Algumas vezes ao mês quando o fim do mês
deixa, damo-nos ao luxo de comer fora, poderia ser para poupar o gás lá da cozinha de casa. Quem fala do gás não estará de modo algum a referir-se à preguiça de enfrentar a pilha da rotina de lavar a loiça, cozinhar, encher o papo e ter de lavar de novo o que ainda há poucos instantes esteve reluzente. Bem vista, a loiça partilha a ingratidão da barriga, a qual passamos a maior parte da nossa existência a alimentar mas nunca agradece. Calhou o domingo. Depois de meia hora de caminhada sob o sol, faço-me ao destino. Primeira etapa da peregrinação vencida. Vai faltar é o regresso. Geralmente é a parte mais trabalhosa, caminhar de barriga cheia mas... haverá tempo para se pensar nisso. No restaurante, sala cheia. Cheia de mesas vazias e pessoal de serviço. De clientes mesmo, assim contando, apenas dois, um deles sendo eu. Som ambiente bom, sinfonias e acordes sem voz humana. Depois passa o carrinho das encomendas. O pargo, distante de pesar meio Kg, do tamano de dois caxuxos pelos quais em Benguela nunca pagaria mais de mil kwanzas, mesmo até lhe adicionando o orçamento do que é obviamente necessário para completar o tempero, sai a 13 mil kwanzas. Só o peixe com uma meia dúzia de rodelas de batatas, não entrando nas contas o couvert, a sopa, a bebida, enfim. Lá no fundo, a pergunta é inevitável: mas esse peixe assim foi apanhado em alto mar pelo príncipe Harry ou por aquele do Dubai?!
Ps: fiquei-me pela alternativa mais acessível, o peixe roncador, mas não deixei de me enganar quanto à quantidade de batatas. Taxativamente quatro.
E pronto. Até ao próximo fim do mês.
Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa, Luanda, 06 Outubro 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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