O MAL DO POEMA (poema inédito)
Ciclos
Do alto de cá, meu camarada
Onde me quedo
Furto as impressões digitais
Ao lençol freático
Na gélida esperança de te apalpar
A mão de semear
A enxada de arar povo
Melhor já
Que em Julho o frio
Por ventura greta laços
Ciclos
O relógio marca
Sete e cinco
De um lado
No condicional
Digo individual
Do outro também
Sete e cinco
Na aspiração
Telúrica
Utópica gangrena
Digo
A ardósia sem giz
Ou tu, camarada
E o colo que não mais há
Ciclos
O mal do poema
Meu pai
É roubar a última sílaba
À lágrima
Depois ainda há Julho
Há o não lugar
Do irmão alfaiate à parte
Ciclos
És sete e cinco
Que dobra
Que te dobra
Bem aventurados
os que contar
não sabem
Gociante Patissa | Luanda, 01 Maio 2021 | www.angodebates.blogspot.com
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