quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Oratura: O debate cantado em “Nãwã walya ombambi”

(Refão)

Nãwã walya ombambi

Ka nyihinleko
Olonjo tulisungwe
Nãwã walya ombambi
Ocipepi eci!
Ndalya ombambi

Sa lile ohombo
Ndalya ombambi
Sa lile ohombo
Avoyo!

(Refão)

Nãwã walya ombambi
Ka nyihinleko
Olonjo tulisungwe
Nãwã walya ombambi
Ocipepi eci!

Estamos em presença da canção enquanto mecanismo de protesto ou sátira social. Este tema encaixa-se na dança “ukongo”, a qual homenageia figura do caçador. A letra enaltece virtudes do marido valente no âmbito da distribuição social de papéis. Assim, temos no refrão uma senhora que se queixa de alegada avareza de sua cunhada, o que na tradução livre do original Umbundu fica assim fica: “A cunhada veado comeu / a mim nada deu/ e somos vizinhas/ a cunhada veado comeu/ (…) tão próximas que nossas casas ficam uma da outra!”. Já em resposta, a cunhada diz: “Veado comi/ cabrito não foi/ Veado comi/ cabrito não foi/ ora essa!”. Ou seja, comi carne de caça, que custou ao meu marido sacrifício. Que vá o seu marido caçar também.

Gociante Patissa, Benguela 27 de Outubro de 2012
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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Poeta emergente, o único que a família mal consegue colocar no "areópago" - aqui, para usar vocábulo erudito à medida - sou eu. Mas parece haver já um concorrente quem nem quatro anos tem. Ataíde é um sobrinho meu de fragmentos, colagens de palavras e conceitos imprevisíveis. Já em tempos estava ele a insistir que "o cuverno não tem chão, também não tem pés". Em boa hora aproveitei tal estrutura metafórica e enfiei-a num conto. E vem anteontem o menino, enquanto observava o pôr do sol, insistir com o tio porque "o céu está no chão". Esse menino quer o quê mais afinal???? Aconselhem, faz favor.
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Foto apenas ilustrativa
Morreu o Kalú da maneira mais trágica e ao mesmo tempo digna. Soube-o agora. É neto de Chiculo, dos primeiros a ter uma moagem no Bairro da Santa-Cruz. Kalú transparecia estar orgulhoso do seu emprego, de apito à boca, estrada, caos e sol. Era agente de trânsito. Ontem, chamado a atender a um cenário de acidente na zona do Santo António, fez-se ao local para as medidas e demais perícia, protegido pelos cones e bom-senso de utentes da via. Veio depois uma carrinha à velocidade indigna e varreu o regulador de trânsito para sempre. Foi meu amigo de infância, embora eu tenha alguns anitos mais do que ele, no bairro da Santa-Cruz, onde morei até 2008. Sempre que nossos caminhos se quisessem cruzar, não fazia outra coisa senão tratar-me por Daniel Gociante Patissa!!!, seguindo-se um elegante gesto de mão à pala. Foi hoje a enterrar. Todos sabiam e foram ter com ele, menos eu que passei o dia enfiado num aeroporto. Está a doer!!!
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«O homem passou aqui há dias com um "Barack Obama" (Toyota Land Cruiser VX-V8) preto. Andou mesmo três dias sem chapa de matrícula. O carro parece que é mesmo dele. Eu acho que assim já vendeu terrenos!» (negociantes conversando na praça/mercado do Sapangele, Lobito, 29.10.12)
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No Blogue Angodebates, sua visita e comentários têm valor

De acordo com o contador da "cluster maps", só de 10 de Maio a 29 de Outubro de 2012, o blog Angodebates registou 10618 visitantes, o que dividido por cinco meses dá uma média de 2123,6 por mês, na razão 70,78666667 visitantes por dia. Valeu a pena criar o blogue em Agosto de 2006 e vale a pena a dedicação em mantê-lo. Passe por cá sempre que possa, que eu agradeço.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Hoje foi um dia memorável, acabei resolvendo (ou melhor, vendo o amigo Jose Afonso resolver por mim) uma questão complexa da minha logística. Entre contactos, bancos, vendas e pagamentos, no final tudo correu bem demais, tão bem, que a cabeça me dói... mas de satisfação. Valeu, confrade, pelo sacrifício e ajuda ao próximo! nda pandula
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Livro de escritor João Melo traduzido para o espanhol

Texto e foto: Club-k
Luanda - O livro de contos “O homem que não tira o palito da boca”, do escritor João Melo, será traduzido para o espanhol e apresentado em Fevereiro de 2013 na Feira do Livro de Havana. Esse é o quinto livro de ficção do autor, que começou por publicar poesia. O mesmo já foi publicado em Angola, pela editora Nzila, e em Portugal, pela Editorial Caminho, ambas do Grupo Leya.


