quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

APÓS 21 ANOS, UNIÃOS DOS ESRITORES ANGOLANOS REEDITA GAZETA LAVRA & OFICINA

A União Dos Escritores Angolanos (UEA) faz saber aos amantes da cultura e ao público leitor em geral que a Gazeta Lavra & Oficina volta a circular, estando previsto o seu lançamento para esta


semana, em edição especial inserida nas comemorações dos 45 anos de existência da mais antiga Associação cultural do país, fundada a 10 de Dezembro de 1975 e que teve como primeiro Presidente da Mesa da Assembleia o político e médico António Agostinho Neto.

O regresso da Gazeta Lavra & Oficina, o veículo de informação Artes e letras da UEA, de distribuição gratuita, vem colmatar um vazio que prevalecia desde 1999, altura em que foi suspensa a sua produção por conta das limitações financeiras que se viviam.
Mais esclarece a UEA que apesar de a situação financeira que a agremiação vive actualmente não ser das melhores, conta com o recurso às tecnologias de informação e comunicação, pelo que numa primeira fase a Gazeta Lavra & Oficina vai circular no formato eletrónico (PDF), enquanto se mobilizam apoios para custear a sua impressão. Terá uma periodicidade bimestral.
Esta primeira edição da terceira série da Gazeta Lavra & Oficina tem como tema «incertezas e resiliência», por influência do contexto desafiador que há um ano assola a humanidade. É um tributo à palavra e à memória enquanto tradutores de sentimentos, aspirações e herança, prestando também uma singela homenagem a quatro poetas falecidos nos dois últimos anos, designadamente António Panguila, Frederico Ningi, Jimy Rufino e António Gonçalves.
Com mais de 30 páginas, a edição especial da Gazeta Lavra & Oficina traz depoimentos exclusivos de escritores e intelectuais com papel activo no processo de afirmação do País cultural, não abdicando da tradição de canal de intercâmbio entre consagrados e novos valores.
Criada na década de 1970 (do século vinte) no calor do surgimento da União dos Escritores Angolanos, a Gazeta Lavra & Oficina teve como precursores os escritores e jornalistas David Mestre, Carlos Everdosa, Ruy Duarte de Carvalho, Antônio Jacinto e Luandino Vieira, sendo o seu último Editor o escritor e ensaísta Luis Kandjimbo.
Em nome dos membros e da equipa da Gazeta Lavra & Oficina, venho por este meio formular votos de continuação de boa quadra festiva e um 2021 próspero.
Luanda, 28 de Dezembro de 2020
__________________
David Capelenguela
Secretário-Geral
Share:

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Ensaio | SITUANDO PATISSA, UM SIGNO DE RESILIÊNCIA NA LITERATURA ANGOLANA

Fernando Tchacupomba (*)


 

Gociante Patissa faz parte de uma nova geração de escritores cujas preocupações sociais e estéticas demarcam-se daquelas que foram invocadas pela geração de 40 , chamada também de Mensagem, ou ainda a geração de 80 , apelidada por Kandjimbo como a geração das Incertezas. 

 

Se  analisarmos a sua geração do ponto de vista da periodização da nossa literatura, podemos catalogá-la numa fase que se caracteriza pela procura da consolidação do fenómeno literário em Angola, este decerto parece-me a tarefa árdua, mas também a responsabilidade principal  desta mais novíssima elite cultural e moderna de intelectuais angolanos, é a geração do pós 4 de Abril que transporta na sua escrita a realidade sócio-histórico-cultural que vive ou viveu a sociedade Angolana, propondo uma leitura do quotidiano partilhado com o leitor.  Nesta perspectiva, a abordagem de Patissa e da sua geração diferencia-se daquelas abordadas por escritores doutras gerações. Compreendendo a Geração de Patissa. 

