EMPRESTE MAIS UM COXE DO SEU MEDO (poema inédito)
Elevo-te outra vez
Não sei se elevo ou rebaixo
Tão ambígua é aura de leitora
Outra SMS interesseira
Não é que me queixe, mãe
minha tão enorme mãe
É só que entre mim e a vida
Grassa uma noite
Espessa, densa, uma noite, noite
Não é que algo eu peça, mãe
Minha tão graciosa mãe
Nem te critico as ramelas
O ranho que secou pelo buço da irmã
É esta noite que me inquieta
noite caiada de números
Centenas e centenas ao dia
Sei soldar, mãe
Não sei é contar, confesso
Hoje, embrulhado o comer
Sol insinuando Miami Florida
Calcei as chinelas e saí
Levantei-me, corrijo
Em pleno dia caiu a noite
Curto ficou o roteiro
Cinco passos, se tanto
Que passear hoje em dia
É conforme a luz Sílvia incide
Não vá o breu pegar-nos
A gente veste e se perfuma para caminhar
Da mesa para a cama
E a noite não saciada
Infla-se na voragem
De segunda vaga
Dois médicos na eterna viagem
Custa-me admitir, mãe
Por esta capital da máscara ao queixo
Sou o frágil andante
Prendo-me à única armadura
A bênção, minha mãe
E nada mais lhe peço senão
Que me empreste um pouco
Um só coxito mais
Daquele seu medo, aquele da kitota
Pode ser que sirva
Pode ser que viva
Gociante Patissa | Luanda 25 Abril 2021 | www.angodebates.blogspot.com
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