segunda-feira, 31 de maio de 2021

A ORIGEM DO NOME LUSATI: Um pouco de antroponímia umbundu aproveitando a moda

1. No plano da grafia ou símbolo

 

Em termos de grafia, inclino-me para a forma convencional das línguas bantu, isto é, LUSATI [lu-sa-ti], pois o S entre vogais nunca ganha valor de Z, ao contrário do que ocorre nas línguas europeias. Neste caso, LUSSATI seria uma corruptela derivada da confusão que subsiste com a dupla norma para uma mesma língua, coabitando a convencional bantu (adoptada pelos evangélicos/protestantes) Vs a católica (apadrinhada pelo regime de então durante a dominação colonial portuguesa). 

 

Também não é correcto grafar LUSSATY, colocando Y para representar o fonema /i/, se tivermos em conta que as semi-vogais Y e W servem para fazer hiato, isto é, quando a letra U é sucedida de uma vogal ganha a forma de W, o mesmo se dando com o I sucedido de vogal, que se metamorfoseia em Y. (Ex: "owanda wayuka cokuti!" ou seja, a rede veio tão carregada! Repare-se que no adjectivo "cokuti", precisamente porque o I é final, não usamos Y, pois nesta posição estará mal empregue.)  

 

2. No plano metafórico

 

Socorremo-nos do levantamento do académico Francisco Xavier Yambo (2003, pág 67), in “Dicionário Antroponímico Umbundu”, selo da Editorial Nzila, segundo o qual o nome LUSATI:

 

"deriva de OLUSATI, resto de um milheiro cortado em crescimento e sem possibilidade nem de crescer nem de morrer. Dá-se à criança que nasce sem ter encontrado o seu pai. A morte do pai foi prematura ao ponto de não conseguir ver o fruto da sua existência. Pode ser também para aquele que além de não encontrar o seu genitor, venha a perder a mãe logo após o parto."

 

3. No plano das variações regionais

 

A língua Umbundu, que caracteriza como a própria radical diz o grupo etnolinguístico umbundu, oriundo do planalto central e em parte no litoral (seis das 18 províncias), o que representa demograficamente um terço da população angolana, pode ter beneficiado em termos de expansão dos anos de guerra civil, quer pelo êxodo rural em busca de melhores condições de vida, quer pela adopção da língua como senha identitária por um dos movimentos com poder de ocupação de territórios ao longo de décadas no sul, leste e no norte, falo da Unita. 

 

Não surpreendeu, pois, que em 2002, por exemplo, as imagens do programa Nação Coragem, da Televisão Pública de Angola, exibissem a partir do considerado enclave de Cabinda, extremo norte e sem ligação terrestre interna, um exército animadíssimo a entoar com dicção a um nível nativo cantares populares umbundu.

 

Sendo já factual que não existe umbundu padrão, como não existe padrão de língua nenhuma senão uma falácia com apetências de imposição etnocêntrica, podemos acrescentar que o singular de milheiro cortado ou da palha, dependendo da variante, à medida que se deixa o planalto central (Huambo e Bié), pode adoptar outras grafias e pronúncias. No interior de Benguela, por exemplo, o singular pode tanto ser OLUSATI ou OCISYATI [otshi-shati] e consequentemente o plural OVISATI ou OVISYATI. E se ouvir dizer que alguma menina se chama Shatinha, de nome próprio, não porque lhe os pais lhe augurassem mau feitio, chatice ou coisa parecida; tratar-se-á do diminutivo de Olusati ou Ocisyati.

 

4. No plano dos hábitos alimentares

 

Sendo o pirão de milho a principal refeição (entenda-se mesmo diária ao almoço, jantar e até ao matabicho) entre os ovimbundu, será de imaginar o simbolismo de vitalidade imanente em tudo o que envolva o processo de produção, colheita e transformação do milho. 

