessidade
que nos rasgam a calada da noite
roncando, roncando, roncando
Trompete trágico
dos escapes
vibrantes abastados
possante passante possante passante
e, não satisfeitos pela proeza,
castram o sono pela manhã
coxo, coxo sono
cedo, cedinho, cedinho
para o mesmo deleite
maroto marginal
disparar os alarmes
do comercial banco
e da manada de topos de gama
que adornam a avenida
nas barbas da guarda presidencial
a paz é que perdeu o medo
ueon, ueon, pin, pin, piu, piu
possante passante possante passante
para o mesmo deleite
maroto
disparar os alarmes
É que a pedagogia
aquela
do Dombe Grande já era
do feitiço, como do amor, o mesmo
Tanto se fala sem se ver.
Gociante Patissa | Luanda, 06 Outubro 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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Opinião | Flagrantes de auto-sabotagem no sector do livro em Angola

Depois de já ter denunciado neste espaço a especulação na revenda de livros subvencionados, com o meu livro de contos Intitulado FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS (2014), por um tal de Clube do livro que estipulou o preço de capa da 3125 kz, contra os 500 kz oficiais, volto a bater na tecla.
É que ontem, numa livraria vizinha da ex-Stromp, ali pela Maianga, em Luanda, escandalizei-me com o preço de 4 mil Kz praticado para o livro "UANGA-Feitiço", de Óscar Ribas (2014), edição da colecção "Clássicos da Literatura Angolana", projecto LER ANGOLA, do extinto GRECIMA, iniciativa governamental adstrita aos serviços de apoio ao Presidente da República cessante. Tratou-se de uma iniciativa em que o Orçamento Geral do Estado custeou as despesas de produção, distribuição, promoção e joias autorais na sua totalidade.
Ora, numa sociedade que carece de massificar a aproximação do livro com o leitor, ver um agente livreiro que adquire o exemplar subvencionado a 500 Kz para o revender ao repelente preço de 4 mil kz, num lucro de 800%, excelências, quando o livreiro não tem sequer de deduzir contrapartidas nem com o autor nem com o editor nem... concluí que temos entre nós auto-sabotadores e que o fomento dos hábitos de leitura é para todos os efeitos uma causa perdida. Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa
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Última hora | PRESTAÇÃO DE CONTAS


ATT, colegas "mecânicos" da 3.ª OFICINA LITERÁRIA, há motivos para ficarmos contentes. Chegou hoje do nosso Editor, em Portugal, já bem bonito e tudo, o MIOLO/PROVA da nossa COLETÂNEA DE POESIA E CRÓNICAS em formato paginado (de livro) para cada um confirmar se o conteúdo está conforme. Devo recordar que sob vossa procuração, estou a representar-vos enquanto organizador, mas que os direitos da parte autoral, embora me sejam formalmente atribuídos, devem na verdade ser entendidos como património intelectual equitativo de cada participante. Continuando. Posso enviar por e-mail e receber as vossas contribuições até 2.ª feira às 12h? É que temos de agir com celeridade para ver se ainda este ano segue para a impressão. Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa
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sábado, 31 de agosto de 2019

Pintor brasileiro expõe culturas angolana e afro-peruana em Luanda


O artista plástico brasileiro, Klaus Novais, inaugurou nesta quinta-feira, 29 de Agosto, no Centro Cultural Brasil Angola (CCBA), sito no Bairro dos Coqueiros, em Luanda, a exposição intitulada "É de Lá", que reúne 50 quadros com retratos, recorte de jornais e paisagem, num olhar estético centrado na sociedade angolana e na cultura afro-peruana.

O acto foi prestigiado pelo Embaixador do Brasil em Angola, Paulino de Carvalho Neto.