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domingo, 28 de outubro de 2012

Desperto o instinto selectivo, nem sempre ataca indo atrás o bom caçador. Montada a emboscada, contam-se no pulsar ciclos vários de ansiedade e fé. E se a tão almejada presa tardar, ou nem sequer ali passar, só pode ser dela muita má fé.
Gociante Patissa
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sábado, 27 de outubro de 2012

Ando a pensar em vender meu velhito carro, com receio que se degrade na minha mão, que já lá vão três anos que andamos juntos nessa vida real. Ah, mas quem me dera pedir emprestado o repertório de uma namorada minha da adolescência, que num dia dormia Barbosa, noutro acordava Carneiro. Era feliz a rapariga, de tanto que sonhava acordada. O sobrenome dela real? Nunca cheguei a conhecer.
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Chineses ocupam terras para arrozais e contratam crianças no Kuando Kubango


Texto e foto: Voz da América, António Capalandanda, 24.10.2012, MENONGUE — No Kuando Kubango chineses desapropriam camponeses das suas terras e recrutam crianças para trabalharem em plantações de arroz.


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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Por mais liberais que sejamos, não se pode aceitar que um poster posto a circular por Luanda, possa convidar quem o pretender, a participar numa “orgia” sexual organizada por um individuo que responde pelo nome artístico de “Nagrelha”. É em absoluto inadmissível que ninguém reaja ou ponha termo a estes desmandos ilimitados, que nos empurram cada vez mais para uma miséria moral já suficientemente enraizado em alguns círculos das mais novas gerações. Haja moral! Haja bom senso! E haja o papel das instituições que existem para tal, a fim de pôr cobro a convites públicos desta natureza".

In «Novo Jornal» Edição nº 249 - 26 de Outubro de 2012
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Os músicos não se fazem nos espectáculos, fazem-se ensaiando". (Banda Maravilha, in "Hora Quente": TPA 24.10.2012)
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‎"Ó minha irmã, homem é ingrato. Quando está na sala de reanimação, é teu. Quando já está na sala normal, é vosso [com as rivais]" - zungueira conversando com a minha irmã.
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Em comunicado divulgado às 9h00 da manhã de hoje (24/10) pela estatal Rádio Benguela, a Direcção Provincial da Cultura, que tem à cabeça Cristóvão Mário Kajibanga, dá a conhecer aos interessados sobre as inscrições (e casting) para o concurso musical, “Variante 2012”, que decorrem numa das salas da Mediateca de Benguela. Os concorrentes serão acompanhados pela banda “Bismas das Acácias”.
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terça-feira, 23 de outubro de 2012

RTP contrata filha de director

A RTP contratou a realizadora Rita Fernandes, filha de Jaime Fernandes, director dos canais internacionais da empresa pública, o que deixou muitos trabalhadores do grupo indignados com o que dizem ser favorecimento à filha de um director. (Texto e foto do Correio da Manhã)

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Foto de autor desconhecido
Noto no meu papel de gestor de Blogue que as palavras-chave mais pesquisadas nas últimas 24 horas são: "esposa do dr dumilde rangel", "imagens da da esposa do dr dumilde rangel". Porque será? A última matéria que lá publiquei sobre aquele antigo governador de Benguela data de 2008 (http://angodebates.blogspot.com/2008/10/benguela-aps-dcada-e-meia-dumilde.html)
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Exercitando lógica formal na escola da vida (silogismo de quem perde)

SE as crianças e os loucos são inimputáveis; ORA, e as crianças da vizinhança provocaram um louco, escudando-se na viatura estacionada ao portão de casa, levando o louco a arremessar pedradas em retaliação, de que resultou a quebra de um vidro; LOGO, sobram para o dono da viatura as despesas.
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Irrita-me profundamente que me mintam, as mulheres, os pedreiros, os canalizadores, os mecânicos, os políticos, as crianças!!!
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"Roubei algo e rádio Simba. Mas aquilo eram meios da minha casa. Não sei por que é que estou aqui". (jovem detido numa esquadra policial, In «Ecos e Factos»: TPA 22/10/12)
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Em nossa casa, crescemos com a possibilidade de se ter quarto privativo (mais ou menos) desde cedo. Mas recordo que mesmo já em finais da adolescência, quando eu adoecesse, ela me levava a dormir no seu quarto. "Houve sempre uma mão/ houve sempre uma mãe".
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domingo, 21 de outubro de 2012