 

O milho dá o pirão (ou funji, aqui para introduzir um termo da região etnolinguística ambundu, do norte) que é degustado com molho de verduras, feijão, peixe ou carne. Mas o milho deriva também na ocisangwa (ou kisângwa, outra vez para usar a terminologia do norte, onde o prefixo “ci” [tsi] passa a ser ki). 

 

Ocisângwa, cujo valor aqui abordamos em tempos enquanto cartão de hospitalidade com que uma dona de casa se revela proveniente de bom berço, é também a bebida sempre presente na execução de empreitadas, pelo seu poder de saciedade, para além do efeito diurético. Não entrarei para o mérito da chegada e introdução do milho na vida dos africanos mais remotos e da motivação, segundo vários pesquisadores, de encher de energias a força de trabalho mal pago.

 

Daí que quando no outro dia ouvi falar em "mingau", iguaria da gastronomia da Bahia, no Brasil, o Estado mais africano naquele país por conta do secular tráfico de escravos, procurei logo saber se entrava o milho nos ingredientes, ao que me foi respondido que sim. Porquê? Porque «ongau» é como se designa a primeira refeição em umbundu, de maneira que a saudação equivalente a Bom dia é precisamente «nangau!» No meio rural, muitas vezes este «ongau» consiste em assar sobras de pirão da noite anterior.

 

Luanda 31 Maio 2021


 



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domingo, 30 de maio de 2021

Administração Municipal da Baía Farta com dados históricos equivocados sobre as comunas?


O estudo da Universidade Agostinho Neto (UAN) sobre "Cadeia  produtiva  do  tomate  na BaÍa Farta",  de 110  páginas, realizado em 2014, parece apresentar dados deturpados na secção do histórico das comunas da Equimina e Kalahanga, no que se refere ao exercício do cidadão Victor Manuel Patissa (meu pai). É de resto uma deturpação já em tempos estampada numa das revistas da edilidade, edição confiada à empresa do meu amigo Miguel Arcanjo. Diz o Estudo da UAN, induzido pela fonte, a Administração Municipal da Baía Farta, que o patriota Victor Manuel Patissa teria voltado a representar o Estado na comuna da Equimina de 1995 a 1996, onde estivera antes como Comissário comunal de 1986 a 1989. Se bem me lembro, Victor Manuel Patissa, que chegara da comuna da Chila, município do Bocoio, a qual governou de 1981 a 1986, altura em que foi convidado a frequentar a Escola Provincial do Partido, teria sido colocado talvez em 1987 na comuna da Equimina. Seguir-se-ia a espinhosa missão de repor a Administração do Estado na comuna da Kalahanga em 1991 mas com o eclodir da guerra pós-eleitoral (1993), a estrutura administrativa teria recuado para funcionar provisoriamente na comuna do Dombe Grande, sendo que por volta de 1995 o velho teria sido exonerado e transferido para a Administração Municipal da Baía Farta, colocado em posição a seu ver incompatível com o seu valor e entendimento dos lobbies do partido, desenhando-se a partir dali o ostracismo. Não me lembro de ter frequentado o palácio da Equimina duas vezes nesta vida 🙂 É como disse no outro dia, o MPLA precisa, enquanto partido-governo, de se reconciliar com a memória dos pequenos (os glorificados, os ostracisados, os vivos e os mortos), apostando na actualização e preservação da sua história nas bases. Haverá pouco de vantajoso em ver um município que nem uma simples cronologia dos patriotas a quem confiou a representação da Administração do Estado tem minimamente organizada. O esquecimento sectário é também uma forma de violência histórica!

Daniel Gociante Patissa
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domingo, 16 de maio de 2021

Sondagem


 

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sábado, 15 de maio de 2021

Crónica | BENGUELA 404 ANOS ENTRE O PÃO E O CÃO

A primeira imagem que me ocorre quando penso na cidade de Benguela por estes dias seria a de um Peugeot 404 (modelo fabricado entre 1960 e 1975), mas já velhinho e resiliente, que à medida que circula vai deixando cair uma ou outra peça, estoira a pintura, um pneu que lhe fura mesmo estando na condição de socorro. Só que esse Peugeot 404, sem arranque, segue a marcha (porque vale no seu conjunto) mesmo quando os ponteiros do calor do motor beiram níveis de alarme. Deve ser porque a 17 de Maio, Benguela, ou cidade de São Filipe, completa 404 anos de fundação (oficial). 

