As minhas Kizombas
brilham no sapato fino do passista, na pista que facilita o toque que conduz a
dama na ginga rítmica do meu semba e fazer sair sorrisos coniventes entre elas,
sob o olhar atento do garino que não risca nada e se esborracha em ciúmes.
“Vai pra academia
rapaz, e sais daí Mateus Pelé”!
As Kizombas minhas confundem-se
com as do Proletário cuja saia matou bwé de malandrecos, quanto ao número
consultem o censo, por favor. “Suplico que não me trates assim, não aguento
estas remexidas de me fazer ver magias e dunas em pleno mar do Malembo, eu não
mereço isso!”
As Kizombas da minha
vida vão no gorro do soldado, na pala que esqueceu dar ao brigadeiro por ver
sua arma enferrujar de tanta tranquilidade e na lata de Coca-Cola esconder katembe
(cocktail) de vinho, whisky e limonada, só para contrariar a pachorra do
oficial dia. “Queres o quê mó chefia, se estamos em paz?”
São as mesmas Kizombas
que encontro no choro do kandengue que dá largas à fatia de bolo no armário, na
vontade de jogar adiantado e comer sem medo do aviso que o açúcar traz makulu
(oxiúros) para depois debelar com santa-maria na seringa do cristel.
As Kizombas da minha
vida bazaram limpas para tuga (Portugal diminuitivo), curtem estética dentária
e na chipala pele-fina, levar febre para os nguetas se borrarem com as quetas da
Banda Maravilha, no compasso do meu kamba Marito Furtado, enquanto nós estamos
bem aqui. Fado connosco só mesmo pra velórios.
As Kizombas da minha
vida estão na Gé e na Mila, as kassulas do kubico, que se fazem ao salão no
passo da coladeira de Livongh a dançar funana e mais algo no pé doce da
tarrachinha. Você é que sabe, mas vem só entrar na roda. Yo, yo, yi – yo, yo,
yoi.
Sem dúvidas para
ninguém, estas Kizombas fazem os prolongados da terra livre de andar a pulular,
por aí, por aí e sentir o cheiro do chão bom de Cabinda ao Cunene, e fazer
cantar Paim; AI WÉ NGOLE, P’RA TIRAR SELFIES À TOA.
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