Safio. Imagem sem assinatura de autor |
«Então
expliquei-lhe que o lavagante é principalmente um animal de tenebrosa
memória, paciente e obstinado, e terrível nos seus desígnios. Contei-lhe como
ele serve o safio que está nas tocas submersas levando-lhe comida a todas as
horas, e como a sua existência anda presa a essa serpente estúpida de grandes
sonos, vendo-a engordar, engordar, até saber que a tem bloqueada, incapaz de
sair do buraco porque o corpo cresceu de mais, enovelou-se, e não cabe na
abertura por onde podia libertar-se. Nesse momento, fica sabendo, o lavagante
servil aparece à boca da toca do safio mas já não traz comida. Vem de garras
afiadas devorar o grande prisioneiro que alimentou durante tanto tempo.»(Pag.16)
(José
Cardoso Pires, 2008, escritor português. In «Lavagante. Encontro Desabitado»,
excerto. Imagem: portal O Retiro do Sossego)
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