Klaus, que usa técnicas mistas com predominância do acrílico sobre tela, tem uma folha de serviço rica no campo das artes, com passagem pelo teatro e no cartoon. O também escritor, com obra publicada e um romance na forja, é dono de uma sensibilidade que se foi apurando com a exposição a diferentes choques culturais e sociais que começam em São Paulo, sua terra natal, passam por Peru, Portugal e por fim Angola.

A exposição fica patente até ao último dia de Setembro e ao contrário do habitual, quem lá esteve na noite da inauguração voltou para casa sem saber o preço das obras, uma espécie de caricato positivo. É que para o artista, este "pormenor" não foi ainda pensado, tendo preferido concentrar toda a sua energia na criação e preparação da inauguração como tal.
(Nas fotos, os amigos com o pintor de quem se fala: Paulo, Fernanda BandosGociante Patissa)

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sábado, 10 de agosto de 2019

Lançado Dicionário de Verbos conjugados Umbundu e Português em Luanda

Recebendo o autógrafo da autora do DICIONÁRIO DE VERBOS CONJUGADOS EM UMBUNDU & PORTUGUÊS, Cesaltina Kulanda, o qual sua excelência eu apresentou no acto de lançamento que teve lugar hoje, 09 de Agosto, na União dos Escritores Angolanas, em Luanda (sob chancela da Chela Editora). Foi uma oportunidade lúdica de reencontro com as memórias e cultura umbundu, a par de reflectir sobre os empecilhos, alguns de natureza institucional, que influenciam o lugar político, cultural, académico e social das línguas nacionais de origem africana em Angola, fazendo com que pesquisar e dar eco a elas seja um acto de resistência, numa sociedade que elevou a língua portuguesa, que era suposto ser factor de coesão nacional, ao patamar de monstro que não dialoga com as demais já encontradas no território. Ainda era só isso. Obrigado

A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé
(captação da imagem por Kiamba Uimgui)
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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A ÚLTIMA OUVINTE, livro esgotado


Recebi hoje com enorme felicidade a "triste" confirmação oficial da editora de que, nove anos após a sua publicação em Angola, os mil exemplares do livro de contos A ÚLTIMA OUVINTE, comercializados ao preço de capa de mil kwanzas, estão esgotados. Trata-se da minha primeira prosa, a obra que marca de forma especial a carreira por ter motivado o convite que recebi durante o consulado do confrade Adriano Botelho de Vasconcelos (com participação do escritor Abreu Paxe) para ingressar como membro da União dos Escritores Angolanos (UEA), publicada há nove anos com a capa feita pelo artista plástico Miguel Dafranca (de feliz memória). Se calhar era oportuno "seduzir" a União dos Escritores Angolanos para uma segunda edição. O que você acha da ideia? Para terminar, recordo que esta é a segunda obra de minha autoria que se esgota, depois dos 2 mil e 500 exemplares do também livro de contos FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS (2014), editado pelo então Grecima, enquadrado no concurso nacional da Bolsa Literária "Ler Angola", subvencionada pelo Estado e que apurou 11 obras dos considerados novos autores, com o preço de capa de 500 Kwanzas. Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa, 08 Agosto 2019 | www.angodebates.blogspot.comResultado de imagem para FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS, PATISSA

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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Utilidade pública. Candidatura a bolsas de estudos em artes na Embaixada Egípcia


Resultado de imagem para EMBAIXADA DO EGIPTO EM ANGOLA
A Embaixada da República Árabe do Egipto em Angola tem disponíveis bolsas de Estudos integrais no domínio das artes em diversas academias e institutos do seu país nas seguintes áreas: ballet, teatro, cinema, música, artes folclóricas e música árabe.


Os candidatos interessados devem reunir as condições discriminadas nas linhas que se seguem:


1. Ter (igual ou menos de) 30 anos de idade

2. Comprovativo de estado de saúde
3. Orientar a inscrição na área de formação pretendida
4. A academia irá custear todos encargos da bolsa em caso de sucesso no exame, sendo que de contrário, será o candidato a arcar com todos os custos de alojamento e formação.

