“A
literatura é quase sempre uma perspectiva diferenciada de se olhar uma mesma
sociedade maculada pela oficialidade dos factos. Os textos literários não são –
ou não devem ser – para consumo imediato. Parece-me que esta é uma divergência
entre a literatura comparada e os estudos culturais. Mesmo que não queiramos
admitir, a literatura é um produto elitista: não é qualquer um que o consome ou
compreende. E essa ideia exclusivista do produto literário coloca-o numa prateleira diferenciada e a apreciação exige outros
requisitos de consumo e compreensão. O que é literário não é sensacionalista a
favor ou a desfavor. É literário e pronto. As abordagens, perspectivas,
referências e outros, como podemos observar em certos romances históricos, não
sendo história nem oficial, trazem outros desafogos dum mesmo mundo. Os meios
existirão sempre, mas não esgotarão a capacidade de o produto literário
conquistar os outros olhares necessários à construção de vários prismas.”
(António
Quino, jornalista, escritor, ensaísta e professor angolano, entrevistado pelo
portal Rede
Angola, 28.03.2016)
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