1. A CULTURA DE ELITE aparece como a cultura escolhida (eleita), uma super-cultura essencial, cujo saber, baseado nas disciplinas humanistas de raiz greco-latina, tende, na sua formalização aristocrática, a procurar sem cessar novos modelos criadores, na mesma medida em que os seus modelos tradicionais são vulgarizados ao nível da instrução de base e da comunicação de massa. A cultura aristocrática, fundada sobre a soberania Sagrada da palavra e transmitida pela escola, sobretudo na Universidade, hoje declinou por causa da explosão de conhecimentos provocada pelos meios audiovisuais modernos de comunicação social. Com efeito, a posse privilegiada de um código exclusivo tende a ser cada vez mais precária em face da dinâmica evolutiva dos processos sócio-culturais do mundo contemporâneo.
2. A CULTURA POPULAR é o conjunto residual das sub-culturas ligadadas aos costumes locais e às linguagens dialectais cujas raízes tradicionalistas mergulham, de maneira arcaica, na civilização oral do povo. Foi esta cultura mais comprometida pela sociedade industrial que, com s seus processos culturalizantes de urbanização e homogeneização, sobretudo nas camadas mais jovens, tende a relegá-la para o plano da recordação. Está provado que a recuperação intelectualista ou espectacular de formas expressivas, praticada sob o modo folclórico, deforma em geral os valores autênticos e dialécticos de uma cultura popular.
3. A CULTURA DE MASSA deve a sua difusão aos meios rapidamente multiplicadores da indústria cultural (imprensa, rádio, televisão, etc.). Apresenta uma conexão fragmentária devido à abundância e precaridade das suas mensagens e da sua ideologia, verdadeiras culturazinha de mosaico cognitivo incoerente e ultrapassado. Enquanto que as culturas precedentes correspondem ao plano económico, às matrizes burguesa e popular, a cultura de massa é um verdadeiro sub-sistema cultural que sustém toda a civilização industrial. Os de tentores de uma cultura estruturada e operante nos seus valores e nos seus moldes terão, evidentemente, instrumentos críticos mais capazes de uma aproximação crítica do real, enquanto as classes com falta de formação existencial orgânica estarão cada vez mais expostas a um processo doxológico de influência exercido pela propaganda e pala publicidade dos «mass-media».
PAGANO, Christian, 1971. “Comunicação Audiovisual” (pág. 99-100). Pia sociedade de São Paulo. Lisboa, Portugal
- legenda da foto: escritor angolano Gociante Patissa recebido pela Secretária de Cultura do Estado da Bahia, Brasil, Arany Santana, em 2018, quando lá esteve para participar na tertúlia da Festa Literária do Pelourinho (Flipelô), realizada pela Fundação Jorge Amado na cidade de Salvador
www.angodebates.blogspot.com
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