domingo, 31 de dezembro de 2017
Caros amigos, caras amigas, "carnais" ou virtuais, não me sendo possível fazê-lo de forma "personalizada", deixo aqui em modo "self service" os meus votos de boas entradas e êxitos para os vossos sonhos e planos neste 2018. Sirvam-se portanto sem cerimónias. Tirarei umas férias, já cá só volto no ano que vem. Ainda era só isso. Obrigado. Assina: sua excelência eu.
sábado, 30 de dezembro de 2017
Crónica | Segundo foguete angolano descola amanhã
Poucos dias depois da ascensão do
Angosat1, segue para o espaço outra meteórica nave com as cores de Angola, amanhã,
31/12, sem no entanto merecer a mesma euforia, no caso o foguete chamado grelha
de programação na TPA2 made in Semba Comunicação e Westside, que ia já a
caminho de completar uma década na televisão estatal aberta.
Façamos figas para que alguns "produtos" fiquem mesmo plantados
lá longe, na órbita da recordação. O Pato, o Sempre a Subir, o Sexolândia,
entre outros desserviços públicos. Junte-se a ele (não pela autoria,
obviamente) aquele espaço de "hidro intrujice universal" à guisa de
evangelho servido à meia-noite.
Podiam ser repescados outros de feliz memória, tais como o Hora Quente
(talvez com um apresentar um poucoxinho menos morno); o Bodas (que alimenta o
direito muito feminino a fantasiar a chegada do dia de se encaixar num vestido
branco rendado, salpicar arroz no rosto, agrilhoar os dedos de ouro e vasculhar
a lua escondida num mel recheado de libido); o Sessões (espaço acústico que era
servido com pouco menos de 30 minutos de antena, por isso mesmo uma gota no
oceano se comparada com o entulho dos beefs e a promoção atabalhoada do ku-duro
e demais intenções de música de batida electrónica).
Na realidade e meramente numa óptica de observador que por opção não usa
das parabólicas (só consome a TPA mesmo), tudo o que fica deste tempo é a
impressão de termos no estilo de dança/música kú-duro a mentira artística mais
fácil de contar e multiplicar, sem sustentabilidade, a fazer justiça a tantos rostos
e temas (em estado de múmia) que um dia "bateram", com os holofotes
da TV ávidos em impor o estrelato inculto. Quanto ao Tchilar, fica um tanto
faz.
Pouco se aventa a respeito do que anda a ser cozinhado para a nova
identidade da TPA2, pelo que abrir champanhe antes da festa também não se
aconselha nem nos surpreenderia um mais do mesmo, afinal faz parte da nossa
história. Há que dar voto de confiança à vontade do novo titular do
executivo, visando termos "Um
canal internacional que reflita de facto a realidade de Angola, que venda a
imagem Angola, que mostre as suas belezas, que mostre sobretudo as suas grandes
potencialidades, para que desta forma possamos atrair não apenas turistas, mas
sobretudo potenciais investidores".
Até lá, que se ressuscitem o
Leituras (de Luís Kandjimbo), o Vozes do Semba (de Jomo Fortunado), Ecos do
Musseque (de Alves de Jesus), aquela jornada de Em Cena (do teatro em palco),
os programas infanto-juvenis produzidos nas delegações provinciais (nunca se
percebeu bem a razão da extinção do Comboio da Amizade, da TPA Benguela, o
melhor no segmento a nível nacional e "abatido" logo no seu auge, em
finais da década de 1990).
Ademais, auguramos um serviço de TV virado para a pesquisa intercultural, que não
considere o carnaval mais importante nem mais digno de mais horas de cobertura
do que outras manifestações presentes e activas na malha cultural dos vários
povos/nações que formam o projecto de nação chamado Angola. Uma TV que se proponha a ir um pouco além do clichê de ser o semba a bandeira nacional, quando sabemos que não é nem um pouco mais ou menos representativo dos grupos etnolinguísticos de Cabinda ao Kunene, do mar ao Leste. Enfim. Ainda era só
isso. Obrigado.
Gociante Patissa | Benguela, 30 de Dezembro de 2017 | www.angodebates.blogspot.com/
Citação
"Todo aquele que tem hum... tem medo. Eu
também tenho medo, é claro, mas tenho de fazer o meu pão. Sou profissional.
Este é o estilo que criei. Se não trabalhar, vou comer o quê, o medo?"