 

Chamamos de Geração Pós-Conflito aquela composta por novos intelectuais ou escritores que se lançaram no mundo da escrita entre o limiar da guerra civil e o logo após a guerra. Esta geração goza do privilégio de viver este dois momentos da sociedade angolana, isto é, a guerra e a paz. E como o escritor,  seja qual for a geração, tem o compromisso com a verdade, então esta  retrata a realidade social angolana através de engenhos artísticos e estéticos que se demarcam de outras como afirmámos acima. Dentre as várias preocupações sociais abordadas por esta geração destacamos as seguintes: A guerra e as suas principais consequências, as desigualdade social, a sorrupção, o resgate dos valores morais e culturais, a burocracia e a alienação.

 

São estas peripécias que vive esta geração e surge como uma inconformação através dos seus escritos, por isso, sugerimos compreender o nosso autor não longe desta realidade social que o circunda.

 

Patissa e Obra

 

É um escritor benguelense que tem vindo a tomar grandes passos na instituição literária angolana. Caracterizamo-lo como uma figura resiliente na medida que apesar de estar a viver-se em Angola uma grande crise do Livro ou até mesmo na literatura angolana devido o pouco apoio neste sector e também da falta de leitores, tem vindo a publicar e a ganhar leitores. 

 

Tem contribuindo grandemente como incentivo de vários jovens que pretendam mergulhar neste mare Magnum que é a literatura, criando um espaço de oficina literária no seu blogs, por exemplo. Tem tido um papel fulcral na divulgação da cultura e língua umbundu, um aspecto muito visível na sua obra.  

 

Patissa lançou-se precisamente no mundo literário com uma obra poética Consulado do Vazio . Se considerarmos este ano como o seu nascimento enquanto artista das letras, podemos considerar que tenha mais de 10 anos de escritor e durante este percurso publicou cerca de 8 obras e nestas verificamos um certo equilíbrio na forma de pintar os textos, isto é, publicou tanto contos como poesia. Além das obras também participou em várias antologias nacionais e internacionais. Abaixo a sequência de obras publicadas: 

 

Consulado do Vazio (poesia), KAT editora. Benguela, Angola, 2008. 

. A Última Ouvinte ( contos), União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola, 2010. 

. Não tem Pernas o Tempo (novela), União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola, 2013. 

. Guardanapo de Papel (poesia), Nós Somos. Vila Nova de Cerveira, Portugal, 2014. . Fátussengóla, O Homem do Rádio que Espalhava Dúvidas (contos). GRECIMA. Programa Ler Angola. Luanda, Angola, 2014. 

. O Apito que não se Ouviu (crónicas). União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola, 2015. 

. Almas de Porcelana (poesia resumida). Editora Penalux. São Paulo, Brasil, 2016. 

. O Homem Que Plantava Aves (contos). Editora Penalux. São Paulo, Brasil, 2017.  

. Um olhar a obra a Última Ouvinte . 

 

O conto A Última Ouvinte – União dos Escritores Angolanos, 2010 - dá nome ao segundo livro de Patissa. Como uma questão de preferência, vamos comentar apenas esta narrativa. Numa linguagem com pouca influência do coloquial, Patissa traz-nos para reflexão a figura Caçule que representa boa parte dos jovens da década de 90. O nome Caçule, recebe-o a partir dos 9 anos  quando entra no exército da FAPLA. 

 

Uma prática muito frequente na sociedade daquela altura, fazendo com que muitos jovens adiassemos seus sonhos para ir a guerra. Ademais, denuncia igualmente questões ligadas a corrupção e o suborno. Tudo isto demonstra um certo inconformismo ante a estas situações e que este conto acaba por ser uma intervenção. Há durante a narração uma frequente a corrência aos provérbios da língua Umbundu  e, como já afirmámos, a linguagem no texto é pouco coloquial, ou seja, as falas das personagens do conto são influenciadas, uma característica pouco comum na nossa literatura, uma vez que uma boa parte dos nossos contistas, nas falas do discurso directo, usam a linguagem coloquial, ou melhor, apresentam a nossa realidade linguística de forma nua e clara. 

 

O homem que Plantava Aves . . Uma obra publicada no Brasil pela Editora Penalux e mais tarde em Angola pela Editora Acácias. É coleção de 15 contos, mas nós, igualmente a anterior analisaremos apenas o conto que dá nome ao livro.   O conto traz-nos para reflexão a questão da nomeação segundo a nossa cultura. Tradicionalmente o nome é dado em função das circunstâncias, um valor que hoje parece que se perdeu (... tendo uma infância bastante doentia, ficando a sua sobrevivência a preces de medicações à base de raízes ... Lumbombo ,sinónimo de raiz. Pág 22). 

