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Era uma vez um rei muito vaidoso e que gostava
de andar muito bem arranjado.
Um dia
vieram ter com ele dois aldrabões que lhe falaram assim:
– Majestade, sabemos que gosta de andar sempre muito bem vestido – bem vestido como ninguém; e bem o mereceis! Descobrimos um tecido muito belo e de tal qualidade que os tolos não são capazes de o ver. Com um fato assim Vossa Majestade poderá distinguir as pessoas inteligentes dos tolos, parvos e estúpidos que não servirão para a vossa corte.
– Oh! Mas é uma descoberta espantosa! – Respondeu o rei. Tragam já esse tecido e façam-me o fato; quero ver as qualidades das pessoas que tenho ao meu serviço.
– Majestade, sabemos que gosta de andar sempre muito bem vestido – bem vestido como ninguém; e bem o mereceis! Descobrimos um tecido muito belo e de tal qualidade que os tolos não são capazes de o ver. Com um fato assim Vossa Majestade poderá distinguir as pessoas inteligentes dos tolos, parvos e estúpidos que não servirão para a vossa corte.
– Oh! Mas é uma descoberta espantosa! – Respondeu o rei. Tragam já esse tecido e façam-me o fato; quero ver as qualidades das pessoas que tenho ao meu serviço.
Os dois
aldrabões tiraram as medidas e, daí a umas semanas, apresentaram-se ao rei
dizendo:
– Aqui está o fato de Vossa Majestade.
– Aqui está o fato de Vossa Majestade.
O rei não via nada, mas como não queria passar
por parvo, respondeu:
– Oh! Como é belo!
– Oh! Como é belo!
Então os
dois aldrabões fizeram de conta que estavam a vestir o fato, com todos os
gestos necessários e exclamações elogiosas:
– Ficais tão elegante! Todos vos invejarão!
– Ficais tão elegante! Todos vos invejarão!
Como ninguém da corte queria passar por tolo,
todos diziam que o fato era uma verdadeira maravilha. O rei até parecia um deus!
A notícia correu toda a cidade: o rei tinha um
fato que só os inteligentes eram capazes de ver.
Um dia o rei resolveu sair para se mostrar ao
povo. Toda a gente admirava a vestimenta, porque ninguém queria passar por
estúpido, até que, a certa altura, uma criança, em toda a sua inocência, gritou:
– Olha, olha! O rei vai nu!
– Olha, olha! O rei vai nu!
Foi um espanto! Gargalhada geral. Só então o
rei compreendeu que fora enganado; envergonhado e arrependido da sua vaidade,
correu a esconder-se no palácio.
NOTA: Publicado em 1837 por Hans Christian
Andersen, dinamarquês, diz o wikipedia que o conto foi inspirado no «Libro de
los ejemplos» (ou El Conde Lucanor, 1335), coleção medieval espanhola de 55
contos morais de autores como Esopo e outros clássicos, compilados por Juan
Manuel, Príncipe de Villena (1282–1348). Andersen não conhecia o original em
castelhano, leu a versão em alemão («So ist der Lauf der Welt»). No conto
original, um rei recebe cavilosamente de tecelões um traje que seria invisível
a todos menos àqueles que são filhos legítimos de seus pais presumidos. Já Hans
altera sua fonte para direcionar o foco da história à vaidade cortesã e soberba
intelectual.
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