quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Legalize afirma que reedição de músicas antigas homenageia artistas do passado".Será homenagem ou puro comércio?

NR: Se bem me lembro, Elias Dia Kimwezu, considerado "Rei da Música angolana", veio a público há poucos anos insurgir-se com o que considera preguiça da nova geração, pela onda de "parasitismo" (termo meu) em obras de artes da geração anterior, ao invés de produzir propriamente e deixar herança para futuras gerações. Certo jovem de sucesso chegou mesmo a incluir 6 temas "alheios" para completar álbum de doze faixas. O pior é que geralmente os direitos do criador nem sequer são respeitados. É mesmo homenagem ou puro comércio? A seguir, matéria da Angop.

Legalize afirma que reedição de músicas antigas homenageia artistas do passado - 17-07-2013 7:45

O músico Legalize afirmou hoje, quart feira, em Luanda, que a reedição de músicas antigas por parte da juventude é uma forma de homenagear os artistas que deram o seu saber para o desenvolvimento do cancioneiro nacional.
Em declarações à Angop, Legalize referiu que nos últimos anos tem-se verificado o aumento de jovens que dão nova roupagem a temas antigos, sendo, na sua opinião, uma das melhores formas de valorizar a cultura nacional.


O músico afirmou ainda ser umas das melhor formas de mostrar a nova geração os conteúdos das músicas dos anos idos, bem como passar um pouco da história de Angola.

No entanto, Legalize alertou os jovens a contactarem os responsáveis ou as famílias, de formas a obterem a autorização oficial para a publicação das músicas solicitadas, com o intuito de evitar conflitos.

Legalize afirmou que não se deve homenagear as pessoas somente depois da morte, razão pela qual é necessário que a nova geração de músicos angolanos ou as produtoras editem constantemente discos com temas de artistas que marcaram determinadas épocas do mercado nacional.

António dos Santos Neto “Legalize”, nasceu em Luanda, no município do Rangel. Profissionalmente começou a sua carreira em 1996.


Legalize, que se tem notabilizado na interpretação de temas de artistas angolanos dos anos 60 e 70,entre os quais Urbano de Castro, Artur Nunes, tem no mercado os discos "Deus Vive" e "Mulundo".
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Quinta-feira, Julho 12, 2012


Futuro da música angolana ameaçado com "parasitismo" da nova geração


Uma denúncia de Mingo Nunes, trazida há duas semanas pelo Semanário Angolense (SA), tem animado debates no que concerne aos direitos autorais. À parte o exagero de cobrar 100 mil Dólares de indeminização por música, caiu mal a muitos ouvir que a homenagem, "Yuri da Cunha Canta Artur Nunes", teria sido feita sem o consentimento da família.

Nos dizeres de Mingo, que ameaça levar o assunto a tribunal, desrespeitou-se a memória do “Espiritual”, como era conhecido Artur Nunes (autor da canção “belina”, morto na casa dos 30 anos aquando dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977). Yuri da Cunha, que a nível internacional partilhou palco com Eros Ramazotti e Rui Veloso, vê sua imagem beliscada.

Uma conferência de imprensa e entrevistas avulsas revelaram o desmentido de Santinha Nunes, a irmã do falecido músico que teria autorizado o decalque a troco zero, com termo de entrega reconhecido pelo notário. Nessa cruzada, Santinha qualificou Mingo Nunes de oportunista, sugerindo mesmo que fosse ele levado a tribunal e não o Yuri.

Enganou-se quem julgava encerrada a polémica. Juristas e demais gente abalizada no assunto são peremptórios em considerar que a autorização «não é legítima». A condição de irmã (mesmo que de pai e mãe, como vem sublinhando) não lhe torna herdeira dos bens de Artur Nunes, o que por lei, dizem, cabe aos filhos (os descendentes directos) e, na ausência destes, aos pais (os ascendentes, no caso presente a mãe). Nestes casos, a família deve reunir e indicar um representante para cuidar legalmente do património e que, a serem repartidos os direitos de herança pelos irmãos, deve ser de forma equitativa e sem discriminações.

Na verdade, há muito que a onda de jovens músicos reinterpretarem sucessos do antigamente vem sendo vista com maus olhos. Elias Diakimuezo, o também considerado rei da música angolana, mostrou-se preocupado, há alguns anitos, com a falta de criatividade da juventude, que hoje se evidencia com criações de outros tempos, o que fará com que pouco, ou quase nada, tenham a deixar para gerações vindouras.

Paulo Flores (alta referência da composição e canto dos últimos 20 anos), Edy Tussa (que singrou do RAP para o semba), Nanuto (mestre no saxofone), incluem-se nos que usam temas alheios sem a observância dos direitos. Quem o diz é o presidente da Sociedade Angolana de Direitos de Autores (SADIA), Lopito Feijó, que, quanto a “Yuri canta Artur Nunes”, diz que felicitá-lo-ia duas vezes se cumprisse com os pressupostos legais.

«Jovens músicos são preguiçosos mentais», convergem Santos Júnior e Dom Caetano, que só pecam por generalizar. Caetano perspectiva inclusive acionar processo judicial sobre DJ Mania, por este publicar à revelia versão do célebre “sou angolano”, na voz de Karina Santos, esposa do DJ. Conta o SA que DJ Mania teria desafiado Dom Caetano a se queixar onde quisesse, por considerar cubana a música. Magoado, o cinquentenário, que estudou durante cinco anos em Cuba e diz não ter culpas da influência cultural e rítmica disso decorrente, condiciona: «Se ele conseguir provar que Joana Pernambuco, Pedro Franco, João Cometa, Vergonha, Didi da Mãe Preta eram cubanos, então eu é que o vou indemnizar».

Conforme se vê, o triste quadro do mercado musical reflecte a sociedade no geral, onde a impunidade leva ao imediatismo, este à impunidade, e na desordem ganha o “esperto”.

Gociante Patissa, Benguela 12 Julho 2012
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