O AMOR É ROUPA DE DOMINGO (poema inédito)
Da caverna que me cabe espreito
As medidas do mundo
Dois e dois lá vão
Para quem sabe contar
São anos
E dormem e acordam na mesma sombra
Do amanhã nem luz
falseando sábios
Me pus
Taciturno desespontâneo
Derrubam-me as nuvens deste céu
Faltam ombros
Quem dera ao menos caber num palavrão
Foda-se, todavia!
Conheço o amor
Como conheço o fundo da noite
O amor é roupa de domingo
Se adquire
Lava
Engoma
E pendura
Contando para o dia
O próprio dia
O amor é
A camisa
As calças
A blusa
A saia
Botão que desprega
À porta da festa
A nódoa na lapela
O rubro na veia
Temerário
O amor comparece
O amor falta
O amor é que sabe
Salva selva
Ouve tudo menos conselhos
Fosse o amor tecido
Como se tecem os sentidos
Um pouco mais seria
Que roupa de saída
Investimento privado
Dívida pública
O amor é só mesmo isso
Isso tudo
Gociante Patissa | Luanda, 16 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com
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