É o meu político preferido, de tanta comédia que empresta ao ramo em Angola, Dr. Carlos Contreiras
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

No jornalismo, correr atrás das fontes é pior do que numa maratona
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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Gosto muito - corrijo, não gosto, adooro - dessa tendência cá em Angola, a de se ter um discurso para o microfone, automaticamente favorável e quase sempre sem carecer de fundamentar o apoio (à opção? ou condição?), e entretanto ter-se outro para espaços mais restritos, quando o assunto é a homossexualidade. Em tempos o amigo António Quino escreveu uma crónica sobre o assunto. De repente somos todos a favor e sem preconceitos, quando é de longe; já quando alguém se manifesta gay no seio da família, o quadro por vezes é bem diferente. Muito linda essa coisa de andarmos aos discursos conforme a moda.
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"Fisioeconomia" (Cartoon Jornal de Angola)

Título do Angodebates
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

?

É pelo menos o q me pareceu quando ouvi no Telejornal desta noite que, doravante, quem tiver o seu dinheiro a render no banco passará a ser descontado de impostos 10%. Muito generoso!
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Equilíbrio? Para quê?

Exportando o efémero estrelato mediático que estamos com ele...
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Coabitação


Na zona do Gama, entre Catumbela e Benguela, uma palmeira e uma borracheira partilham o mesmo caule, proporcionando enxertia longe da mão humana. Uma vez mais, trata-se de foto cedida por António Ferreira
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Podemos considerar o jornalismo generalista como sendo algo a ficar ultrapassado brevemente. Temos a rádio Ecclesia da igreja Católica, a Kairós da igreja Metodista, a Rádio Nacional, com pendor acentuado para informação institucional no Canal A, desporto na Rádio 5, línguas nacionais na Ngola Yetu, muita música na FM stério. A nível da televisão, o canal 2 é sem dúvidas uma marca a ter em conta na divulgação de "ambientes", farras, danças e, no que não se lhe pode dizer que não lidere, uma quase apologia da mediocridade. Leitura? Bem, temos uns 5 minutos por semana.

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ensaio: Oratura - «Sulunla» e o carácter sociopolítico de uma canção


«Sulunla» é título de um tema do cancioneiro do grupo etnolinguístico ovimbundu, que se pode dizer que ganhou mais visibilidade com a roupagem no estilo sungura dada por Bessa Teixeira, natural do Huambo. Não deixa de ser bela a versão mais branda do benguelense Fedy (autor de «Kalupeteka»), mas é em Bessa que se evidencia, no ritmo dançante e no espírito, uma maior proximidade à essência.

Com Bessa Teixeira, o tema foi tão-somente a joia da primeira edição do álbum (colecção nascida na pirataria) «Sucessos do Huambo», em 2003. Naquele mesmo ano, foi o segundo mais votado do Top dos Mais Queridos, concurso anual da Rádio Nacional de Angola, edição ganha por Patrícia Faria, a ex-integrante do grupo «As Gingas», conhecida por alguns êxitos do seu disco de estreia, nomeadamente, «Pacheco» e «Caroço Quente».

«Sulunla», daqueles temas bem metafísicos, chegou a ser receita obrigatória em quase tudo o que fosse farra por esta Angola, não importando o desconhecimento da letra – e é aqui que reside o motivo destas linhas. Há uma conjugação bem elaborada entre a voz (projectada um pouco acima do habitual) e o ritmo quente – aqui aliás a vantagem. É um trecho relativamente curto, talvez seja por isso que «sulunla» surge sempre encaixado em rapsódia. Assim o fez Bessa Teixiera, assim o fez Fedy.

Eis o extrato e respectiva tradução livre: «Ukãi wasoma ka la wala onanga/ Etali wayiwala/ Ukãi wasoma ka la wala onanga/ Etali wayiwala (…) Sulunla, osõi ku kwete la nãwã/ Ndilisunlunla?/ Sulunla, osõi ku kwete la nãwã!» (A mulher do Soba nunca foi de usar panos/ E hoje está a usar/ A mulher do Soba nunca foi de usar panos/ E hoje está a usar/ Devo despir?/ Tira lá isso, que devias ter vergonha perante os cunhados!/ Devo despir?/ Tira lá isso, que devias ter vergonha perante os cunhados!)