 

Como já falámos, Patissa é um activista cultural e este aspecto é visível em toda sua obra, uma vez que com frequência faz recurso a provérbios umbundu. Neste conto, por exemplo, leva-nos a refletirmos sobre um valor que vai se perdendo: o cumprimento da palavra. Para isso, usa duas figuras,  um devedor e um devido. O primeiro representa o tipo de pessoas que passam por cima de pessoas aparentemente mais fracas, como é o caso de Lumbombo, o devido, que por ser deficiente julgou-se que fosse incapaz. Esta reflexão é clara na medida que mostra que a dignidade humana não  está no físico, mas sim no espiritual,(Não é com pernas que corremos, é com pensamentos. Pág. 25). 

 

(*)  Fernando Tchacupomba é pseudônimo de Fernando Tchicolomuenho Inácio Tchacupomba,  nasceu no dia 06 de Julho de 1998,  no município do Lobito, província de Benguela, é aspirante a escritor,  estudante do curso de Ensino do Português e Línguas Nacionais no Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, é co-fundador da união dos Escritores do Instituto de Ciências Religiosas de Angola, ICRA Regional de Benguela, onde fez o Ensino Médio em Educação Moral e Cívica e Língua Portuguesa; Professor de Literatura no Colégio Adventista Ebenézer, faz parte do movimento de sonetista, poesia bucólica e pastoril Arcádia. Fernando é um publicador activo no site brasileiro Recanto de Letras.

Share:

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

CONTRA O PLÁGIO, PELA ORIGINALIDADE - Adriano Mixinge

Jornal de Angola, 22.12.2020


Desde a noite de quarta-feira passada até agora, a notícia que nos abala corre como a pólvora: Paulo Cantareli, um autor brasileiro até então desconhecido para muitos de nós, publicou o texto “Lourenço Mussango, o plagiador de Angola”, no muro da sua página do Facebook.

No libelo de Cantareli, ele apresenta o que diz serem provas de que o seu conto “Serena”, publicado no livro “Recifenses” (Edições Mondrongo, Bahia, 2019), foi plagiado pelo autor angolano no conto que dá título ao recém-publicado livro “A Mulher Infinita” (INIC. Luanda, 2020), vencedor do Prémio António Jacinto, deste ano.

Por isso, este é um texto ingrato, desta vez, escrito pela pior das razões que poderia ter para escrever um texto: o escrevo por uma questão de responsabilidade, uma vez que escrevi o prefácio do livro.

Não importa se é um estreante, um autor com obra publicada ou, até mesmo, um escritor consagrado: quando aceitamos ler o livro que alguém nos dá e assume que é seu, a priori, não temos motivo para duvidar de que cada personagem, ideia e construção argumental e imaginária não o sejam.

Lemos os manuscritos com a melhor das intenções, desfrutando, reflectindo e pode acontecer que, ao contrário do que muitos pensam,podemos nem concordar com algumas das ideias do livro, sobretudo quando se tratam de pesquisas ou de ensaios, por exemplo.

Este não foi o caso do livro sobre o qual nos estamos a debruçar: “surpreendente, atrevido, crítico e elegante” foram alguns dos adjectivos utilizados no prefácio do livro de que faz parte o conto

posto em causa.

Porém, o texto de Cantareli é contundente. Ele apresenta cinco

dados para provar o que afirma, a saber:no seu conto tem uma personagem cujo nome é Zé Moreno e no de Mussango, a personagem chama-se Zé Gordo (1); no conto de Cantareli, Lampião é recebido por uma família, no de Mussango é um Nacionalista a quem uma família recebe, em circunstâncias similares (2); tanto no de Cantareli como no de Mussango há uma cena em que um mais velho diz exactamente as mesmas palavras(3); o conto de Cantareli fala de coiteiros – uma palavra do nordeste brasileiro que, por não ser muito utilizada entre nós, recordo ter consultado o dicionário à primeira vez que a li- e no de Mussango, a mesma palavra também aparece, o que provoca estranheza, não obstante o eco nas telenovelas brasileiras entre nós (4); no conto de Cantareli aparece um miúdo que é posto dentro de um saco e que vê tudo a partir de um buraco que o saco tem, no conto de Mussangotambém (5).

