segunda-feira, 26 de abril de 2021

Henrique Ferreira. Tão cedo, tão duro

Acabo de me aperceber da morte (por suicídio) do senhor Henrique Ferreira (ango-luso), formador profissional que muito nos foi útil ao tempo em que realizei e conduzia o programa semanal de mesa redonda e opinião “viver para vencer”, entre 2006-2011, em modalidade de aluguer de espaço de antena na Rádio Morena Comercial, ao serviço da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), ONG à qual demos vida ainda na casa dos 21 anos. Uma das dificuldades que a equipa de produção que coordenei enfrentava, como de resto é apanágio em Angola, é convencer as fontes, quer pela cultura do medo (do micro e não só), quer pelo argumento de interrupção da produtividade durante a hora e 45 minutos que se “perdia” em ambiente de estúdio. Henrique Ferreira esteve sempre positivo e de um raciocínio bastante fluído em temas ligados à cidadania, à saúde pública e ao empreendedorismo/vocação profissional. A partida do mentor do centro de formação profissional CFG enluta o Lobito, cidade onde viveu, e a classe empresarial da província de Benguela. Não é assim que se morre, ilustre, tão cedo, tão duro. Eterno abraço

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domingo, 25 de abril de 2021

EMPRESTE MAIS UM COXE DO SEU MEDO (poema inédito)

 EMPRESTE MAIS UM COXE DO SEU MEDO (poema inédito)

 

Elevo-te outra vez 

Não sei se elevo ou rebaixo

Tão ambígua é aura de leitora

Outra SMS interesseira

Não é que me queixe, mãe

minha tão enorme mãe

É só que entre mim e a vida 

Grassa uma noite

Espessa, densa, uma noite, noite 

Não é que algo eu peça, mãe

Minha tão graciosa mãe

Nem te critico as ramelas

O ranho que secou pelo buço da irmã

 

É esta noite que me inquieta

noite caiada de números

Centenas e centenas ao dia

Sei soldar, mãe

Não sei é contar, confesso

Hoje, embrulhado o comer

Sol insinuando Miami Florida

Calcei as chinelas e saí

Levantei-me, corrijo

Em pleno dia caiu a noite

Curto ficou o roteiro

Cinco passos, se tanto

Que passear hoje em dia 

É conforme a luz Sílvia incide

Não vá o breu pegar-nos

A gente veste e se perfuma para caminhar

Da mesa para a cama

 

E a noite não saciada

Infla-se na voragem

De segunda vaga

Dois médicos na eterna viagem

Custa-me admitir, mãe

Por esta capital da máscara ao queixo

Sou o frágil andante

Prendo-me à única armadura 

A bênção, minha mãe

E nada mais lhe peço senão

Que me empreste um pouco 

Um só coxito mais

Daquele seu medo, aquele da kitota

Pode ser que sirva

Pode ser que viva

 

Gociante Patissa | Luanda 25 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com

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domingo, 18 de abril de 2021

DEVEM OU NÃO OS PORTA-VOZES FALAR PARA A IMPRENSA QUE NÃO LHES SEJA AMISTOSA?

Como formando de comunicação institucional foi interessante observar na prática, hoje, a partir dos bastidores, o media/public speaking em situação de ambiente hostil, tendo como laboratório a Rádio Despertar Comercial FM (pertencente ao partido Unita), com o debate acalorado de hora e meia no programa “Angola e o Mundo em 7 Dias”, onde o painel de quatro elementos esteve integrado por um representante do partido Mpla. Os temas giraram em torno da crise do lixo em Luanda, da situação da Covid, da razoabililidade do termo “doação” do Presidente da República para socorrer os sinistrados pela praga de gafanhotos no Kunene, entre outros. Em termos gerais, fez diferença a postura ideologicamente “não engajada” do moderador, que acolheu as chamadas de atenção do participante “isolado” para assegurar que os contendores se cingissem aos tópicos e que fosse concedida equidade no tempo de intervenção. A experiência confirmou na prática a teoria de comunicação institucional segundo a qual os porta-vozes não devem excluir órgãos de informação que não sejam amistosos à sua instituição.