(Jojó. humorista e crítico social radiofónico. In Rádio MFM, Luanda, 30.12.2017)
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Tendo a nossa família reunido em balanço de Natal, ficou deliberado o seguinte. Ponto único: Sejam felizes e que 2018 olhe mais para a solução do que para o problema
Cumpra-se. Assina sua excelência o engenheiro de nascença Teketé, futuro presidente dos Gociante Patissa e Bastos. Ainda era só isso. Obrigado (os pais que me perdoem por mais esta exposição do meu sobrinho, mas é natal, ninguém leve a mal)
(cânticos em Umbundu) 3.º Improviso de Natal da Família Patissa 2017 Benguela, Angola
O Natal dos filhos e netos de Victor Manuel Patissa e Emiliana Chitumba Gociante, bem como de alguns parentes por afinidade, vivido na casa nossa de férias na cidade de Benguela, foi cheio de improvisos e recreação inter-geracional. Cantamos, dançamos, transmitimos valores de cultura e identidade às crianças, saiu um coral de hinos cristãos (sem ensaios), valorizamos a língua Umbundu. VALEU MUITO, QUERIDA FAMÍLIA!
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
O Natal dos filhos e netos de Victor Manuel Patissa e Emiliana Chitumba Gociante, bem como de alguns parentes por afinidade, vivido na casa nossa de férias na cidade de Benguela, foi cheio de improvisos e recreação inter-geracional
Cantamos, dançamos, transmitimos valores de
cultura e identidade às crianças, saiu um coral de hinos cristãos (sem
ensaios), valorizamos a língua Umbundu. Os próximos dias serão de editar fotos
e vídeos (amadores) de cânticos e brincadeiras. Não foi possível congregar
todos os irmãos, primos, tios, e afins, como se desejava, quer pela limitação
logística quer pelo desencontro de agendas, mas que foi rico, lá isso foi.
VALEU MUITO, QUERIDA FAMÍLIA!
Diário | Não estás em mãos livres, né?
"Aló, cunhada! Feliz ano novo!..."
"Já?! Ainda é só natal. É pressa de quê, minha nhã?"
"Aliás. Feliz natal. Essa boca um dia nos mata, cunhada hahaha..."
"Você não liga isso, minha bro. Estamos bem ali ou não queres dizer nada?"
"Bem é pouco, nhã..."
"Estou já curiosa. E essa euforia, minha ndengue?"
"Ia mesmo falar nisso. Mas, fala ainda uma coisa. Não estás em mãos livres, né?"
"Fica calma, xé! Estou nos fones, bro. Abre a loja."
"Nhã, é assim. Aquele meu pretendente, tipo já lhe preparei o sim..."
"Não faz isso, miúda..."
"Mas porquê?"
"Gostas mesmo dele?"
"Yá. Ele é assim engraçado, tás a ver?"
"Mas acho que não devias aceitar. Espera mais um pouco..."
"Mas, cunhada, não me esconde nada! Sabes alguns podres dele, é isso?"
"Até não. Mas..."
"Mas então esse mas...?"
"Até não sei como falar. Mas é assim, vai-te aparecer um galã, um broto. Se garante, mulher, faz favor! Esse teu pretendente é muito feio, desculpa, nhã... !"
"Ah, mas o primo também não lhe fica atrás, cunhada. Também a beleza não é o ponto forte do teu querido fofinho. Mesmo assim lhe aceitaste e não dás espaço às namoradinhas que se engraçam com ele. Ou não?"
"Mas não se compara, o meu caso é diferente, eu amo o teu primo..."
"Hum! Afinali?..."
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Benguela, 26 Dezembro 2017
Conversa de Bar - Debate solto na Rádio Benguela 24.12.2017 (1ª parte)
Neste áudio estão os primeiros 35 minutos do programa “Bar Aberto” de
24.12.2017, um debate solto e transversal na véspera de Natal conduzido pelo
jornalista Adão Filipe, trazendo no painel da tertúlia na Rádio Benguela três
jornalistas da estação, designadamente Didier Silveira, Ekumbi David e Santos Júnior,
mais três convidados, Cristiano Fernandes (líder associativo juvenil),
Gociante Patissa (escritor) e Gibson Cauanda (jurista).
domingo, 24 de dezembro de 2017
Rubrica GRANDES CONVERSAS entrevista com Gociante Patissa na Rádio Benguela 23.12.2017
Foi ao ar ontem o essencial da entrevista de
perfil que o meu sósia Daniel Gociante Patissa concedeu à rubrica "Grandes
Conversas", conduzida pelo repórter Rádio Benguela Lourenço
Kavanda, do programa "Sábado Fixe" que é realizado e
apresentado pelo conceituado jornalista e director da Estação, Adão Filipe. São 16 minutos de áudio que partilho por esta via, conforme
já é costume dos serviços de apoio a sua excelência eu. Ainda era só isso.
