domingo, 26 de janeiro de 2020

Crónica | PARABÉNS, LUANDA? HÁ QUEM DIRÁ NEM TANTO

Map of LuandaO mesmo argumento imposto pelo Parlamento para chumbar a inserção nas novas notas do Kwanza do templo católico de Mbanza Kongo, por ser um símbolo da invasão colonial portuguesa do território que hoje é Angola... não devia ser adoptado para repensar as datas de "fundação" das cidades angolanas? Dois exemplos: 25 de Janeiro (Paulo Dias de Novais, Luanda, 1575) e 17 de Maio (Cerveira Pereira, Benguela, 1615). Os deputados conseguiriam dar eco à voz já afónica de vários académicos que insistem na lógica segundo a qual os territórios já eram habitados antes da chegada colonial à África e da dominação baseada na Bíblia, criticando ainda o facto de  o mesmo País que deixou de ensinar a história do colonizador perpetuar a celebração das vitórias do império luso. O governo angolano, por via do BNA, viu-se forçado a recuar e concordar em excluir a imagem do Nkulumbimbi das propostas para a efígie da nova moeda angolana, que tem a sua entrada em circulação prevista para Junho. Trata-se da porta de entrada do cristianismo em 1482, elevado recentemente à pala do lobby do Ministério da Cultura e do governo francês a Património Mundial pela Unesco. A narrativa pró agarra-se, por seu turno, ao argumento de não se poder apagar a história. Que história? Que protagonistas? Outros, porém, que julgam falaciosos os termos descoberta/fundação, questionam se faz algum sentido, mesmo do ponto de vista histórico, festejar a própria derrota/invasão/dominação que duraria séculos. Tudo indica que no auge da peruca, da maquilhagem e do carnaval replicando a corte real como prioridades identitárias, prevalecerá o adiamento de temas mal resolvidos na Angola pós-colonial, como este outros assuntos, nomeadamente a grafia da toponímia e respectivo alcance sociohistórico, a harmonização ortográfica das línguas nacionais de matriz africana/bantu e... a normalização da variante angolana da língua portuguesa.
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sábado, 18 de janeiro de 2020

Crónica | EU E OS MEUS GOSTOS DESÉRTICOS EM FILMES


Apresentei-me vinte minutos antes da hora indicada no cartaz. Não havia ninguém na bilheteira, nem atendedor nem clientes. Instantes depois lá surge o atendedor. Era só para informar ao senhor que o filme que escolheu só dá na sala Vip. Como assim?!, protesto eu. Por que não em salas normais? Eu conheço o filme, não é lá grande coisa. É uma comédia francesa (os brasileiros diriam do tipo água com açúcar) que já vi a 70% pela netflix, prossigo com a contestação, ao que o rapaz responde: É assim, o senhor escolheu um filme tipo assim fino. Como? Esse tipo de filme, que é só conversa, como as pessoas normais não vão lá só assim muito, então tem que custar um pouco mais, porque a sala não enche. Só pessoas finas, tipo o senhor, é que entendem. Pessoas simples como eu gostam mais esses filmes de acção e tal, confessava o moço. Não sabia se ria ou chorava. Só um bilhete, senhor? Claro! Com esse preço não dá para trazer mais ninguém, que o vencimento todo fica aqui! E qual é a vantagem da sala Vip? Ah, o serviço é personalizado. Tudo o que o senhor quiser, é só pedir. Boa! É desta que como já de tudo e poupo no jantar, penso eu caladinho. Rebento já a seguir o pedido. Água e pipocas, afinal já está deduzido no preço do bilhete. O atendimento é rápido, o desengano também. A jovem simpática mal serviu, retornou logo com aquele aparelho maldito que nos vai sem preguiça ao bolso e me esfregava nas barbas a factura. Mil e 600 kwanzas, senhor. Mas não me posso  queixar. Ao contrário da última vez em que só havia quatro pessoas na sala, desta vez até houve melhoria na estatística. Ou seja, somos oito almas, sendo duas europeias, três madres, duas jovens angolanas e um único homem, eu. O número de vez em quando sobe para dez, mas não se enganem, que os dois adicionais são garçons 😁😁 E pronto. Cabulando o próprio título do filme, "Que Mal Fiz Eu a Deus Agora?" Ainda era só isso. Obrigado