Para mais detalhes, queiram contactar directamente a entidade promotora no e-mail: info@academyofarts.edu.eg


Ainda era só isso. Obrigado e Boa sorte (07.08.2019)


Gociante Patissa | www.angodebates.blogspot.com

(imagem: Angop)
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sábado, 3 de agosto de 2019

Citação

"O joalheiro e o poeta padecem da mesma maldição, ambos procuram a perfeição."
(Argumento do personagem principal no filme iraniano Septembers of Shiraz), TVC4
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domingo, 28 de julho de 2019

[O cúmulo da geração "civilizada" do tempo da outra senhora]


"Garçom, empreste-me lá o seu garfo, se me permite..."
"Diga, Dona?"
"Empreste-me lá o seu garfo, que é para eu endireitar o peixe [está enviesado em relação à salada]. Não suporto comida no prato arrumada sem ordem, acho horrível, perco imediatamente o apetite".

(Trechos de não-ficção. Em um lugar de uma certa urbe, hoje)

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sexta-feira, 26 de julho de 2019

NÃO TEM PERNAS O TEMPO (extracto)


O domingo iniciava no sábado, à hora de nos irmos deitar, um pouquinho a seguir às galinhas, tais eram a ansiedade e o volume de fantasias que embalavam o nosso sono garoto!

Ainda hoje tenho dificuldade em descrever um domingo daqueles, se não for a começar pelo pôr-do-sol, quando o dia, que se afigurava interminável, se ia à vida. Víamos, então, o grande sentido que reside em se dizer que a felicidade não se vive, recorda-se apenas. Tão cedo perdoávamos o homem, ou sei lá a força, que se arrogava de precipitar a manivela do tempo. Uma zanga curta; se calhar, para que não fosse longa a ponte entre um domingo e outro.

Dominávamos o itinerário do dia seguinte como a palma da nossa mão, afinal não varia assim tanto em meios pequenos a rotina – deixai-me abusar deste pleonasmo sociológico. Nada de ficar na berma da estrada, a ver se caía do céu coluna de soldados cubanos para permutar conserva enlatada com porcos, e com isso assistir ao espectáculo que era a corrida desenfreada, de quando em vez, atrás de quadrúpedes que rebentassem as fibras de bananeira que se faziam passar por cordas.

Nada de ir com restos de manteiga à padaria, atrás do pão quente, nem à pesca nem a piqueniques. Tão-pouco nasciam bebés de barro.

Ir à igreja era obrigatório, e como tal paragem insonsa. Ao meio-dia vinha a melhor parte, o passeio pelos bairros, levando-nos às mesmas casas, aos mesmos parentes. E nos esquecíamos da maçada de tomar o banho de rio naquele cacimbo insidioso, capaz de deixar amarga a rama e o bananal sem vida, como se das queimadas fossem alvos.

Calcorreávamos as picadas atrás das nossas motorizadas virtuais, que não passavam de esqueléticas jantes de bicicleta, achadas sabe-se lá quando. Ao osso achado o cão questiona pertença anterior, por acaso?! Era por aí.

Em casa da avó nos aguardava um arroz substituído por rolão de milho, toupeiras assadas com o melhor em alho e hortelã, e ainda mandioca ou batata-doce fervida, conforme a safra sazonal. Às vezes achávamos demais as orações, mas toleráveis, como aliás se suporta o gosto do gindungo. Ela tinha a mania de nos repetir que o governo nos daria carro um dia, se estudássemos. Não faltava vontade de perguntar por que não quereria, ela também, um carro, uma vez que em nenhum momento nos parecia que quisesse matricular-se na alfabetização, conhecida à época por EBOC (Escola Básica Operária e Camponesa). O que era governo, não imaginávamos, creio até que não sentíamos dele falta alguma directamente. A avó plantava mitos, e o mito não morre.

