Entre os vários ângulos da diversidade que é Luanda, recordo aqui a que tem que ver com o fenómeno linguístico. Quem, como eu, teve a sorte de crescer na periferia facilmente recordará aquelas cenas de gente que, depois de passar alguns dias na capital para "se vingar" (entenda-se fazer pequenos negócios, trazer televisor, vídeo, walkman e T-shirts pretas com a cara do Van-Dam ou Commando em ponto grande), voltava com sotaque "retocado" e alguns “neologismos”, tais como: “óle” (para dizer óleo), “dóormir” (aqui um toque francês, talvez pelo convívio com a comunidade da África francófona), “fala com sóieu” (fala comigo), "le coca" (põe o bebé às costas), "saia dé" (saia dela). Certa rapariga, ao ver um ano depois que os rapazes continuavam solteiros, chegou mesmo a dizer que “os homens daqui não mánteum” (onde manter quer dizer viver maritalmente).
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