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sábado, 17 de abril de 2021

TRÊS VIDAS PRESSA MULATA QUE AÍ VAI (poema inédito. Para Karina)

 TRÊS VIDAS PRESSA MULATA QUE AÍ VAI (poema inédito. Para Karina)

 

Ia a mulata a passar 

Como gente como nós

Pessoas, só pessoas

Banais existências

Sem notícias

 

Na cabeça da gente

Punhado ocioso

movidos à puberdade

A mulata que passava

Desfilava as culpas com que se cosia

Do cabelo ao pé

 

Aquela mulata que passava

E nos preenchia os olhos

Merecia castigo

Imediato

Sabia-se lá porquê

 

Aquela mulata que passava

Despertando sintomas de Freud

Encarnava carcaça

Do oco sensual TV

Desempatiado militante

Num ano que não era ano

Mundo feito dominó

Guerra biológica não declarada

Microfone pro médico 

Oligarcas no açaime

Coveiros sem folga

E ela a passar assim

Peito erguido

Coxas torneadas

 

Olhem-me pressa mulata que aí vai

Xé! Moça! Doutora!

Aqui vendem vidas sobressalentes!

Quero três

Uma pra mim

Duas prusmôspais.

 

Gociante Patissa | Luanda 17 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com

 

 

 

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sexta-feira, 16 de abril de 2021

O AMOR É ROUPA DE DOMINGO (poema inédito)

 O AMOR É ROUPA DE DOMINGO (poema inédito)

Da caverna que me cabe espreito

As medidas do mundo

Dois e dois lá vão

Para quem sabe contar

São anos

E dormem e acordam na mesma sombra

Do amanhã nem luz

falseando sábios

Me pus

Taciturno desespontâneo

Derrubam-me as nuvens deste céu

Faltam ombros

Quem dera ao menos caber num palavrão

Foda-se, todavia!

Conheço o amor

Como conheço o fundo da noite

O amor é roupa de domingo

Se adquire

Lava

Engoma

E pendura

Contando para o dia

O próprio dia

O amor é

A camisa

As calças

A blusa

A saia

Botão que desprega

À porta da festa

A nódoa na lapela

O rubro na veia

Temerário

O amor comparece 

O amor falta

O amor é que sabe

Salva selva

Ouve tudo menos conselhos

Fosse o amor tecido

Como se tecem os sentidos

Um pouco mais seria

Que roupa de saída

Investimento privado

Dívida pública

O amor é só mesmo isso

Isso tudo

 

Gociante Patissa | Luanda, 16 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com

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segunda-feira, 12 de abril de 2021