Em se tratando de um tema satírico sobre a figura do «osoma» ou «soma» (rei), que teria dado origem à corruptela «Soba», torna-se relevante levantar alguns aspectos de ordem antropológica e sociológica, para uma melhor compreensão do papel das canções interventivas. Seria uma canção nascida «pesenje» (na pedra), «poloñoma» (nas batucadas), ou no «ocipata» (o quarto do velório)? Entre os ovimbundu, pelo menos falando dos de Benguela para não perdemos o foco, existem estes três cenários para punição comunitária de condutas e defeitos por via da canção, não havendo por vezes, digamos assim, a noção ocidental de vida privada.

Assim, temos: (a) «na pedra», onde as mulheres passam o dia transformando bagos de milho em fuba com ajuda de «upi», triturador de madeira acotovelado, que marca o compasso ao coral improvisado e quase perfeito; (b) ao contrário da pedra, que é marcadamente uma arena feminina, no batuque oñoma», em Umbundu) é inquestionável a superioridade masculina em torno da figura mítica «ocinganji» (também chamada de palhaço), para quem se toca o melhor possível do ritmo dos tambores, não havendo cuidados quanto ao uso da linguagem. Um outro cenário é (c) no «ocipata», o quarto em que estiver assentado o cadáver antes do funeral, o qual depois se transforma em palco de machos e umas poucas mulheres, até o varrer de cinzas. Nesse ritual, também não há temperos na linguagem, daí o acesso restrito.

Considerando que a educação tradicional desencoraja a mulher de verbalizar abertamente a sexualidade e/ou afronta às autoridades, e ainda porque não há como planificar as actuações no «ocipata», uma vez dependerem da ocorrência de mortes, tomamos como válida a tese do velho PATISSA, Manuel (1916- 2008), segundo a qual «sulunla» – cujo significado é «despe-te» – encaixa-se no repertório do «ocinganji». No entender da nossa fonte, a origem da canção reside num repúdio à corrupção das autoridades tradicionais africanas, aquando da invasão do regime colonialista português.

É em Arjago que encontramos evidência ainda mais precisa:

“A partir da década de 40 assistimos a institucionalização de regedorias por todo o país com uniformes brancos e bandeiras erguidas nas suas residências. Para tal era preciso pactuar com o regime colonial. Perante a situação, os Sobas dividiram-se: uns a favor, outros contra o colonialismo, dependentemente das capacidades que tinham de resistir ou de sobreviver. Os Regedores reconhecidos pelo regime colonial passam a ordenado de 1.500$00, o suficiente para comprar 3 cabeças de gado por mês e vestir todas as esposas” (Arjago 2002, p.60).

Concluindo, diríamos que não obstante a euforia que o tema hoje transmite, «Sulunla» nasceu da mágoa social e é indicador da perda de legitimidade que grassou entre as autoridades africanas. Naquele contexto, a ostentação de vestes ocidentais pela mulher do Soba, a par de desvio de identidade, foi considerada um acto de corrupção material.

Gociante Patissa, Benguela 13 de Setembro de 2012

Bibliografia

 Arjago. (2002). Os Sobas - Apontamentos étno-histórico sobre os ovimbundu de Benguela. Benguela: edição do autor.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Catumbela com que me identifico, a comuna, onde estudei da 5ª à 8ª classes, tem dois homens que há por aí dois anos não passam despercebidos. É uma sensação complexa cruzar com eles e voltar a perceber o que resta destes meus ex-colegas, seus sonhos e aspirações, na sua condição de seres tomados irremediavelmente por doença mental. Um é o "maluco Tony", que passa o tempo encostado à ponte sobre o rio Catumbela, mais concretamente no sentido Lobito-Benguela. O Outro é o "maluco Tchitandula", que circula entre a estação e o cemitério. Tony Borges foi meu colega da 6ª classe (1993), colega do curso de pedreiro de construção civil (1997), colega no estaleiro da Sonamet (1998-2000). Tchitandula, técnico médio de agronomia, foi colega no sector das ONG's, eu pela AJS e ele pela ODLAC (1999-2002). Depois tornou-se funcionário da empresa Angocan, com quem passei a lidar como cliente do cybercafé do 1º Andar do Mercado Municipal do Lobito (2003-2004). Continuo a acreditar que um dia tudo passa.
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Diz-me, a sorrir, uma amiga minha que a vida de estudante-trabalhador é dura. Nem me digas, respondo e correspondo. É dura. E olha que eu estudo e trabalho desde os 15 anos de idade. É obra. ao longo desses anos, ja me desempregaram, já abandonei empregos em busca de algo melhor, já fui patrão, enfim... por isso o estudo anda lento rsrsrs
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domingo, 14 de outubro de 2012

