Apresentei-me vinte minutos antes da hora indicada no cartaz. Não havia ninguém na bilheteira, nem atendedor nem clientes. Instantes depois lá surge o atendedor. Era só para informar ao senhor que o filme que escolheu só dá na sala Vip. Como assim?!, protesto eu. Por que não em salas normais? Eu conheço o filme, não é lá grande coisa. É uma comédia francesa (os brasileiros diriam do tipo água com açúcar) que já vi a 70% pela netflix, prossigo com a contestação, ao que o rapaz responde: É assim, o senhor escolheu um filme tipo assim fino. Como? Esse tipo de filme, que é só conversa, como as pessoas normais não vão lá só assim muito, então tem que custar um pouco mais, porque a sala não enche. Só pessoas finas, tipo o senhor, é que entendem. Pessoas simples como eu gostam mais esses filmes de acção e tal, confessava o moço. Não sabia se ria ou chorava. Só um bilhete, senhor? Claro! Com esse preço não dá para trazer mais ninguém, que o vencimento todo fica aqui! E qual é a vantagem da sala Vip? Ah, o serviço é personalizado. Tudo o que o senhor quiser, é só pedir. Boa! É desta que como já de tudo e poupo no jantar, penso eu caladinho. Rebento já a seguir o pedido. Água e pipocas, afinal já está deduzido no preço do bilhete. O atendimento é rápido, o desengano também. A jovem simpática mal serviu, retornou logo com aquele aparelho maldito que nos vai sem preguiça ao bolso e me esfregava nas barbas a factura. Mil e 600 kwanzas, senhor. Mas não me posso queixar. Ao contrário da última vez em que só havia quatro pessoas na sala, desta vez até houve melhoria na estatística. Ou seja, somos oito almas, sendo duas europeias, três madres, duas jovens angolanas e um único homem, eu. O número de vez em quando sobe para dez, mas não se enganem, que os dois adicionais são garçons 😁😁 E pronto. Cabulando o próprio título do filme, "Que Mal Fiz Eu a Deus Agora?" Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa | 17 Janeiro 2020 | www.angodebates.blogspot.com
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário