Texto de Lauriano Tchoia Luanda, 19.04.2016 |
Ficha
tripla e conexões, cama, beata de cigarro e uma chávena de café fazendo a
tralha pelo quarto comum. Estava chamada por dentro uma autêntica reserva
natural ao desarrume, era a bagunça em desfile enquanto eu não me desfizesse daí.
Nove
horas, manhã de um dia chuvoso e o sol que não quer chamejar assiste desde a
órbita o empenho da dona de casa.
Cama
quase vazia, apenas eu teimando abraçar o meu direito ao descanso, merecido ou
não, ninguém para confirmar! Candeeiro ainda aceso sobre a banca e o laptop no
seu corpo distraído sobre a cama, ia fazendo de mim o utilizador emérito na
execução gráfica do desfile de contos que me vêm do cérebro.
“Filho
vá ao banho que o pequeno almoço já está servido”. Ela interrompe, deixa o perfume,
um sorriso no ar e sai, depois de selar em mim, um beijo nos lábios e na testa.
Adorei!
Dado
o sim a concordar em voz viva, um abanar afirmativo da cabeça, antes, porém,
uma revisão à frase do meu texto:
...emprestará o calor para uma viagem
calma e sólida para as terras Lundas, passando por Xamuteba, com o pensamento
firme ao propósito que nos levava as terras de Muantianvua. Denuncia de
tragédias liam-se na estrada, pelo amontoar de malogradas viaturas inertes
sobre o solo... (fiz uma pausa a mando do mouse, tinha de
sair dai).
Para
desfazer-me da preguiça o banho foi o santo remédio, valeram os copos de ontem
no Jango Veleiro para abrir o apetite de hoje e o caldo sobre a mesa ser
devorado num ápice, deixando no final o sabor meio amargo do gindungo sobre o
céu da boca.
Não
resisti, fui vê-la à cozinha. Empenhada sobre o fogão, cheiro gostoso do molho
atirado para o ar. No forno desfilavam doces que faziam a delícia da família, enquanto
o suor caía-lhe levezinho do rosto.
Parei
e olhei firme para ela, um “zum-zum” alhei me dizia que era entre estas mãos de
fada que a vida da família se fazia.
Aproximei-me,
pedi que fechasse os olhos (via-a mais bela), era uma visita de cortesia que eu
fazia ao seu canto, fluí meus dedinhos da testa aos lábios, o meu beijo colou
no seu ombro entre a alça da blusa e o pescoço, de seguida a minha voz no seu
ouvido disse-lhe:
“És
a mulher que Deus me deu”!
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