"Balear o presidente... por engano", deve dar um bom título de romance de ficção. Contrariamente, é algo bem da vida real. Na Mauritânia é pelo menos a versão oficial para os dois tiros que ontem quase mataram o presidente, Mohamed Ould Abdel Aziz, ainda por cima, continua a versão oficial, por uma parte do exército de apoio ao PR.
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Debate: A cidadania como acto de exigir para o bem de todos

A onda de protestos dos cidadãos em Luanda, justa, claro, pela falha de água e energia eléctrica em um mês, levanta uma dúvida sociológica: (Q1) Por que será que dói tanto? É que há pontos do país que fazem de tal crise nos serviços sociais básicos o seu dia-a-dia. Soube que no Moxico (Luena), por exemplo, não corre água com regularidade, quando até o rio passa a pouco menos de 6 km da cidade. (Q2) Como aproveitar esse exemplo de participação dos cidadãos na gestão da sua cidade para repercutir o país no seu todo? Vamos ao debate.
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sábado, 13 de outubro de 2012

Tendo em conta as recorrências com que jovens com vontade de publicar seus projectos de livro me vêm solicitando dicas, partilho aqui o que me parecem ser quatro cenários usuais em Angola: 1) Arriscar, submetendo à avaliação de uma editora na esperança de que esta publique com meios próprios; 2) Angariar patrocínio para "convencer" a editora; 3) Angariar patrocínio para ir directamente à gráfica ou tipografia, a chamada auto-edição; 4) Arriscar, submetendo o texto a concursos literários na esperança de vencer e ver o material publicado. Pessoalmente, prefiro a opção nº 1, mas também já publiquei pela opção nº 2. Outro segredo não tenho. Um abraço do Gociante Patissa
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Preparando-me já para eventuais "julgamentos" pelo conteúdo dos livros futuros, partilho:

"Alguns críticos usam 'eu-lírico', sujeito-poético, sujeito-lírico, eu-poético, mas todos se referem ao suposto sujeito que está no poema. Mas nunca confundir com a pessoa real, ou seja, o eu-poético ali é uma representação, uma 'persona'. Ex.: um poema que fala de tristeza não significa que quem escreveu estava triste no dia, mas o sujeito-poético, o eu-lírico, sim".
In http://wagnercarvalholinguaportuguesa.blogspot.pt/2010/06/qual-diferenca-entre-onde-aonde-e-donde.html
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Não foi (ainda) desta

Formado pela escola de Futebol Norberto de Castro,
em Luanda, o rapaz tem vindo a conquistar o futebol brasileiro
com belas exibições e golos. A mesma sorte não lhe tem
acompanhado quando se trata de actuar nos Palancas
Negras, nome oficial da selecção angolana de futebol
Se aceita deixar seu clube brasileiro para atender à convocatória para a selecção do seu país, é dispensado. Se não vier, por saber de antemão que não entrará nas opções do treinador, é punido. Moral da história: é duro ser-se o menino Geraldo (foto de autor desconhecido).


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EKWIKWI, qual o significado deste nome?


1º Alcunha de bravura, de majestade. "Ekwikwi elangala ngombe, cipuka ka liwa lonjila" - sou apenas um bicho mas que não é possível ser comido por qualquer pássaro; 2º nome de uma avezinha rapace q nos bosques arranca as penas de outras aves para fazer seu ninho. Por isso, quando pia, todas as outras aves calam-se e fogem o seu piar assemelha-se à seguinte nomatopeia: kwi-kwi-kwi-kwi. No Ndulu, o mesmo género de ave é conhecido por ohombwa-akoka- cabrito q puxa tudo para si. Analogicamente, os chefes adoptam este nome p significar o seu poder, o seu domínio sobre outros.

página 43-44
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Embaixador da França espanca guarda, por não ter ligado o gerador