Obrigado
sábado, 23 de dezembro de 2017
Crónica | Que se mantenha ao menos a tradição dos directos
Hoje
voltei a sentar-me ao computador para conceber um programa de rádio. De 2002
para cá, é pela quarta vez que o faço no quadro de um amor platónico que me
liga à rádio. Penso num esteio entre o livro e a tradição oral, um pouco de informação
do mundo cultural e meter entrevistas no barulho. Vão perguntar se a minha
utopia de criar uma a rádio avançou ou se recebi convite para colaborar em uma
e assim alargar as fontes de receitas, certo? A resposta é não. Então para quê
matar a cabeça no vazio?
Ora,
pode ser uma "pancada" de família, afinal o meu pai chegou a
mobilizar um motorista e o seu cobrador antes de chegar o carro, uma camioneta impingida
com catálogos e factura pró-forma da Cosal por um burlesco correligionário a
pretexto de reconhecimento do Comité/Governo Provincial de Benguela, pelo sacrifício
consentido.
Foi
em 2002 que estruturei o primeiro programa, muito cru ainda em cultura geral,
habilidades ao microfone e gestão de tensão de estúdio. Apresentei-o à Rádio
Morena Comercial (RMC), foi depois encaixado como rubrica quinzenal de meia
hora no "Tarde Viva", de Ekumbi David, estrela do entretenimento. Ficcionei
cenários difíceis para discutir desfecho com ouvintes ao telefone. Tal
aventura resultara da insatisfação pelo facto de, em finais da década de 1990 na
Rádio Lobito, a locutora Kieza Silvestre deixar de citar os autores das estórias
que lia no seu programa, João Paulo Segundo e eu.
O
espaço e o estagiário auto-didacta acabaram por não acrescentar valor à grelha,
pelo que a sua duração foi curta. Mas foi suficiente para lançar a semente de
uma relação cordial com o colectivo da RMC, dirigido por José Lopes. Na
verdade, anos antes já havia tentado no casting, em resposta ao anúncio
comandado por José Cabral Sande, não tendo na ocasião o mínimo de potencial para
sobreviver ao crivo documental.
Em
2003, estruturei para espaço de antena pago na RMC o programa "Palmas da
Paz". Era Coordenador Executivo e mentor do sistema de comunicação
institucional ao serviço da ONG AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade). Uma
hora semanal de debate sobre reconciliação, cidadania e prevenção de conflitos
no contexto pós-guerra, às vezes “incómodo”, dada a pluralidade e temas
candentes. Nessa altura, para além de "devorar manuais", trazia na
bagagem um curso básico de jornalismo do centro do padre Passagem.
Em
2006 criamos o "Viver para Vencer", também da AJS, desta vez com a
dicotomia cidadania e saúde preventiva. Introduzimos o drama radiofónico e uma
rubrica de homenagem com entrevistas de perfil a pessoas anónimas que são pela
sua vivência um exemplo de persistência e motivação. Alargamos igualmente o
tempo para hora e meia.
Em
2012, submeti um projecto à Rádio Benguela, que foi inserido como rubrica
semanal de meia hora no “Geração Viva”, do conceituado jornalista Gilceu de
Almeida. O “Espaço Literatura - Entre o Livro e a Tradição Oral Africana” foi
ao ar quatro vezes em Abril, sem gravar indicativo. Reunia informação cultural,
entrevista (com os escritores David Capelenguela e José Luís Mendonça foi ao
telefone), resenha de obras literárias e sabedoria popular. Tive de interromper
a experiência para reavaliar alguns pressupostos.
E
pronto, programa concebido! Mais um sonho. Para quando e onde a emissão? Não faço
ideia. Que se mantenha ao menos a tradição dos directos. Ainda era só isso.
Obrigado.
Gociante
Patissa, Benguela | 23 Dezembro 2017 | www.angodebates.blogspot.com
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Just a question | E NA CASA?
Numa altura em que o MPLA recupera paixões por
arrasto do seu vice-presidente JLo nas vestes de presidente da república, a
coligação CASA-CE "inova" no cardápio de divergências internas.