E como município sede, a aura da Ombaka cobre os restantes, considerando que, tal como o corpo humano, a ordem territorial opera na lógica de sistema, onde unha e cabelo, se quisermos litoral e interior, concorrem para o mesmo fim, que é ou seria o bem de todos, todos enquanto sujeitos e objectos. Daí que prevaleça o sonho da representação integradora e de paridade cidade-campo.

 

Celebramos o quê? Este seria o ponto de partida em cada ciclo, colocando o sentido epistemológico num patamar superior ou no mínimo equitativo em relação ao lúdico, à merecida farra, do reencontro de kambas. Impõe-se até mesmo para honrarmos a nossa história, como postula o hino nacional, a passagem de testemunho entre gerações, colocando a análise e a solidez do conhecimento sociohistórico à frente da tradicional emoção regada com o bom das nossas bebidas espirituosas e do bom kitute. 

 

Aonde queremos chegar? Do ponto de vista académico, incentivos precisam-se para não apagar a chama do debate de ideias, buscando na divergência e na robustez do argumento o conhecimento de nós mesmos. Há que considerar as sensibilidades e subjectividades que existem, aparentemente abafadas pelo politicamente correcto transgeracional. É preciso ouvir os que discordam da data de 17 de Maio, na lógica de que se festeja a victória do invasor Cerveira Pereira sobre a resistência dos povos encontrados. O que existia antes disso e que figuras africanas de relevo merecem memória?

 

Há que ouvir aqueles que defendem a recolocação das estátuas do poder colonial à entrada de edifícios oficiais (em nome da história), ouvir quem acha que a independência não valeu a pena, do mesmo jeito que se precisa ouvir os que advogam uma perspectiva mais nacionalista e de rotura. O pior que nos pode acontecer é termos um lugar só lembrado pelo azul do mar e pelas camas de hotel. Ah, feliz a nova geração que não tem de sentir na pele a latente teia “das famílias tradicionais”, rótulo por meio do qual o complexo de superioridade conferia a uma elite, intocável, o pódio sobre o cidadão comum.

 

Urbanismo ou humanismo? A pergunta parece capciosa, e é, pois não seriam mutuamente excludentes as proposições. Mas no contexto de Benguela, ainda mais agora que circulam prospectos de uma praia morena plástica, impõe-se ressignificar as prioridades de desenvolvimento. Como cantou Teta Lágrimas, diríamos “Benguela, já foste linda, mas temos esperança ainda.” Porém a atracção do turista pelo prisma do revivalismo não deverá sobrepor-se à premente necessidade de requalificação da periferia, do saneamento básico, da melhoria das condições das escolas e dos hospitais, da iluminação. Há que humanizar as prioridades da governação, e aí pouparemos no coartem e no soro. “Cilanda ongombe citunda vonjo”, diz o adágio umbundu que o recurso com que se compra o boi parte de casa.

 

O pão ou o cão? Recorremos à literatura para lembrar a fábula da cigarra que se vê à beira de morrer de fome e decide pedir socorro à formiga, no que ela pergunta o que andou a faminta a fazer na época seca, quando deveria trabalhar. Como respondesse que andou a cantar, a formiga atirou: pois agora dança! Voltando a Benguela em festa, há que olhar para o parque empresarial privado nacional que fecha estabelecimento a cada dia, redundando no poder de compra das famílias e no investimento em cães de raça para se protegerem do ladrão, uma vez a outra empurrado para ali pelo pão.

 

Este ano, muitos de nós estarão privados de olhar e subir neste Peugeot 404 velhinho, já sem arranque, que é a cidade de Benguela, muito por conta da pandemia. Mas há que empurrar, há que marchar!

