“Aló,
mulher!”
“Sim,
marido, está tudo?”
“Está
e não está…”
“Então,
este recrutamento vai ou não vai? Já fiz a minha parte, que era influenciar o PCA
meu pai a te indicar director dos RH. Agora vê lá se não me fazes comprometer…”
“É
mesmo este o problema, querida. Não está fácil apurar o candidato certo para o
posto de assessor-conselheiro para o PCA meu estimado sogro…”
“Ainda?”
“O
CV’s até têem algum peso, mas quando chega nas entrevistas é que fico
baralhado. Meu amor, não deixa o teu pai me exonerar, pelo nosso amor, faz
favor…”
“Mas
o que é que se passa de concreto?”
“No
perfil dos candidatos. Não se acham qualidades e competências que procuramos…”
“Como
assim?!”
“Repara
que um, ao lhe perguntar as qualidades pessoais, me respondeu que é honesto,
que nota um oportunista à distância. Isso se fala?! Esse assim tem objectivos
na vida?!”
“Esse
é um caso perdido, amor…”
“Eu
falei ‘meu irmão, a pessoa tem que ter metas e espírito de concorrência. Se for
preciso agitar as águas e mostrar o que vales, isso é estratégia de vencer, não
tem nada a ver com intrigas. Se há um mambo da empresa que te pode resolver as
necessidades, você olha mais atrás?! Este é o mundo do chegou e ganhou, ou não
é isso?”
“Puxa,
mor, vendo assim o cenário, são jovens assim sem ambição de subir na vida, né?”
“Ah,
mas ainda não ouviste o outro. Lembras-te de quando nos passaram aquela fórmula
do humanismo contra o pedantismo matemático na gestão?”
“Sim…
quer dizer…”
“Um
então não lhe perguntei já quanto é 100+100? Dá 200!, insistia o burro. Ainda lhe
dei pista para não ir muito por aí, que daria 200 e qualquer coisa, talvez e 20…”
“E
ele?”
“De
maneira nenhuma! Teve sempre professores matemáticos muito bons. Para ele,100+100
é igual a 200, e ponto final! Esse não vai incomodar os saldos do PCA?!”
“É.
Por acaso há que ter cuidado, há pessoas globais que não se ajustam às leis de gestão local…”
"Nem mais..."
"Nem mais..."
“Agora
vamos fazer como, querido, se daqui a pouco termina o prazo?”
“Havia
um miúdo que de longe parecia bom. Alto, musculoso, cara feia, olhos vermelhos.
Lhe perguntei assim: na qualidade de assessor-conselheiro, algumas vezes terás
de dar a cara em nome do senhor PCA. Como é que estamos em termos arrogância?”
“E
ele?”
“Ah
porque ‘como humano, não posso dizer que não tenho, mas procuro dominar os impulsos’.
Mor, esse assim conseguiria encostar os grevistas à parede, tal como falavam
que fazia aquele director karateka que chamava os sindicalistas um a um durante os treinos dele no
ginásio?”
“Mas
o meu pai não tem sorte, ya?”
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Benguela, 31 Janeiro 2018
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