ABERTAS INSCRIÇÕES NO PRÉMIO IMPRENSA NACIONAL DE LITERATURA

O Prémio Imprensa Nacional de Literatura foi instituído pela Imprensa Nacional – E.P com o objectivo de valorizar o talento nacional e promover a divulgação de obras de autores desconhecidos no mercado literário angolano.
Mediante este Prémio, augura-se proceder à selecção de obras inéditas e com elevada qualidade em termos literários nos *domínios do romance, da poesia e do drama (teatro),* *escritas em língua portuguesa, cujos autores devem ser cidadãos angolanos ou estrangeiros residentes em Angola há mais de 3 anos.*
*Artigo 1.º*
A Imprensa Nacional – E.P. organiza um concurso para a atribuição do *Prémio Imprensa Nacional de Literatura*, o qual é realizado anualmente.
*Artigo 2.º*
Podem participar neste concurso todos os cidadãos angolanos ou estrangeiros residentes em Angola há mais de 3 anos.
*Artigo 3.º*
O Prémio Imprensa Nacional de Literatura *vai contemplar a publicação da obra laureada e a atribuição de Kz: 500 000,00 (quinhentos mil kwanzas) ao vencedor por cada uma das três categorias.*
*Artigo 4.º*
1. As obras concorrentes devem ser inéditas e redigidas em língua portuguesa. Devem ser apresentadas em duas cópias em papel, no formato A4, e acompanhadas de uma gravação em formato digital, com a dimensão mínima de 80 páginas A4, em Times New Roman tamanho 12 e entrelinha 1.4.
2. As obras concorrentes devem ser assinadas com um pseudónimo do autor.
3. Cada concorrente deve única e exclusivamente remeter para o concurso uma obra.
4. As obras concorrentes devem ser acompanhadas de um envelope fechado, identicado com o título da obra e o pseudónimo utilizado pelo autor para assinar a obra, contendo:
a) Identicação do concorrente: nome completo, identificação fiscal (NIF); endereço completo, endereço eletrónico e telefone para contacto;
b) Declaração assinada pelo concorrente com a menção de que a obra apresentada a concurso é original e inédita, e não foi apresentada a nenhum outro concurso com decisão pendente.
5. Os originais devem ser apresentados na sede da Imprensa Nacional – E.P., Rua Henrique de Carvalho n.º 2 – Cidade Alta, Luanda.
6. Aos originais submetidos em mão, na morada supramencionada, é entregue recibo.
7. Os concorrentes podem também optar pelo envio das obras através da internet, em formato PDF, para o seguinte endereço electrónico: premio.literario@imprensanacional.gov.ao
*Artigo 5.º*
1. A Imprensa Nacional – E.P. designa como elementos do júri entidades ligadas às artes literárias, à docência universitária e à edição de livros.
2. A deliberação do Júri é tomada por unanimidade ou por maioria simples
3. O Júri do concurso tem o direito de não escolher nenhuma das propostas apresentadas e das suas decisões não cabe recurso.
*Artigo 6.º*
1. O período para entrega das obras originais para o concurso decorre de 3 de Maio a 9 de Julho. A decisão do júri é divulgada a 13 de Setembro, nos órgãos de comunicação social, e contempla a designação do trabalho premiado.
2. Caso o dia 13 de Setembro seja um sábado ou domingo, a decisão do júri é anunciada no dia útil imediatamente a seguir à data supramencionada.
3. A abertura dos envelopes das obras submetidas ao Prémio Literário é efectuada a 14 de Julho, em hasta pública, na sede da Imprensa Nacional, pelas 10h00.
*Artigo 7.º*
Os originais são avaliados de acordo com os seguintes critérios:
a) Originalidade (50%);
b) Contributo para a cultura nacional (30%);
c) Respeito pelas características canónicas do género literário (20%).
*Artigo 8.º*
1. Exceptuando as obras que venham a ser consideradas pelo júri para eventual publicação, os originais enviados são destruídos.
2. A candidatura ao Prémio Imprensa Nacional de Literatura implica a aceitação do presente Regulamento
*Artigo 9.º*
1. A partir do momento da entrega da obra para o concurso, a Imprensa Nacional – E.P. torna-se detentora do trabalho premiado, cujo autor cede gratuitamente os respectivos direitos de utilização e autoriza, em regime de exclusividade, a Imprensa Nacional – E.P. a publicar em língua portuguesa, divulgar, utilizar, explorar e editar, por conta própria, a referida OBRA, em primeira edição, que terá uma tiragem máxima de 1.000 exemplares, bem como a proceder à sua comercialização em todo o mundo.
2. Em caso de reedição da obra referida no número anterior, a Imprensa Nacional – E.P. paga ao respectivo autor, a título de direitos autorais, uma remuneração correspondente a 10% (dez por cento) sobre o preço de venda ao público dos exemplares efectivamente comercializados.
*Artigo 10.º*
1. O autor premiado deve aceitar que a Imprensa Nacional –E.P. proceda a uma revisão literária dos originais, na qual sejam eliminadas todas as incorrecções ortográficas ou gramaticais, e resolvidas as inconsistências com as normas de estilo adoptadas para a publicação do Prémio Imprensa Nacional de Literatura.
2. O autor premiado disponibiliza-se a examinar eventuais sugestões, que contribuam para a melhoria e claricação do texto, que lhe sejam submetidas para apreciação e aprovação.
3. Os casos omissos são resolvidos pelos membros do Júri em colaboração com a Coordenação do Prémio e o Conselho de Administração da Imprensa Nacional – E.P.
Inagem: O País
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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