 

Gociante Patissa | Luanda 11 Maio 2021 | www.angodebates.blogspot.com

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domingo, 9 de maio de 2021

Para ouvir e descarregar PALAVRAS & TEXTOS Angola Brasil 08.05.2021

A quem possa interessar, a edição de ontem do programa PALAVRAS E TEXTOS, na RNA, pode ser escutado neste link https://www.mixcloud.com/upload/gociante-patissa/palavras-textos-r%C3%A1dio-nacional-de-angola-com-abreu-paxe-gociante-patissa-e-kaio-carmona-080521/complete/

Para download da emissão de ontem do programa PALAVRAS & TEXTOS na Rádio Nacional de Angola, deixo aqui o link do wetransfer válido para 7 dias a contar de hoje https://we.tl/t-8mjafCMiZs

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Académico pede valorização das danças de origem bantu

Sampaio Júnior | Benguela | Jornal de Angola, 09.05.2021

 

A valorização das danças bantu e pré-bantu passa por uma investigação mais profunda do actual património imaterial, defendeu, ontem, em Benguela, o académico Gociante Patissa, para quem é fundamental enaltecer a profundidade identitária destas.

 

Actualmente, criticou, os jovens criadores se têm limitado a criar grupos da cidade, que replicam algumas das danças do interior da província em eventos festivos, inaugurações ou no Carnaval. “A questão da dança e da cultura popular, como tal, demanda políticas de Estado, no sentido não só da recolha mas também da compreensão antropológica da maioria destas”, defendeu.

 

Para o académico, é importante valorizar o mosaico etnolinguístico nacional, considerando como tal todas as sensibilidades culturais. “Temos de saber entre os Khoisans, por exemplo, quais são as manifestações culturais mais usadas em certos actos, como forma de evitar o desaparecimento de uma parte fundamental do vasto mosaico cultural angolano”, apelou.

 

Outro exemplo apontado por Gociante Patissa são os vahanya, povos que habitam a região de Catengue até Chongorói, incluindo o Cubal, Caimbambo e parte da Ganda, cujas danças de maior relevo são vistas em certas ocasiões, como no ritual de circuncisão, no nascimento de gémeos, ou quando evocam os deuses para que chova. “O essencial agora é estudar, a partir da raiz, com os anciãos que ainda existem, as aspirações e provérbios subjacentes à maioria destas danças”.

 

Iniciativas como o Festival Nacional de Cultura (Fenacult) precisam de ser mais valorizadas, para o académico, assim como considera importante a criação de políticas de incentivo, tipo bolsas de investigação cultural, aos pesquisadores residentes, de forma que estes estudem os instrumentos, as coreografias e os ensinem no sistema de ensino e as novas gerações possam se identificar com outras formas de cultura, “não apenas a de massas, como o kuduro, ou a kizomba”.

 

“As danças, no contexto matricial, não se dissociam da forma de ser e de estar de um todo. O risco que se corre não investindo na investigação para estudar a História e o contributo da dança na preservação de valores e até nos processos de libertação pode ter consequências internacionais no futuro”, frisou, apontando como exemplo deste fenómeno de usurpação a capoeira, que hoje é universal sob a bandeira brasileira, “quando afinal é originária de Angola e levado a outros países pelo tráfico de escravos”.

 

Variedades

A província de Benguela, contou Gociante Patissa, tem uma variedade de danças folclóricas locais, dentre as quais o destaque vai para olundongo, onyaco, ocipwete e ukongo. Muitas delas, disse, acabam por ser pouco valorizadas. “É no campo da dança que as políticas culturais menos têm conseguido acertar, mantendo sobre elas um olhar de meras manifestações de animação de eventos, como no passado, na visão exótica colonial”, lamentou.

 

Atento ao fenómeno cultural, Gociante Patissa adiantou que as danças folclóricas representam um conjunto de actos sociais, peculiares de cada região e em Benguela era usada em antigos rituais mágicos e religiosos. “As danças consideradas folclóricas, um conceito discutível e para muitos académicos pejorativo, em virtude de estabelecer uma linha divisória entre o que é moderno (e oficializado) e o que é popular (no sentido de antiquado), representam na verdade uma f o r m a d e e x p r e s s ã o e conexão espiritual de muitas sociedades africanas com os antepassados, a natureza e a projecção do universo”, explicou.