Excelências, vocês que entendem estas coisas de ciências políticas e politiquices
à mwangolê, sua excelência eu mba ainda se pagou lá uma pergunta: uma
hipotética expulsão dos militantes que façam parte do recém-lançado partido
denominado PODEMOS-JA, aqueles que até então não tinham substrato
partidário, conforme se aventa a nível do órgão presidencial (colegial) não
iria desembocar na perda dos dois galvanizadores líderes, que já se
manifestaram solidários ao que consideraram de necessário enquadramento legal
para os "independentes"? Se isso ocorrer, não se vislumbrando em termos
mais imediatos alguém com carisma dentro da estrutura para preencher as vagas
de Abel e Miau, a nossa sugestão, olhando para o carisma e popularidade, aqui
fica: Presidente da Coligação, Sapo Lee. Vice-presidente, Joana Clementina.
Ainda era só isso. Obrigado | http://angodebates.blogspot.com/
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
Just a question | Igrejas moralizando igrejas?
Quando surgem escândalos públicos de charlatanismo, a TPA tem sido impecável em destacar repórteres para abordar o assunto. Para o enquadramento do choque desta semana no Lobito onde uma família foi enganada ou deixou-se enganar pela falsa promessa de ressuscitar um parente, o que fracassou ao cabo de sete dias, tendo como bom exemplo de mau exemplo um pastor da igreja Pentecostal Shalom, foi entrevistado um proeminente antropólogo que é também e fundamentalmente padre da igreja Católica. Na verdade, não é a primeira vez que tanto na TPA como na Rádio Benguela, é chamado um lider cristão para "criticar" conduta, digamos, de outra denominação religiosa. Geralmente falam católicos, tocoistas, metodistas, a IESA e adventistas. A pulga atrás da orelha é esta: qual é a garantia, caso exista, de equidistância nestes casos? Pode a sociedade esperar dos órgãos de comunicação igual forma de proceder perante um escândalo envolvendo estas denominações que geralmente aparecem como fazedoras de opinião com peso de autoridade em problemas envolvendo igrejas? Ainda era só isso. Obrigado. Gociante Patissa | www.angodebates.blogspot.com
Da série o que ficou de bom neste 2017 (1) | Divulgar trabalho?
Neste 2017 que termina, de poucas realizações a
nível pessoal, ressalto que aprendi mais uma grande lição com escribas
veteranos. Quando te pedirem texto a pretexto de ganhares com a divulgação
(como escritor, jornalista ou o que for) para uma obra que acabará no mercado,
podes sempre perguntar se esta pessoa proponente chamaria, por exemplo, um
pedreiro para escavar a fossa de sua casa e dizer que não paga, pois era para
dar uma oportunidade de o pedreiro divulgar o seu trabalho. Grande José Luís
Mendonça. Ainda era só isso. Obrigado http://angodebates.blogspot.com/
JLo, exonere lá também a falta de cursos de mestrado na província de Benguela, ota! Uma comunicação socialzinha, tipo, né? Estamos mbora velhos, sem bolsa integral do estado nem herança familiar nem aquela margem etária de largar tudo e ir ao estrangeiro por conta e risco próprios... para depois voltar com a resma de certificados e CV nas axilas à procura de novo emprego. Meu velho, naquela base, ya? Ainda era só isso. Obrigado.
Crónica | A Caixa Postal 208 já não tem vida
Foto de arquivo |
A
primeira paragem no cumprimento de um itinerário improvisado foi na Estação dos
Correios. Uma nuvem de tristeza pintou-se no ar. A caixa postal 208 já não tem
vida. A IESA (Igreja Evangélica Sinodal de Angola), do Alto Niva, na Catumbela,
pôs fim à sua titularidade. É como se parte da minha história morresse. É compreensível
a decisão do ponto de vista de custo/utilidade. Os tempos são outros. Hoje impera
a rapidez das TICs. Encomendas da cooperação Suíça poderão, por outro lado, ter
deixado de existir.
A balconista,
como se parasse no hiato entre 1994 e a data presente, recebe-me com a mesma
simpatia e carinho. O aro da porta faz sombra, cobre-lhe metade do rosto pela
zona das suíças, mas o tempo, este irrefutável critério da erosão biológica,
ancorado em meia centena de velas sopradas, espreita pelas grisalhas madeixas
fora do lenço. É uma relação de cumplicidade gravada há 23 anos. Estás homem!,
exclama ela. Eras bem pequeno, ene!, prossegue. Afinal o tempo mesmo passa, e nós
estamos aqui!, conclui.
Uma estação
rendida ao estaticismo. Funcionária solitária, apartados às moscas. Nem desporto
no rádio. Parece ter sido descoberta uma nova vocação: contar as horas até
largar. Alguns rostos já não se acham no CTT. A morte conhece-lhes o paradeiro.
Outros tomam conta da aposentação, caminho que se desenha para a veterana balconista.