Gociante Patissa | 17 Janeiro 2020 | www.angodebates.blogspot.com
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Sugestão de filme: "A DESPEDIDA"

Realizado por Lulu Wang e com a actriz Awkwafina no papel principal, é um drama comédia sobre os valores da família na cultura chinesa, baseado, como diz a sinopse, numa mentira verídica. Saiu em 2019 e estreou agora em Janeiro. Aborda com muito humor, humanismo e uma leveza assinalável temas como a família, a doença, a vida, a emigração e a consequente perda de vínculo de identidade. No dia em que fui assistir, numa das salas de cinema em Luanda, havia apenas 4 pessoas. Um deleite de filme. Aos meus amigos escritores e/ou com vocação/sensibilidade para a literatura, proponho até assistirem duas vezes, uma para apreciar e outra para estudar e se inspirar (se um dia eu conseguir avançar no meu projecto de romance, certamente terei uma referência a ter em conta).

"SINOPSE: Uma família chinesa descobre que a sua avó tem pouco tempo para viver, mas decidem não informá-la do diagnóstico.Em vez disso, os seus filhos e netos tentam arranjar um casamento de última hora, para que todos os parentes mais distantes possam vê-la pela uma última vez sem que ninguém saiba o que está acontecer."
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

No Dia [angolano] da Cultura Nacional, uma recolha sobre «CONCEITO E NÍVEIS DE CULTURA»

Não é possível, nos nossos dias, definir de maneira unitária, o conceito de cultura, porque a análise crítica permite relevar – numa perspectiva antropológica – ao menos três tipos fundamentais de cultura: cultura de elite, cultura popular, cultura de massa.

1. A CULTURA DE ELITE aparece como a cultura escolhida (eleita), uma super-cultura essencial, cujo saber, baseado nas disciplinas humanistas de raiz greco-latina, tende, na sua formalização aristocrática, a procurar sem cessar novos modelos criadores, na mesma medida em que os seus modelos tradicionais são vulgarizados ao nível da instrução de base e da comunicação de massa. A cultura aristocrática, fundada sobre a soberania Sagrada da palavra e transmitida pela escola, sobretudo na Universidade, hoje declinou por causa da explosão de conhecimentos provocada pelos meios audiovisuais modernos de comunicação social. Com efeito, a posse privilegiada de um código exclusivo tende a ser cada vez mais precária em face da dinâmica evolutiva dos processos sócio-culturais do mundo contemporâneo.

2. A CULTURA POPULAR é o conjunto residual das sub-culturas ligadadas aos costumes locais e às linguagens dialectais cujas raízes tradicionalistas mergulham, de maneira arcaica, na civilização oral do povo. Foi esta cultura mais comprometida pela sociedade industrial que, com s seus processos culturalizantes de urbanização e homogeneização, sobretudo nas camadas mais jovens, tende a relegá-la para o plano da recordação. Está provado que a recuperação intelectualista ou espectacular de formas expressivas, praticada sob o modo folclórico, deforma em geral os valores autênticos e dialécticos de uma cultura popular.

3. A CULTURA DE MASSA deve a sua difusão aos meios rapidamente multiplicadores da indústria cultural (imprensa, rádio, televisão, etc.). Apresenta uma conexão fragmentária devido à abundância e precaridade das suas mensagens e da sua ideologia, verdadeiras culturazinha de mosaico cognitivo incoerente e ultrapassado. Enquanto que as culturas precedentes correspondem ao plano económico, às matrizes burguesa e popular, a cultura de massa é um verdadeiro sub-sistema cultural que sustém toda a civilização industrial. Os de tentores de uma cultura estruturada e operante nos seus valores e nos seus moldes terão, evidentemente, instrumentos críticos mais capazes de uma aproximação crítica do real, enquanto as classes com falta de formação existencial orgânica estarão cada vez mais expostas a um processo doxológico de influência exercido pela propaganda e pala publicidade dos «mass-media».

