segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Cidade de Espelhos (trecho do livro “As Crônicas de Hannateur Winks”)

...Noite inquieta. Um salto no escuro. As luzes iluminando as avenidas da cidade enigmática. Um salto de um humano negro que pela noite fria trafega. Um homem negro vestido de preto. Um homem na imensidão da solidão da cidade. A cidade sem uma viva alma. Fria e esquecida ao menos naquela noite. O homem negro caminhava durante longas horas percorrendo ruas e avenidas a procura de uma saída. Acordara no meio da noite. Descera de sua morada e percorrera a cidade como se não tivesse motivo certo. Mas percorrera. Aos poucos suas lembranças foram tomando um rumo mais provável ao destino que o esperava. Deste modo continuava seu percurso e pelas ruas vazias lembranças vinham a sua mente através de raios vindos dos espelhos da cidade. Passara horas caminhando. A cidade era imensa. Uma cidade de espelhos. Moderna e tecnológica. Não precisara de carro. A pé era um percurso certo. Cada ser humano tinha sua hora. E nesta hora seguiria caminhos a principio confusos. Mas que aos poucos iam se encaminhando conforme os raios vindos dos espelhos atingissem sua mente moldando as lembranças ao destino que seria contemplado. E foi assim que o homem negro neste momento se encontrava. A cada passo. A cada rua. A cada avenida percorrida, raios de lembranças invadiam sua mente a ponto de se encaixarem de forma sincronizada o levando para o lugar ideal dentro da cidade. Quanto mais se aproximava do seu destino mais suas lembranças se fortaleciam. Ao chegar ao local, 


um prédio de espelhos de cerca de uns cinquenta e oito andares foi incentivado pela sua mente a subir até o trigésimo sexto andar. Entrou no prédio e começou a subir através do elevador transparente. Chegou ao trigésimo sexto andar. Havia neste andar sete portas. O homem negro esperou alguns segundos. Raios de lembranças não mais o invadiam a mente. Lembrava-se que deveria fazer uma escolha de qual das portas deveria abrir. Eram sete portas que seguiam uma seqüência de números que iam de 361 a 367. Fechara os olhos para acalmar-se. Pensara nas possibilidades que sua mente poderia apresentar como o melhor portal a abrir. Estava em estado de alfa e seu corpo flutuava no corredor do prédio em levitação plena. Dentro de sua mente feixes de raios azuis percorriam todo seu cérebro. E com ele as lembranças mais agradáveis. A velocidade dos impulsos elétricos ficara cada vez mais veloz até descer seu corpo ao solo e abrir repentinamente seus olhos. Dera seis passos e deparava-se de frente com a porta de número 367. Abrira a porta e encontrara um apartamento vazio. Estava completamente vazio sem móveis algum. Andara pelas dependências do apartamento a procura de algo que parecia importante. Da sala passara por todos os ambientes e não encontrara nada. Pensara que sua intuição o havia enganado e escolhera por infelicidade o portal errado. Mas preferiu ficar calmo. Voltara novamente à sala. Ao voltar deparara-se com um imenso espelho na parede ao lado da lareira. Pensara ser uma miragem, pois ao entrar na sala não encontrara nada no primeiro momento. Mas como costume do povo da cidade deveria acreditar. E foi o que fez. Dera alguns passos e ficara frente a frente com o imenso espelho. Olhara sua imagem e gostara muito do que via. Fechara os olhos. Suas lembranças o levaram para um imenso lago com uma casa campestre onde seus pais moravam. Fora para ele o momento mais precioso de sua vida. Tinha a certeza de que a felicidade plena era aquela imagem. Havia naquele filme imagético a lembrança de amor familiar e da confiança que não mais possuía. Possuía na verdade uma confiança que diferia da que tinha naquela lembrança juntos aos pais na casa do lago. Resolvera abrir seus olhos e olhar o espelho. Seus moravam muito longe em uma cidade ao sul de onde se encontrava. Mas não era mais a casa do lado. Mesmo assim sua felicidade estava naquela casa simples com um lago pueril. Olhara o espelho como se fosse sua última vida. Neste momento inúmeros raios partiam de sua mente e se confundiam com o ambiente do apartamento 367 no trigésimo sexto andar do edifício de espelhos. Raios de luz azul que foram se compondo durante seu percurso através da cidade indo de encontro a seu destino. E agora fluíam livres de sua mente para dentro dela em sintonia com o ambiente. O espelho começara a ficar com um aspecto vivo como o movimento de uma lagoa de espelhos. Erguera sua mão direita e com os dedos seguia em direção ao espelho como a tocar. Sentia que seus dedos atravessavam o espelho o sugando para dentro. Seu braço direito e seu corpo inteiro atravessara o espelho até sumir da cidade de espelhos. Sua lembrança fora atendida...
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Com lançamento previsto igualmente para Abril, sai pela editora Armazém Digital e possui três eixos importantes divididos na “A Profecia dos Mundos”, “O Mestre das Sombras”e o “Talismã de Unjon”. Juntos, esses três temas contam de forma espetacular e fantástica a história de Luanda, filha de um casal de proprietários rurais e comerciantes da era medieval que nascera durante um raro eclipse lunar em pleno dia da comemoração do festival da colheita, obtendo a proteção mística da Deusa Lunna. Ewerton Faverzani nasceu em Campo Grande-MS em 1976, atualmente radicado em Rio Branco-AC. ewertonfaverzani@gmail.com
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