A recepção das literaturas africanas na Europa recua ao século XIX, altura em que cientistas e exploradores europeus começaram a ibteressar-se pelas respectivas literaturas orais com o intuito de, através delas, desvendarem o pensamento (tradicional) africano (...)
Não obstante o seu esforço para dignificarem a cultura africana, apresentada por vezes de forma idealizada, como acontece com Frobenius, o certo é que pouca atenção prestaram aos aspectos meramente estéticos, lado pelo qual essas literaturas, em ambientes ocidentais, poderão abandonar o estigma etnográfico e, num plano de maior igualdade, granjear públicos mais alargados (...)
Só que o que torna, na verdade, um texto africano mais dramático pode não interessar propriamente ao leitor europeu ou ocidental. Várias são as razões deste possível desinteresse. Para além do "mistério" e/ou do "exotismo' que África possa suscitar junto dos ocidentais, a má consciência, experimentada sobretudo nas antigas metrópoles, em relação aos efeitos nefastos do colonialismo e do neo-colonialismo é, certamente, outra razão importante. São fenómenos que respondem, em última instância, quer pela miséria que grassa por esses quotidianos, quer pela inépcia ou falta de vontade dos líderes africanos em combatê-la.
(José Carlos Venâncio, in "Maka- revista de literatura e artes", vol 1, n.°1, págs. 67-68. União dos Escritores Angolanos, Luanda, 2010.)
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