PAGANO, Christian, 1971. “Comunicação Audiovisual” (pág. 99-100). Pia sociedade de São Paulo. Lisboa, Portugal

- legenda da foto: escritor angolano Gociante Patissa recebido pela Secretária de Cultura do Estado da Bahia, Brasil, Arany Santana, em 2018, quando lá esteve para participar na tertúlia da Festa Literária do Pelourinho (Flipelô), realizada pela Fundação Jorge Amado na cidade de Salvador

www.angodebates.blogspot.com
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Contraponto: ainda a briga entre a Editora Azul e o autor Daniel Nguto

A imagem pode conter: Daniel Nguto Dáx
Como prometido, a Editora Azul (com sede em Luanda) fez hoje, 06 de Janeiro, pública a sua versão no litígio que a opõe ao autor Daniel Nguto Dáx (residente em Benguela), num texto extenso publicado no Facebook e suportado com recortes de correspondência que vinha sendo mantida entre as partes no âmbito do processo comercial. Em resumo, a decisão unilateral de rescisão do contrato é sustentada pela divulgação não autorizada por parte de Nguto de um protótipo de cartaz, que anunciava para 18 de Dezembro, numa altura em que a data de lançamento era ainda uma probabilidade a equacionar com a estratégia de marketing e publicidade da Editora. 

Acto contínuo, entende a empresa que em face do que considera violação do sigilo, não mais havia condições de avançar com a relação contratual que tinha como fim material a edição, publicação e promoção da obra (500 exemplares) e a imagem do respectivo autor, impondo, para custeio dos trabalhos já efectuados e material consumido, uma retenção de 298 mil kwanzas do valor total de 698 mil kwanzas faturado e pago por Nguto, condição que, segundo a exposição, o cliente se recusa a anuir. Nguto é apontado como intransigente ao exigir a devolução do valor total e não apenas 400 mil kwanzas que a editora estipulou unilateralmente. 
Nenhuma descrição de foto disponível.No mesmo texto em que a empresa dirigida por Zola Vida reivindica a preservação da honra do seu bom nome, é anunciada a abertura de um processo crime por difamação pela acusação de burla levantada contra si em denúncia pública na rede social Facebook pelo cliente Nguto. Lê-se que mais passos só não chegaram a ser dados no processo em virtude de a editora estar à espera da notificação do INADEC alegadamente na sequência de um ameaça feita por Nguto neste sentido, tendo sido por isso mesmo uma surpresa a opção da denúncia nas redes sociais.
Bem, feito o contraponto que se impunha, encerro a minha intervenção neste dossiê reiterando o apelo para que as partes empenhem o máximo de boa fé e cheguem a um desfecho sensato.
Votos de um bom ano!
Gociante Patissa | www.angodebates.blogspot.com
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domingo, 5 de janeiro de 2020

(arquivo) Diário | PARA VOCÊS É TUDO TRINTA POR UMA LINHA, NE?!

"Ei! Xé! Você não viu a ultrapassagem arriscada que fez?!"
"É desculpar senhor agente..."
"Já viste quantas pessoas morriam se a condução fosse baseada nisso de pedir desculpas?!"
"Meu kota, perdoa só já o teu puto, sô agente. Ainda não facturei nada hoje, vai custar fechar a conta do patrão..."
"Ainda por cima tens coragem de dizer isso. 16 passageiros, contra a lotação do mini autocarro Hiace. Quer dizer, para vocês é tudo trinta por uma linha, ne?! Essa multa vai-te cair mesmo bem..."
"Meu brada, não faz isso! Safa só o teu sangue. Estamos a entrar no fim-de-semana, e uma multa vai-me estragar o ano."
"Assim te safo... e a mim quem é que me vai safar?"
"Meu kota, não fica mais malaike tipo aqueles polícias trânsitos sujos. Você até aqui tem boa fama... Olha, é assim: tenho uma pequena fezada assim para fechar o kota com um saldo, meu kota."
"Embrulha na carta, xé!!!"
"Aqui está, meu kota."
"Porra! Você só vai me passar mil kwanzas?! Mas assim você acha o quê? Me viste com cara de corrupto ou quê?!"

(Adaptação)
Gociante Patissa | Benguela, 05.01.2016 | www.angodebates.blogspot.com
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sábado, 4 de janeiro de 2020

Crónica | Denúncia de Daniel Nguto reedita crónica tensão entre autores e editoras angolanas

A imagem pode conter: 2 pessoas, textoEvitei pronunciar-me a quente, ontem, quando notificado na matéria do diferendo entre o amigo Daniel Nguto Dáx (residente em Benguela) e a Editora Azul Azul (do também autor Zola Vida, com sede em Luanda), acusada de frustrar as expectativas do cliente. Não foi por falta de solidariedade artística para com uma ou outra parte, mas tão-só para esperar pelo contraditório. A parte denunciada defende-se com o argumento da rescisão unilateral do contrato por alegada conduta desrespeitosa do cliente.