Texto e foto: Club-k -  O embaixador da França em Angola, Philippe Garnie, esbofeteou um guarda na noite do dia 7 de Outubro, na sua residência, algures no Miramar, nas imediações da embaixada dos Estados Unidos da América. Manuel João, da Emtegriti, uma empresa de segurança, foi agredido quando aquela zona de Luanda (Miramar) registou um corte de energia, deixando a residência do embaixador Philippe Garnie às escuras.
Fonte: Angolense
O diplomata, na eventualidade de tirar satisfações junto do protector, não teve meias medidas recorrendo a violência contra Manuel João, pelo simples facto do agredido não ter ligado de imediato o gerador logo que se registou o “apagão” da EDEL.
O “filme ao vivo e a cores” daquele diplomata foi presenciado pelos seguranças e polícias que protegem os objectivos estratégicos da embaixada dos Estados Unidos da Américo em Angola, que segundo apurou este jornal, reprovaram a atitude do embaixador.
Manuel João, de acordo com as nossas fontes, não reagiu deixando que o diplomata o esbofeteasse feito uma criança. “Ele foi apenas mandado para reforçar este posto naquele dia, ele mal conhece a casa, daí que talvez terá tido dificuldade, mas nada justifica o comportamento do embaixador”, disse um guarda que não quis identificar-se.
A agressão a Manuel João levanta o velho problema das peripécias porque passam os guardas, ou seja, fazem tudo e mais alguma coisa, desde fazer compras, levar a diplomática do chefe, lavar o carro e outros, que nada têm a ver com o desempenho das suas funções.
Embaixada nega tudo
Por sua vez, Maya Murillo, Segunda  Conselheira da Embaixada da França em Angola, negou a acusação. Em resposta a um email enviado por este jornal a respeito, a mesma disse nada saber na medida em que a informação não corresponde a verdade. “Obrigado por cruzar esta informação, que não corresponde a verdade”, disse, assegurando que “nós não temos conhecimento de qualquer agressão".
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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Às vezes penso que já ouvi tudo sobre as intrigas, revanche, ódio, e demais aspectos nos bastidores da classe jornalística angolana (incluindo uns com dupla nacionalidade ango-tuga) enquanto seres sociais... Outras vezes, porém, pelo que se nos dá a ler, ver e ouvir, chega-se à percepção que é uma classe de imensos podres e desinteligências (com princípio, meio e fim longe da vista).
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ONDAS SÚBITAS


Calcorreando pelos bairros
Meus pés exaustos ancoraram 
Às sombras de casuarinas sem jarros 
Junto das quais ondas explodiam

Ali chegadas, as ondas espoucavam 
E no rebentar das águas cristalinas
O mar cantava minhas sinas 
Enquanto meus olhos enxergavam

E eu que por ali passeava
Sem caneta…
Nem papel, apenas com meta…
Nadava nos versos daquela onda

Com a estupefacção já solta 
Meus olhos se inundavam 
E no ondular da maré alta 
Meus sonhos desatados se reerguiam 

Na sedução do Relógio-de-Sol 
Benguelenses de todas as idades
E vontades deitavam alegrias
Sobre ondas resplandecentes como girassol 

Quando não as olhava mais
As ondas se ausentavam de mim
E explodiam no cais 
Levando prazeres e dores ao fim

Quando abri-as…
Desvendei que elas traziam 
O belo cantar das sereias
E este poema que as acácias queriam…

04/02/2010
ESCRITO EM BENGUELA... POETA "REI MANDONGUE I"
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terça-feira, 9 de outubro de 2012

É estranho esse ano não ser transmitida em directo, nem pela rádio nem pela televisão, a gala do Prémio Maboque de Jornalismo, que vai na sua 19ª edição. Ainda no princípio da noite, ouvi alguém dizer via rádio que haveria tal dupla transmissão, à semelhança de edições anteriores.
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Conforme recebido por e-mail encaminhado (autor desconhecido): Albert Einstein dixit:

- "Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. O mundo terá uma geração de idiotas." (Albert Einstein)
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Embaixador angolano inaugura escola de línguas nacionais em Lausanne

Embaixador de Angola na Confederação Helvética, Osvaldo VarelaTexto e foto: Angop 

Genebra - O embaixador de Angola na Confederação Helvética, Osvaldo Varela, inaugurou sábado, em Lausanne, Cantão de Vaud, uma escola comunitária para o ensino das línguas Kikongo, Kimbundo e Português.

