TRÊS VIDAS PRESSA MULATA QUE AÍ VAI (poema inédito. Para Karina)
Ia a mulata a passar
Como gente como nós
Pessoas, só pessoas
Banais existências
Sem notícias
Na cabeça da gente
Punhado ocioso
movidos à puberdade
A mulata que passava
Desfilava as culpas com que se cosia
Do cabelo ao pé
Aquela mulata que passava
E nos preenchia os olhos
Merecia castigo
Imediato
Sabia-se lá porquê
Aquela mulata que passava
Despertando sintomas de Freud
Encarnava carcaça
Do oco sensual TV
Desempatiado militante
Num ano que não era ano
Mundo feito dominó
Guerra biológica não declarada
Microfone pro médico
Oligarcas no açaime
Coveiros sem folga
E ela a passar assim
Peito erguido
Coxas torneadas
Olhem-me pressa mulata que aí vai
Xé! Moça! Doutora!
Aqui vendem vidas sobressalentes!
Quero três
Uma pra mim
Duas prusmôspais.
Gociante Patissa | Luanda 17 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com
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