quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Em linhas tortas (16)

Se o bom do cantor torrou por sua iniciativa em média 60 mil kwanzas por dia em dois anos a se nutrir de cocaína (o que equivaleria a construir uma casa em condições, se formar nas melhores universidades ocidentais e poupar), isso quer dizer que o orçamento do vício era patrocinado, saía das vendas de CD ou era cachet dos shows? Agora há essa azáfama mediática de todo o mundo querer apoiar, o que seria bom, não fosse a exploração mediática e algum protagonismo de figuras que já apareceram num passado recente a encabeçar campanhas de apoio a músicos em estado de saúde carente (campanhas de arrecadação de bens e receitas cujo fim as famílias do interessado dizem publicamente desconhecer). O próprio Kueno Aionda, no áudio a que sua excelência eu teve acesso, promete, caso apareça apoio para a desintoxicação, ir fazendo publicações nas redes sociais, com direito a directos, do evoluir do tratamento contra a dependência. Nada mais desaconselhável, até porque isso elevaria o grau de expectativas sociais e o colocaria sob a pressão de não errar. Com a carreira a rastejar e sem o amparo dos familiares há mais de seis meses, não restaria estaleca emocional para muitas vagas de depressão e censura. Tanto quanto se sabe, uma recaída não seria propriamente a primeira dele. Se nesta fase a sociedade reagiu à revelação maioritariamente com empatia e fé, é certo que também pode vir a ser cruel numa outra oportunidade. Sou dos que aconselham o apoio mas dispensando a espetacularização do momento menos bom do rapaz, que neste momento vive "de favor" em casa de Titica. Caridade para audiência é pior que a droga, por comprometer exactamente a dignidade de quem anda vulnerável. Melhoras, Kueno, de preferência caladinho (entenda-se em baixa visibilidade). Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa | Catumbela, 18 Janeiro 2018 | www.angodebates.blogspot.com
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