Uma iniciativa da Igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Tocoista), a criação da escola visa promover as línguas e cultura nacionais no seio da comunidade de emigrantes angolanos residentes na Suíça.

Na ocasião, a embaixada ofereceu material didáctico necessário para a concretização do projecto social que resulta de uma parceria entre a Missão Diplomática e a representação das igrejas Tocoísta na Suíça e evangélica de Lausanne, e que tem também por finalidade preservar a identidade cultural dos angolanos na diáspora. O acto de inauguração da escola composta por duas salas de aulas e bibliografia diversa foi assistido por dezenas de cidadãos interessados em colaborar no projecto.
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OS CAMINHOS DO MEU TIO (crónica publicada pela "Revista Tranquilidade" do Comando Geral da Polícia Nacional, pág. 81, Out-Dez 2012)

http://issuu.com/jorgelemos/docs/tranquilidade_xiii_site?mode=window&pageNumber=1
Diz-se que a terra é de quem produz, ou constrói. Diz-se que ao cabo de dois anos sem acção, legitima-se a ganhar outro ocupante. Se li a lei? a resposta é não. Já sei que, na febre dos terrenos, não se tem em presença a lei como tal. Por exemplo, alguém estava a assenhorar-se aos poucos de alguns metros de meu tio num subúrbio de Benguela. O mote é o de sempre, presumo: onde anda o (alegado) dono, que nada fez?

Num conto que escrevi há anos, dizia que de um político, como de um missionário, a família só tinha controlo sobre a data e lugar de nascimento; o resto de suas vidas eram os caminhos a decidir. Hoje, acrescento mais um nesta lista, o meu tio que é polícia.

Chamo «tio» só já porque estou a pensar em português. No sentir e falar como a tradição manda, o título é pai mesmo, como qualquer outro irmão ou primo do nosso progenitor. Esse tio responde no serviço pelo nome de registo, que não é para aqui chamado. Na família, é pai Njamba (elefante, em Umbundu, nome dado ao primeiro que nasce entre gémeos). Na minha cabeça, honestamente falando, devia chamar-se distância. É na verdade aquilo que mais imediatamente se associa à sua existência.

Pouco depois de 1992, o tio estava a adaptar-se ao peso dos passadores e, sobretudo, ao regresso à casa, vindo do curso em Espanha. Quer dizer, ele até que começava bem, encaixava a vida social nos eixos, para logo ser transferido. Luanda com ele!

Casa própria, que não chegou a ter cá, tinha-a em Luanda. Fui lá almoçar em 2003. Para mim que estive hospedado junto ao Largo da Independência, Porto Pesqueiro parecia distante, mas o bairro lá tinha suas vantagens. Nunca se está longe quando se é vizinho do intenso mercado Roque Santeiro! O tio chegaria a investir numa pequena farmácia. E lá a vivência: durante a semana, o trabalho e a escola; no fim-de-semana, a igreja. Carrito pessoal para circular, até chegar com a promoção a transferência. Huila com ele!

Maio de 2009. Estava eu de volta ao Lubango. Ia lançar o meu poemário de estreia, “Consulado do Vazio”. A própria viagem conheceu solavancos, mas teve de acontecer, ou não tivesse já consumido quinze dos trinta dias de férias. Hospedei-me em casa do segundo comandante da Polícia de Intervenção Rápida. Sim, o tio tinha já plantado casa própria, num bairro próximo do bom respirar, entretanto longe das decisões.

E acabei alterando a rotina: às manhãs, um agente motorista levava o chefe ao serviço, ao som de hinos cristãos. A seguir, calculando já ter ocorrido o mata-bicho, vinha-me pegar para o centro da cidade. No leitor do carro, ainda os louvores. Depois, jantar, telejornal e desporto. Não raras vezes, o tio adormecia no cadeirão da sala. Lia-se-lhe no rosto o cansaço dos homens da ordem, por ainda andarem à solta “Mil Homens”, um grupo de criminosos que operavam entre o Cristo Rei e a Nossa Senhora do Monte.

Prometi voltar com outro livro, mas faltou tempo para o fazer em 2010. E a projectar o ano que vem, soube que o tio foi posto, de novo, a caminho. Kuando Kubango com ele!

Os caminhos do meu tio? São os que a pátria quiser, a missão. Mas tem que manter aquele terreno de Benguela intacto, nem que seja pelo simbolismo de suas secundinas.

Gociante Patissa, Benguela Setembro 2012
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