Entretanto, há ainda uma história (paralela coincidente) por esclarecer sobre a hipótese de que, na origem do plágio estejam circunstâncias mais escuras, que implicam uma terceira pessoa, a quem piratearam a sua conta desde sites e números brasileiros, um baile de datas sobre quem postou antes e a possibilidade de que excertos do conto em questão (não necessariamente os excertos que provariam o plágio) tenham sido publicados nas redes sociais, antes mesmo de Paulo Cantareli ter publicado o seu livro.

Mas, até ao momento em que escrevo esta crónica, não há provas que corroboram a hipótese de que, concretamente, o autor angolano tenha publicado antes o seu texto em livro ou que ele próprio o publicara nas redes sociais. Pelo contrário, quem publicou primeiro o seu livro foi o autor brasileiro, isso está provado.

Ou seja: tudo indica que houve plágio, mas, o tipo de plágio (parcial ou conceitual, já que excluimos o auto-plágio e o plágio integral), quem fez a quem e em que grau, lugar e circunstâncias ele aconteceu, essa é matéria que, para além do juízo moral e público dos leitores, ou regulamentar de quem organiza o Prémio António Jacinto, muito desejamos que quem acusa os prove em tribunal, onde, de certeza, a questão dos direitos de autor estará no centro da disputa.

Quando um escritor, músico e ou académico é plagiado e decide identificar, denunciar e demonstrar, publicamente, quem é o plagiador antes mesmo de transitar em julgado, a simples suspeita de plágio desencandeia já o juízo moral, social e mediático fulminante sobre o presumível criminoso. Quem for acusado de plágio fica condenado a passar a sua via-crúcis, o que, de certeza, marcará a sua trajectória, definitivamente.

Não importa o número de contos que o livro tiver, mesmo que for tão-só num conto, um plágio é um plágio: do que se trataria é da desonestidade do acto criativo que, caso se venha a provar em fórum próprio, não se executou com lisura. Em face disso, a percepção social dos potenciais leitores, a respeito do livro e do seu autor, muda radicalmente: a suspeita de plágio, se for razoável, fulmina o suspeito.

A graça, prazer e elevação do trabalho de ser escritor residem no facto de se tentar ser original. Quem não estiver disposto a fazer este esforço convém ir fazer outra coisa, na vida.

Share:

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Polémica: SUPOSTO PLÁGIO NO PRÉMIO LITERÁRIO ANTÓNIO JACINTO 2020

Na primeira hora demos destaque à obra “Mulher Infinita”, do jovem amigo Lourenço Mussango, e


felicitamos pelo prémio Literário António Jacinto, outorgado pelo Instituto Nacional de Indústrias Culturais. Mas surge agora uma denúncia de um dos um dos contos do livro apresentar semelhanças que sugerem plágio da obra do autor brasileiro Paulo Cantarelli. Enquanto as partes se desdobram para esclarecer a verdade, venho por imperativos de consciência comunicar que ainda não tenho uma posição formada, pelo que deixo o link para quem se interessar em ouvir lado acusador.

(Imagem: Facebook LM)

Share:

domingo, 6 de dezembro de 2020

Logo





Share:

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

UTILIDADE PÚBLICA | Oportunidade para líderes do sector público e de ONGs na Academia Africana de Engajamento Cívico (Universidade da Georgia)

Prezados, tal como recebi por e-mail da área de Public Affairs Section, levo ao conhecimento dos interessados


que os Estados Unidos são um parceiro comprometido de África e, como tal, têm o prazer de anunciar a criação da African Civic Engagement Academy (ACEA) - Academia Africana de Engajamento Cívico.