 

Anos 80

Para o narrador cultural Manuel Matias, a dança em Benguela atingiu o expoente máximo nos anos 80, com o surgimento de vários grupos e estilos, como tchipuete, ekoia, lundungo, sendeka, buluganga e chilombonde. Na altura, contou, havia palcos, também, para as músicas europeias e americanas. “Naquela época, com interesse de massificar e preservar a arte da dança, a direcção da Cultura da província muito apoiou e acompanhou os grupos, capacitando-os por via do trabalho de alguns activistas e dinamizadores da dança”, destacou.

 

Gigante

Entre os grupos de grande referência da província, os Bismas das Acácias são um dos gigantes locais adormecidos, que já efectuou digressões pela África e Europa, onde mostrou a grandeza do folclore nacional. Com um vasto repertório demonstraram, pelo talento e técnica de actuação ritmada com cânticos folclóricos, o valor da cultura angolana. Com a Covid-19, as exibições do grupo ficaram muito restritas, assim como dos 121 grupos de danças folclóricas e 33 modernos registados na província.

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sexta-feira, 7 de maio de 2021

EXPOSIÇÃO ABERTA À EXMA SENHORA MINISTRA DA SAÚDE


Exma. Senhora, njali yetu Sílvia Lutucuta,

Ndukulamiosapo lensanju, lusondi Kwenda esumbilo.
Cumpre-me adiantar que não vou escrever muito, mas era só para manifestar a minha tristeza por não contemplarem a minha classe nas prioridades de vacina. É que, Exma., considerando que sou xará do meu avó nascido na década de 1920 e, à parte isso, vi nascer e morrer cada personagem dos 8 livros que dei à luz, considero-me muito mais em grupo de risco do que o Secretário de Estado Mufinda, jovemzinho, cheio de energias, bem apessoado e quê e tal. A actividade de imaginação e recriação do mundo é uma cormobilidade por inerência, Dra, como doente anda a humanidade.
Exma, senhora Ministra, os médicos e demais profissionais abnegados de saúde precisarão de quem os mantenha vivos e eternos por meio da memória e da escrita. Isso diz quem um dia se sentou na carteira para promotor de saúde rural.
Estive no Mutu e fui competentemente barrado, tentei no Pazflor à sorte e me xotei sozinho, que de filas incertas já me bastaram as do PAM no tempo da penúria quando iamos implorar por um prato de comida. Estou recolhido em casa feito rato na toca, à espera que a cobra da pandemia não me alcance.
Aguardando uma cunhazinha aqui colocada em pratos limpos, despeço-me com consideração.
Daniel Gociante Patissa
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domingo, 2 de maio de 2021

O MAL DO POEMA (poema inédito)

 O MAL DO POEMA (poema inédito)

 

Ciclos

Do alto de cá, meu camarada

Onde me quedo

Furto as impressões digitais

Ao lençol freático

Na gélida esperança de te apalpar

A mão de semear

A enxada de arar povo

Melhor já

Que em Julho o frio 

Por ventura greta laços

 

Ciclos

O relógio marca

Sete e cinco

De um lado

No condicional

Digo individual

Do outro também 

Sete e cinco

Na aspiração

Telúrica 

Utópica gangrena

Digo 

A ardósia sem giz

Ou tu, camarada

E o colo que não mais há

 

Ciclos

O mal do poema

Meu pai 

É roubar a última sílaba

À lágrima

Depois ainda há Julho

Há o não lugar

Do irmão alfaiate à parte 

 

Ciclos

És sete e cinco

Que dobra

Que te dobra

Bem aventurados 

os que contar

não sabem 

 

Gociante Patissa | Luanda, 01 Maio 2021 | www.angodebates.blogspot.com

 

 

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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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