domingo, 29 de dezembro de 2019

Crónica | Universidades de Benguela projectam licenciatura em comunicação/jornalismo. Haverá professores especialistas?

Fiquei a saber que, finalmente, duas universidades na província de Benguela projectam ministrar cursos de licenciatura em Jornalismo/Comunicação Social, o que surge, para a parte que me cabe, num "timing" complicado, fisicamente falando, agora rendido à condição de nómada profissional.

Enquanto não descola o mestrado, realmente não me importava de fazer uma segunda graduação, dada a certeza da vocação profissional e a velha aspiração de valorar a experiência com uma certificação.

A dúvida que persiste é, no entanto, se haverá um corpo docente especializado e por isso com autoridade académica para suportar as cadeiras nucleares ou se serão as licenciaturas norteadas pelo improviso como alma do negócio. Na hipótese de vingar a segunda, o mais provável é os promotores dos cursos arregimentarem para a empreitada juristas, historiadores e linguistas, ramos que têm servido de escape para profissionais de comunicação que optaram por não migrar para Luanda e Huila, províncias que até então monopolizavam em termos académicos, à parte as bolsas escassas para o estrangeiro.

Nenhuma descrição de foto disponível.A ironia reside no detalhe histórico de ser Benguela uma geografia pioneira no que respeita ao início da radiodifusão em Angola, sem falar de grandes nomes que ao longo de quatro décadas foram dando cartas no panorama da imprensa nacional e internacional. Não acredito que se chegue à meia dúzia ao fim de um exercício de contabilizar quantos profissionais residentes associam a reconhecida prática/tarimba a uma certificação universitária do ramo.

Que venha o curso e que as gerações mais novas que a minha se empenhem e agarrem a oportunidade. É que na vigência deste deserto, a muleta consistiu em beneficiar de seminários e cursinhos intensivos promovidos pela sociedade civil, com a falida APHA (Associação para a Promoção do Homem Angolano) a liderar e mais recentemente com as iniciativas do CIB (Clube de Imprensa de Benguela).

Enfim, como diz o amigo brasileiro Sérgio de Toledo, "melhor tarde do que mais tarde ainda". Ainda era só isso. Obrigado e votos de boa passagem de ano.

Gociante Patissa | Benguela, 29 Dezembro 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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