A minha opinião/objecção é pública quanto a ser o autor a arcar com os custos de produção junto das editoras. O ideal era chegarmos a um estágio de políticas culturais em que a preocupação do autor findasse em pesquisar, criar e oferecer um produto literário ao nível dos padrões de estética e valor comercial. Cabe aos restantes agentes do sector livreiro (com vocação no lucro) assumir a lógica empresarial. Isto é arranjar patrocínios, organizar a promoção, distribuição da obra e garantir a percentagem devida ao autor pelos direitos intelectuais ou jóias. Ninguém devia pagar para ser publicado.

Mas sabemos que, infelizmente, no País rareiam editoras auto-suficientes, o que abre um mercado recorrentes vezes palco de tensão no relacionamento, opondo editoras (no papel de vendedoras do serviço de intermediação entre e autor e a gráfica) e autores (clientes que buscam a materialização do sonho de ver o livro nas prateleiras). Como tal, o livro acaba sendo apenas mais um comércio como qualquer outro, lamentavelmente.

A lista de diferendos é longa, sendo dos meus amigos mais recente a contenda entre o Albano Sapondiya e a Editora Chela (da Huila), com o autor a denunciar péssima qualidade gráfica do livro Ulika, sem falar de um outro defraudado por uma pequena editora de angolanos com sede no Brasil, que dos 500 exemplares acordados só enviou 38.

Conheci o Nguto antes da sua primeira obra motivacional e compreendo a frustração, afinal não lhe é nada fácil reunir os cerca de 600 mil kwanzas como reza a factura. Conheço um pouco menos a Editora Azul Azul, com a qual tenho uma correspondência cordial depois de me terem contactado em Maio de 2018 para fazer parte da revista semestral LETRAS DE OURO por meio de uma crónica/conto (o projecto acabaria por não vir a público, segundo justificado, face ao impedimento por doença do patrocinador).

Enquanto não surge o desfecho no diferendo entre Nguto e a Editora Azul, o que neste momento posso exteriorizar em termos de posicionamento é que as partes empenhem o máximo de boa-fé e cheguem a um final sensato.

Gociante Patissa | 04 Janeiro 2020 | www.angodebates.blogspot.com (imagem: print da Página da Editora Azul)
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Crónica | FACTURAÇÃO DA ENDE CARECENDO DE TRADUÇÃO?

Voltei hoje aos balcões comerciais da ENDE
(empresa de distribuição de electricidade), após uma nada convincente tentativa de esclarecimento que recebi por telefone do homenzinho do piqute de reclamações/avarias.

Carreguei saldo de 5 mil kwanzas a 20 de Dezembro e no dia seguinte ausentei-me por 10 dias, tendo deixado apenas a geleira ligada. De regresso encontro a casa às escuras. Calculo que o apagão se tenha instalado por aí ao terceiro dia mesmo. Ora, pretendia então (ainda pretendo, na verdade) perceber a lógica da facturação do serviço pré-pago.

A explicação que muito mais sentido faria de ser recebida no dia 1 de Abril ou, no mínimo, a meio do Haloween foi a seguinte:

O senhor carregou em Agosto e só voltou a carregar em Dezembro este saldo no valor de 5 mil (não importa se havia saldo acumulado a rondar os 1700 kwh?). O sistema taxou assim: "Unidades 28.9 kwh, custo de unidades: akz 425.96, encargo de potência: akz 3960, iva akz 614.04. 

Traduzindo, dos 5 mil kz ao senhor foi descontado o encargo de potência dos meses que ficou sem comprar e assim sendo de concreto só comprou saldo de 28.9. Kwh. Mas assim que hoje carregou de 5 mil, passa a ter 230.4 Kwh e pode-lhe durar dois meses. Ou seja, o cliente é penalizado se não comprar recarga a cada mês, tendo ou não saldo acumulado no cartão.

Pergunta de retórica: e o serviço sempre se chama pré pago? Enfim... Só um tradutor na causa😥😥

Feliz Ano novo, vizinhos 

Gociante Patissa | 03 Janeiro 2020 | www.angodebates.blogspot.com
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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