Mas o que eu adorava mesmo era ver a avó cantar hinos cristãos, quase sempre acrescentando-lhes ou retirando sinónimos, tons vocais ou metáforas, o que os tornava ainda mais originais. Não voltavam a ser os mesmos depois que caíssem nos ouvidos dela! Que óptima era! Os hinos, talvez por não existirem gravadores, pareciam renovar-se em cada entoar. É que o único gravador da comuna era um à corda, que mal servia para qualquer estatística que fosse.

Chamou-se Kwayela, do provérbio Umbundu, “kwayela osema, ovipula njala oko vili” (*). Hoje, ó avó materna minha, ouve o que te digo: com tantas confusões, nós, o povo em geral, que não dirigimos nem mudamos directamente as coisas, merecíamos, quando desse vontade, mudar de mundo, mas, oh tragédia, só temos este e aquele outro, o teu, o da inverosimilhança.

Não tem pernas o tempo, seriam longas, ou curtas, demais.

Gociante Patissa (Pág. 115-6. União dos Escritores Angolanos, Luanda, 2013)
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(*) Lá onde a fuba [farinha de milho] abunda, há também famintos.
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domingo, 21 de julho de 2019

CRÓNICA. Tens que voltar para o Sumbe


Estávamos condenados a ir longe, 600 Km. A nos perdermos também. Não o conhecia e ele a mim muito menos. Um empate técnico é como diriam os “lamentaristas” desportivos. Melhor começo de viagem a dois era impossível. Ninguém podia dizer que levava vantagem, de modo que o êxito da jornada dependia, valha a redundância, da interdependência entre mim e o companheiro. Eu dirijo e ele suporta-me. Falo do carro.

Mal pisei o pedal do acelerador, ouviu-se um trác, do trancar centralizado de portas. Calma ali, ó meu! – dirigi-me ao companheiro – Também não vamos exagerar. Repara que até tenho o cinto posto. É verdade que não nos conhecemos, que já não vou para novo e que o meu sentido de orientação até é péssimo, mas não me vejo a saltar com o carro em movimento, Ok?! Enfim… E já não era a primeira partida naquele dia.

Como se já não bastasse o motor se negar a pegar, por bateria descarregada, e gente doida a pressionar para libertarmos o estacionamento, típico faroeste rodoviário que Luanda é. A desgraça abre mercado a jovens de rua tarefeiros. O carro do kota é automático, né? Vamos chamar um Tucson para fazer chantagem, mas vai dar um saldo. Só três mili kwanza… Estás maluco ou o quê?! A essa hora já queres fatigar três paus ao teu irmão?! Você é nosso, vamos disminuir. Mil kwanzas, ya? Ok.

E não há cabos para o chante. Porra!, me fazem vir à toa dizendo que o kota tem cabo, afinal não tem?! Estaca zero. Sai um telefonema para o Soberano Canhanga, um gajo que nos prova a cada dia, a nós os leitores, que a carreira administrativa só aniquila o escritor, querendo. Solícito, delega a seu subordinado, deve entrar para (mais) uma reunião. Até que surge um vizinho com bateria sobressalente e lá se faz o chante com a ajuda de duas chaves. Os jovens de rua embolsam metade. Muito obrigado. Não há margem para arriscar, e lá sacudimos o bolso, em forma de conta bancária, para uma bateria nova.

Depósito cheio de diesel, pneus calibrados. Rasga-te, ó estrada! A paisagem é colírio. Conduz-se bem, exceptuando curtos desvios de terra batida. Quatro horas depois, abrem-se entranhas do Sumbe. Seis da tarde. No silêncio, o elogio pelo visível trabalho de obras. Os chineses não brincam! Cinco anos se passaram desde a última vez que fiz o troço. Já esteve pior, lembrava-me de ter ouvido. Quase a viagem toda é feita no asfalto, insistia a reminiscência. Assim sendo, como até falta pouco, restava focar o instinto no asfalto, mesmo depois do posto de controlo do Sumbe, diante da traiçoeira estrada da Comarca.

