Evitei pronunciar-me a quente, ontem,
quando notificado na matéria do diferendo entre o amigo Daniel Nguto Dáx (residente
em Benguela) e a Editora Azul Azul (do
também autor Zola Vida, com sede em Luanda), acusada de frustrar as expectativas
do cliente. Não foi por falta de solidariedade artística para com uma ou outra
parte, mas tão-só para esperar pelo contraditório. A parte denunciada
defende-se com o argumento da rescisão unilateral do contrato por alegada
conduta desrespeitosa do cliente.
A minha
opinião/objecção é pública quanto a ser o autor a arcar com os custos de
produção junto das editoras. O ideal era chegarmos a um estágio de políticas
culturais em que a preocupação do autor findasse em pesquisar, criar e oferecer
um produto literário ao nível dos padrões de estética e valor comercial. Cabe
aos restantes agentes do sector livreiro (com vocação no lucro) assumir a
lógica empresarial. Isto é arranjar patrocínios, organizar a promoção,
distribuição da obra e garantir a percentagem devida ao autor pelos direitos
intelectuais ou jóias. Ninguém devia pagar para ser publicado.
Mas sabemos que, infelizmente, no País
rareiam editoras auto-suficientes, o que abre um mercado recorrentes vezes
palco de tensão no relacionamento, opondo editoras (no papel de vendedoras do
serviço de intermediação entre e autor e a gráfica) e autores (clientes que
buscam a materialização do sonho de ver o livro nas prateleiras). Como tal, o
livro acaba sendo apenas mais um comércio como qualquer outro, lamentavelmente.
A lista de diferendos é longa, sendo dos
meus amigos mais recente a contenda entre o Albano Sapondiya e
a Editora Chela (da Huila),
com o autor a denunciar péssima qualidade gráfica do livro Ulika, sem falar de
um outro defraudado por uma pequena editora de angolanos com sede no Brasil,
que dos 500 exemplares acordados só enviou 38.
Conheci o Nguto antes da sua primeira
obra motivacional e compreendo a frustração, afinal não lhe é nada fácil reunir
os cerca de 600 mil kwanzas como reza a factura. Conheço um pouco menos a
Editora Azul Azul, com a qual tenho uma correspondência cordial depois de me
terem contactado em Maio de 2018 para fazer parte da revista semestral LETRAS
DE OURO por meio de uma crónica/conto (o projecto acabaria por não vir a
público, segundo justificado, face ao impedimento por doença do patrocinador).
Enquanto não surge o desfecho no
diferendo entre Nguto e a Editora Azul, o que neste momento posso exteriorizar
em termos de posicionamento é que as partes empenhem o máximo de boa-fé e
cheguem a um final sensato.
Gociante Patissa | 04 Janeiro 2020 | www.angodebates.blogspot.com (imagem:
print da Página da Editora Azul)
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