terça-feira, 23 de abril de 2024

Fragmentos da AJS: A NOSSA ONG RESUMIA-SE A DUAS PASTAS DE ARQUIVO

Com essa é que não contava, confesso! Acabo de receber uma daquelas fotos que narram histórias,
certamente em horário de pausa sem almoço ali pela Praia Morena, junto ao Palácio do Governador. 

Carregávamos os documentos e as correspondências originais diariamente a tiracolo na expectativa de provar que existíamos legalmente e podíamos mudar o mundo. Contada hoje seria uma cena caricata, mas foi assim que aconteceu há quase uns 25 anos que nos são recordados pelo arquivo fotográfico há pouco recebido do amigo David Pessela Cutomboca. Não sei dizer de memória se por ele captada ou se pelo Edmundo da Costa Francisco, uma amizade que se prolongara dos anos do terceiro nível nos Bambús e nessa altura cooptado para vice-presidente da ONG que havíamos acabado de criar e que lutava para angariar financiamentos. Muito mais urgente ainda, um espaço que se pudesse chamar sede, visto que logisticamente falando funcionava-se no anexo de quarto e sala de adobes e chão não cimentado, de um dos membros, algures pelo subúrbio do Lobito. 

Dois jovens imberbes assumiam a missão de representar o colectivo de membros, pouco mais de 15, nas andanças de algum modo arrojadas a bater portas de ONG's e agências internacionais, já em posse da escritura notarial, do recorte de publicação no Jornal de Angola e Declarações de validação intersectoriais emitidas pelos Departamentos Provinciais das áreas relacionadas com a intervenção sonhada, nomeadamente Saúde, Educação, Desporto, Justiça. 

A parte caricata é que andávamos debaixo para cima com duas pastas de arquivo carregando toda a papelada, uma amarela (a que tenho no colo) e outra azul, se bem me lembro, recolhidas ao caixote e lixo do estaleiro da Sonamet industrial, ainda durante os últimos meses em que lá trabalhei como ajudante e soldador, uma experiência profissional que permitiu conhecer o Jacinto "Lito", Presidente da APDC (Associação de Promoção de Desenvolvimento Comunitário) de quem receberíamos um exemplar da Lei das Associações em que nos guiámos para legalizar a AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, uma ideia que nos surgiu em 1999 e cujos estatutos foram digitalizados pela tia Helena Francisco, da área administrativa da ENE e a mãe do Edmundo. 

No início de 2000, levaríamos um guião de teatro à consideração do Líder da Okutiuka-Apav, José António Martins Patrocínio, o cabeçudo Zetó, o qual nos convidaria a assistir a um workshop sobre elaboração de projectos. Foi esta parceria mais a nossa vontade de nos reinventarmos e de respeitar as pessoas que nos permitiram crescer como homens e como servos das comunidades, a começar pela pertença à Rede Municipal da Criança de Rua do Lobito. Apanhamos sol, andamos centenas de quilómetros a pé, muitas vezes nem condições para almoçar tínhamos entre a maratona de reuniões. 

Das engraçadas promessas de patrocínio, recorde-se a do responsável de uma empresa de telefonia a quem endereçamos uma carta a solicitar cedência de um pequeno espaço para acolher a nossa sede. Ao fim de vários meses a prometer e também a nos fintar, viria a converter a ajuda em um pequeno valor monetário com o qual encomendaríamos o primeiro carimbo de borracha. Também tivemos uma breve passagem pela ADAMA-Associação dos Defensores e Amigos do Ambiente, já no centro da cidade. 

Em 2001, finalmente e com intervenção do Bungo Casseque, conseguiríamos arrendar escritórios no Bairro Santa Cruz, tendo na segunda linha da frente como guarda-alma o Cesar Menha e o Malaquias Fernando. No dia 22 de Novembro de 2002 conseguíamos adquirir o nosso primeiro computador de mesa, com drive gravadora de CD e tudo. O primeiro financiamento sem ser sob a pala da Okutiuka/Projecto Omunga chegaria salvo erro em 2002 via Oxfam na linha de promoção da saúde pública. Para trás ficam memórias de uma juventude investida em criar oportunidades de aprender-fazendo. 

Em Dezembro deste ano a ONG chega ao 25.º aniversário, naturalmente com o contributo de várias gerações e alguma estoicidade dos membros e voluntários que souberam manter a navegação até nos momentos mais turbulentos da confraria.
AJS - Humildade, Justiça e Solidariedade
Daniel Gociante Patissa, Lisboa 23 Abril 2024
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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Um voo de ida que já dura cinco anos

 Há 5 anos, num dia precisamente como hoje, o meu sósia na imagem (benguelense congénito sonhador de jornalista mas que se viu

raptado pelo mercado de trabalho ainda aos 14 anos de idade em 1993 como ajudante de fotógrafo) fechava um ciclo profissional de 12 anos de serviço de terra na aviação civil para "fazer as pazes" com a comunicação a tempo integral na Vertente Institucional e Relações Públicas (na aldeia global capital de fatos e gravatas chamada Luanda). Pelo meio estão outros 25 anos dedicados ao sector da ONG's, que se iniciam em 1999 com a co-fundação da AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, passando pela Handicap International e pontualmente pela Save The Chilren e NDI, sem deixar de parte outros 2 anos como ajudante e soldador, entre 1998-2000 no estaleiro da  (fabricação de estruturas metálicas para a indústria petrolífera). Já pode vir a aposentadoria, 31 anos a "aturar" patrões é muito 😃😃😃

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quinta-feira, 11 de abril de 2024

terça-feira, 9 de abril de 2024

Núcleo de Artistas Angolanos em Portugal elege Órgão sociais

Neste domingo, 07 de Abril, foram eleitos e empossados os órgãos sociais do Núcleo de Artistas  Angolanos em Portugal (NAAP), que tem de nome de registo Associação PalancaOásis, da qual faço parte como membro. Encabeçada pelo jornalista/escritor Vladmir Prata, a agremiação surgiu/legalizou-se este ano (2024) para congregar e promover os interesses e trabalho de talentos residentes ou com actividade na diáspora. Tem sede em Queluz de Baixo, Lisboa, concretamente no atelier do pintor e fotógrafo Lino Damião, juntando nas suas "fileiras" músicos, actores, escritores, artistas plásticos, dançarinos, entre outras modalidades culturais (crédito das fotos: NAAP).



 

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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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