«Outras
Coisas» é o título da obra composta de 10 contos que Clemente Bata traz à luz no Brasil pela editora Kapulana. Explora a
realidade do seu país ao retratar conflitos típicos das relações humanas nos
espaços rural, urbano e suburbano, com temas que vão desde o amor, os crimes,
os linchamentos populares, o alcoolismo até à violência doméstica.
“[...] O enfermeiro entrou.
Está confirmado, Doutor – Djabo entregou o processo e voltou a sair. O médico
sentou-se e releu.
– Sô Jubileu – disse. – Você
vai ter de ser forte. O que lhe vou dizer não significa o fim de tudo. Estes
são resultados dos seus exames. Está preparado para qualquer informação?
– Doutor, o que mais quero é
salvar o meu pai.
-
Perfeito. Tenho duas notícias: a primeira é que o seu pai vai ser operado e já
não será necessário fazer transfusão.
- Uf!...
- Portanto, não se preocupe
mais com isso. A segunda... bom... você tem vírus de imunodeficiência humana.
- Desculpa... – levantou-se.
- HIV.”
(Pág. 30)
«Outras Coisas», que
carrega expressões linguísticas próprias de Moçambique, traz um glossário,
para além do prefácio de Aurélio Cuna, professor moçambicano, pesquisador de
Literatura Moçambicana e de Retórica e Poética, Chefe do Departamento de
Literatura e Cultura, da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, da
Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique.
[...] confesso
que ler Outras Coisas é experimentar o prazer e privilégio, pouco comuns nos
nossos dias, de tomar contacto com uma escrita de elevado grau de fineza, quer
do ponto de vista estético, quer no que toca ao rigor na linguagem. [...] (Aurélio
Cuna)
Sobre o autor: Clemente Bata nasceu em 1967 (Maputo). Formou-se em Letras Modernas, pela Universidade Paul
Valéry, Montpellier, França, e obteve o Mestrado em Ciências da Linguagem, na
Universidade de Besançon, Franche-Comté, França. Durante vários anos, ensinou
Francês de Instituto de Línguas de Maputo e foi docente na Universidade Eduardo
Mondlane e na Universidade Pedagógica. Sua atividade literária inicia-se nos
finais dos anos 1980, quando publicou alguns poemas na imprensa. Teve textos
publicados em periódicos como o Jornal Notícias e as revistas Lua
Nova, Proler, entre outras,
assim como nas revistas literárias eletrônicas Maderazinco (Moçambique)
e Nova Cultura (Alemanha). Foi também colunista do Jornal
Meia-noite.
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