Teimo em rezar para não ter que rezar
Por tudo e por nada
Abstenho-me dessa omnipresença
Que rege a urbe
E substitui o bom dia por graças a Deus
Sei que não devia
Que é na água a força do jacaré
Mas eu venho doutras águas
Caso já não saibam
Portanto, que se lixe a selva
O jacaré incluso
Só quero pintar o mundo à cor do pão
Define-me o fora da norma
Até que surja o noticiário
Carregado, tinto
Fecho a porta bem fechada e congelo a
geografia
Transporto-me para todos os lugares onde passei
Às mulheres que amei
(não que me prenda o tempo verbal)
E no prédio
Mais fácil se conhece cada dente da
chave
Do que as feições do vizinho
Rasgo as artérias com o calcanhar
Nas mãos a comichão do volante
Afinal fui sempre a estrada adiada
Abstenho-me do espectro que rege a urbe
É que trago tatuado o campo
Que roubem isso também
Só quero pintar o mundo à cor do pão
Gociante Patissa | 30 Junho 2019 | www.angodebates.blogspot.com
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