Texto de Arcanjo Cambinda 01.03.2016 |
Por entre caminhos a caminho desta caminhada
encontrei-te, mãe
Ao converter-me em fardo leve por entre tuas uterinas asas
encolhi-me seguro na protectora sombra do teu ventre quente
Encarnei-me na veia da humanidade
e na vida que palpita na lentidão do tempo
O tacto faz de mim delicadeza moral
sou não mais obra da utopia
Quando o poço de mantimento inflamou de angústia
aqueles seios secos de fome
foram o meu precioso alimento
Por entre estrondos dos seus joelhos que se encurvam
aprendi a escutar o murmúrio de Deus
Por isso mãe
das cicatrizes que se encravam nesse terno coração
anseio ver-te livre
Junto-me ao ruído dos sins que pronunciaste
aos sopros da tua alma repercutente
e ao silêncio de olhares familiarizados
O tacto faz de mim delicadeza moral
sou não mais obra da utopia
Declaro-me obra encarnada nas túnicas do teu rubro amor
sou o teu primeiro sopro miraculoso, mãe
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Ventura Arcanjo Cambinda (1989) é natural
do Luena, província do Moxico, onde se tornou membro da Brigada Jovem de Literatura. Residente
em Benguela, onde faz parte do Clube de Poetas e Trovadores. É Licenciado em
Direito pelo Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela. O gosto
pela guitarra ao principiar dos seus 14 anos de idade, transportou-lhe para
outra realidade, a literatura, pois, viu-se obrigado a escrever o que lhe vinha
na alma para musicar. Paixão essa, que veio a solidificar-se quando era
estudante no internato da Escola de Professores do Futuro - ADPP - Benguela, no
ano de 2006.
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Ressalvo o ano em que o autor nasceu: 1989 e não (1984).
Obrigado.
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