A dada altura, começo a estranhar alguns sinais. A estrada agora parece mais estreita, serpenteante. Passo por aldeolas pacatas, iluminadas, toponímia alheia à memória visual. Não vislumbro o clássico postal costeiro. Na dúvida, sintonizo as rádios de Benguela. O sinal é cada vez mais cristalino, só pode ser porque estou no bom caminho e perto.

Aceno, apressado, à sede de Uco Seles. Às 20h recebe-me Conda e o asfalto morre. Boa noite, jovem. Boa noite, tio. A estrada para Kanjala onde é? Mas aqui no bairro não temos Kanjala. Então, e para o Kikombo? Ah, tens que voltar para o Sumbe, são 75 Km. Tento negociar um meio-termo. Mas não há outra via de chegar a Kikombo? Infelizmente, não. E lá dou a meia-volta saldada em três horas perdidas e 150 Km fora do plano. À meia-noite e meia chegávamos, triunfantes, ao destino, Benguela. Ainda era só isso. Obrigado.

Gociante Patissa | 20 Julho 2019 www.angodebates.blogspot.com |imagem: Rede Angola
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domingo, 30 de junho de 2019

SÓ QUERO PINTAR O MUNDO À COR DO PÃO (poema inédito)

À margem aspirada chegado
Teimo em rezar para não ter que rezar
Por tudo e por nada
Abstenho-me dessa omnipresença
Que rege a urbe
E substitui o bom dia por graças a Deus
Sei que não devia
Que é na água a força do jacaré
Mas eu venho doutras águas
Caso já não saibam
Portanto, que se lixe a selva
O jacaré incluso

Só quero pintar o mundo à cor do pão
Define-me o fora da norma
Até que surja o noticiário
Carregado, tinto
Fecho a porta bem fechada e congelo a geografia
Transporto-me para todos os lugares onde passei
Às mulheres que amei
(não que me prenda o tempo verbal)

E no prédio
Mais fácil se conhece cada dente da chave
Do que as feições do vizinho
Rasgo as artérias com o calcanhar
Nas mãos a comichão do volante
Afinal fui sempre a estrada adiada

Abstenho-me do espectro que rege a urbe
É que trago tatuado o campo
Que roubem isso também
Só quero pintar o mundo à cor do pão

Gociante Patissa | 30 Junho 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Museus de Benguela “nomeiam” segunda Ministra da Cultura


Maria Piedade de Jesus, a Ministra da Cultura nomeada hoje (20/06) por Despacho do presidente João Lourenço (JLo) para substituir Carolina Cerqueira, de quem era adjunta, foi quadro do Museu Nacional de Arqueologia, na província de Benguela, antes de ser nomeada, em Outubro de 2017, para o cargo de Secretária de Estado para a Antropologia.

É a história a repetir-se onze anos depois. Em Outubro de 2008, era nomeada pelo então presidente José Eduardo dos Santos (JES), para a pasta da Cultura, a investigadora Rosa Cruz e Silva, quadro dos Museus de Arqueologia (Benguela) e de Etnografia (Lobito), que mais tarde desempenhou o cargo de Directora do Arquivo Histórico (Luanda).

Sendo um nome ligado ao sector pelas vertentes académica e do dirigismo, a nova titular da Cultura, Maria Piedade de Jesus, é contudo desconhecida da classe artística, perfil semelhante ao de Rosa Cruz e Silva, diferente de Ana Maria de Oliveira, que tem a faceta de escritora.

Pelo cargo passaram, entre outros, António Jacinto (1975-78), Ana Maria de Oliveira (1992-1999), António Burity da Silva Neto (1999-2002), Boaventura da Silva Cardoso (2002-2008), Rosa Maria Martins da Cruz e Silva (2008-2016), Carolina Cerqueira (2016-2019), esta última nomeada no executivo de JES e reconduzida por JLo.

Gociante Patissa | 20 Junho 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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