A ACEA é um programa de treinamento online gratuito e oportunidade para networking oferecido em Inglês, Francês e Português para líderes em ascensão selecionados do sector público e de ONGs na África Subsaariana. O objetivo é apresentar estratégias de engajamento cívico e prover espaço para que os líderes adaptem essas estratégias às condições locais.
A participação permitirá o desenvolvimento de habilidades profissionais e aquisição de ferramentas para melhorar o envolvimento da comunidade e do governo. Nós encorajamo-los a fazer a inscrição.
A participação é limitada e as vagas são competitivas. Para obter mais informações, consulte o resumo do programa em anexo ou visite http://ACEA.UGA.EDU.
Todas as candidaturas devem ser enviadas até ao dia 15 de Fevereiro de 2021, às 17:00 GMT
imagem ilustrativa retirada do site da Embaixada Americana em Angola
Share:

Crónica | O AVÔ GOCIANTE E A VIDA CURTA DE UMA FLOR

Ontem aprendi um pouco mais sobre os meus avôs maternos. Não cheguei, nem eu nem nenhum dos meus


irmãos e primos, a conhecê-los. É uma pena que a esperança de vida seja ainda tão curta na nossa Angola e mais curta ainda no meio rural.


Esta imagem a preto-e-branco é a única referência visual que temos do velho Gociante Kapiñala, também lembrado como o Kamucayila [kamutchaíla] em alusão a um pente de madeira e preguinhos em forma de escova, feito por imitação ao que os brancos colonos portugueses de então usavam.

O nome Gociante, ao que tudo indica só existente no município da Ganda, interior da província de Benguela, pronunciado /ngo-si-ia-nde/, deve ser uma corruptela de negociante. No registo, como não dialogasse o português com a língua dos colonizados, por isso mesmo não reconhecendo palavras iniciando por sons nasais (ng de ngandu, nd de ndondi, mb de mbaka), ficou Gociante. Explica isto o facto de não existir na língua umbundu o fonema /nt/, aliado ao facto de morfológica e sintaticamente não existir palavra de raiz que se lhe assemelhe. Ou seja, somos todos mestiços de uma forma ou de outra.

Agradeço a este senhor e à sua esposa Kwayela, que também não chegamos a conhecer em vida, como já referido, a graça de nos terem proporcionado uma mãe da dimensão da nossa Emiliana Chitumba Gociante. Ora, quando em 1998 optei pelo nome público de Gociante Patissa, deixando cair o primeiro, Daniel, também já não gostava nem é meu (isso é outra história), tive em conta a dívida de gratidão pela educação e valores de rectidão legados pela minha mãe, não sendo no caso específico mais importante o sobrenome paterno do que o materno.

Voltado ao dia de ontem. No decorrer de um evento familiar e todo aquele ambiente de partilha de adágios, aforismos e dramas familiares e lições de vida retive, entre outros, o seguinte: tendo perdido muito cedo os pais (a fonte não revelou como mas imagino que tenha sido por causas naturais), Gociante foi mais ou menos obrigado a formar família precocemente, como forma de cuidar dos irmãos menores. E assim foi, não faltando, como é das relações humanas, gestos de manifesta ingratidão da parte daqueles por quem se sacrificou formando família ainda na adolescência, trabalhando árduo para os sustentar e educar.

A fonte oral não deixou de alertar: o casamento civil seria coisa de ser dada a alguém com quem chegamos a viver e conhecer, acrescentando que a união entre irmãos de sangue é uma flor de vida curta. Então porquê? A partir do momento em que surgem os casamentos e a consequente introdução de outras sensibilidades, interesses e valores surgem os dramas nos laços.

Já há três anos, salvo erro, cheguei a partilhar outro fragmento da história do velho que, segundo o tio Isaac Samuel, o avô devia ter algo que hoje seria diabetes com efeitos de gangrena, tendo sido na sequência mandado chamar pelo seu primo-irmão Samuel Ferramenta, que era já um assimilado residente no Lobito. E no Lobito o avô Gociante terminou a sua passagem pela terra.

Gociante Patissa | www.angodebates.blogspot.com | Benguela, 4 Dezembro 2020
Share:

A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

Publicações arquivadas