(...) Inusitado, porém, era o impulso com que o
visitante se sentava diante do televisor, a seguir ao telejornal, para
acompanhar o programa Nação Coragem.
Milhares de pessoas engrossavam diariamente as filas
orientadas pela produção do programa, em Luanda, cada com a
foto do familiar desaparecido e uma tocante mensagem. Vinha gente do norte, do
centro, do sul, enfim, de subúrbios inimagináveis, vinham também esperanças da
diáspora. Resistiam à fome e ao cansaço das horas que antecediam a gravação do
Ponto de Encontro. Umas vezes, Veremos explodia de alegria diante da tela,
contagiado por mais uma reunificação familiar. No entanto, também se davam
desencontros ou, na mesma proporção, infelizes certezas de que A ou B já não
está em vida, depoimentos de cortar o coração! E ele não resistia, derretia-se
em lágrimas.
E enquanto assistiam…
— Mano Veremos, eu admiro bué o teu amor por esta
miúda, a sério! É de dar varizes no coração… E se ela aparecesse, já esposa de
outro homem?
— Amigo Perdido, estou em crer que as pessoas têm o
direito de reaver, com a chegada da paz, o que a guerra lhes roubou.
— Acho que não me satisfez a resposta…
— Espero ter de volta a mulher. Acho que a paz é isso.
Senão, um gajo acaba por se sentir um veterano da ironia do próprio Deus. Seria
demais… É isso…
— Ya, estou a ver. No fundo, o que move as pessoas não
é tanto dos actos infelizes, mas a sua própria impotência perante estes(...)
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Quando estiver proximo o lancamento, avisa para que se divulgue na Ondjira Sul.
Abracos
Grato, companheiro. Juntos!
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