Texto e foto: Voz da América, António Capalandanda,
24.10.2012, MENONGUE — No Kuando Kubango chineses desapropriam
camponeses das suas terras e recrutam crianças para trabalharem em plantações
de arroz.
A comuna do Longa, com fortes potencialidades no sector agropecuário, passou a constar do leque de regiões no país onde nos últimos tempos muitos investidores chineses procuram terras para desenvolverem a cultura de arroz.
Um soba da Aldeia Tchingondola, situada na margem direita do rio Longa, disse à
Voz da América que os chineses usurparam à força cerca 15 mil hectares que é
por direito da população local como herança dos seus antepassados.
A área agora ocupada pelos chineses dista a 90 quilómetros da cidade de
Menongue, e é boa para agricultura de subsistência que serve de alternativa à
agricultura de sequeiro. Agricultura de sequeiro é uma técnica agrícola para
cultivar terrenos onde a chuva é diminuta.
Aquele líder tradicional disse à VOA que a população local ficou sem suas
extensões de terras onde leva a cabo agricultura de regadio na época do
cacimbo. Os camponeses perderam terreno que garante o pasto a milhares de
cabeças de gado e foram destruídas todas as suas culturas para dar lugar ao
desenvolvimento da cultura de arroz.
“Tinha os mais velhos que cultivaram arroz, batata-doce e rena, lhes tiraram
tudo. Não têm outros terrenos e nem para o pasto dos bois”, relata o soba.
Conta, ainda, que os chineses não negociaram com as autoridades tradicionais
locais e nem informaram que tipo de projecto pretendiam implementar na
comunidade, dizendo apenas, segundo ele, que tinham recebido os terrenos de
José Eduardo dos Santos. Os chines proibiram a população de usar aquelas
terras, ameaçado matar a tiro quem insistisse.
Segundo ainda este líder tradicional, há um ano os chineses começaram a
recrutar crianças para trabalharem nas plantações de arroz. Estas crianças com
idades entre os 14 aos 17 anos são filhos de camponeses que perderam as suas
terras.
Os empregados trabalham em turnos, uns durante o dia e outros no período da
noite. Têm uma carga horária de 10 horas diárias e recebem mensalmente cerca de
90 dólares, contra os 150 do ordenado medio na agricultura.
“Eles trabalham toda hora, dia e noite, não tem domingo e nem sábado para a
pessoa poder descansar, não lhes dão comida, apenas recebem cigarros” lamentou
o soba
Referiu ainda que, que o arroz que se produz é exportado para China e
perspectiva uma crise alimentar na região alegando que as pessoas perderam as
suas terras que serviam de suporte alimentar da população local.
A autoridade tradicional disse ter informações de que há chineses que agora se
encontram em Angola a trabalhar foram presos e condenados na China e agora
estão cumprir pena em Angola. “Todos aqueles que estavam nas cadeias é que
vieram trabalhar na nossa terra,” afirmou este líder tradicional em conversa
com a VOA.
http://www.voaportugues.com/content/article/1532381.html
http://www.voaportugues.com/content/article/1532381.html
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E ainda teremos de os aturar por mais décadas. E aqui recorrendo à palavras de Manuel Vicente certa vez, "não foi para isso que conquistamos a independência"
Repito: não é o angolano comum quem estimula a xenofobia
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