Meados de
1994. Influenciado por Betinho Muandoji, creio eu, embarcaria um estudante da
6.ª classe, 15 anos, sonhador q.b., no saudável vício de corresponder com um
mundo algo fantasioso, Portugal na primeira linha. Na era em que as redes
sociais operavam na arte da carta convencional e a uma velocidade de dois ou
mais meses entre a expedição e a resposta, podemos dizer que os selos constituíam
o que hoje chamamos de despesa com o saldo. Selos, cola branca e envelopes feitos em
casa de resmas de papel A4.
O mais
caricato. Juntando a fome e a vontade de comer, chegaria a atrair um jovem
patrocinador, o Antunes Manjolo. Este custeava as despesas e eu redigia as cartas
para o mesmo receptor a duas mãos, literalmente, disfarçando assim a paternidade
da caligrafia, na ausência de uma máquina de escrever. Para mim, com a mão
direita. Para ele, com a mão esquerda. E cada envelope chegado punha o coração
aos pulos, tal era a ansiedade. Benfica, Porto, aqueles autocolantes, posters,
cartazes, ah!... e amigos singulares.
Perdeu-se
a conta dos selos lambidos, dos envelopes espalhados, das caminhadas a pé desmentindo os quatro ou mais quilómetros de sol e pó entre o bairro da Santa Cruz, no Lobito,
e a Catumbela. A procissão tinha de ser a uma periodicidade apertada, nunca superior
a uma semana. O receio, a roçar o vexame, morava no risco de os irmãos do
secretariado chegarem primeiro e recolher as correspondências, que seriam mais
tarde divulgadas durante o culto no espaço dos anúncios sobre o trabalho da
igreja. Estando já desvinculado do grupo infanto-juvenil Pré Educação, então quem
levantaria a mão seria a minha mãe, logo ela que mal gostava de exposições. A verdade
é que nunca questionou.
Passei a
tarde de hoje na vila da Catumbela e aproveitei para passear pelas memórias de
estudante. Nada é para sempre, nem a caixa postal 208. Ainda era só isso.
Obrigado
Gociante Patissa
| 20 Dezembro 2017 | www.angodebates.blogspot.com
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Opinião | Saudar sempre, caros políticos
Caros políticos representantes de partidos e coligações na província de Benguela,
Ao frequentar espaços públicos não se esqueçam daquele gesto antiquado chamado saudação. A partir do momento em que se metem nessa actividade, a da política partidária, perdem o direito de escolher quem cumprimentar ou então aquela coisa de "hoje não acordei bem disposto". Não sugiro beijarem pés e mãos, mas um simples bom dia, boa tarde ou boa noite pode fazer a diferença na impressão com que fica o potencial eleitor. Ah, estão a poupar a voz para a estratégia de criticar a situação aos apelativos microfones nacionais e internacionais, né? Também dá, só que fazer opinião por meio da imprensa é bom, mas tem de ser reforçado com um toque de personalização e humanidade, digo no dia-a-dia. Uma mensagem pública cai melhor ainda ao coração quando associada à impressão favorável que se tem de quem a emite. Parece paradoxal, mas se calhar mais energia devia ser investida em aproximar-se ao desconhecido, que representa um voto a conquistar para lá da nossa zona de conforto. O cidadão precisa de sentir que a figura pública que por ele passa se importa com a sua presença, que não é invisível. O contrário pode, mesmo sem querer, sugerir desprezo. Excelências, se a formação superior e o status nos colocam acima do mais elementar gesto da socialização, que é saudar, e não damos conta disso, então pode ser já um sinal de ser necessário seguir outro rumo de não-exposição. Um político que ainda antes de assumir o poleiro não dá sinais de se rever na atitude de servo do povo pode ser útil, mas é parcialmente, pois arrisca-se a representar apenas um emblema, não vontades e aspirações. O vosso papel é importante na consolidação da democracia, daí sua excelência eu voltar a ser chato neste quesito. Não é na campanha que se fazem votos, caros compatriotas, é antes. Ainda por cima, o concorrente chama-se João Lourenço, que neste momento até já pode ser considerado a estrela mais cintilante da política nos países africanos de expressão portuguesa, passe o exagero. Esta é a contribuição em jeito de assessoria desinteressada de sua excelência eu. Pronto. Ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa | Catumbela, 20 Dezembro 2017 | www.angodebates.blogspot.comterça-feira, 19 de dezembro de 2017
Crónica | SAIR COMO ENTROU, LDA.
Imagem do site EuContigo |
Uma sociedade que regista 40% de divórcios de
um universo de seis mil casamentos realizados só de Março a Dezembro do mesmo
ano... não deveria considerar a ideia de atribuir subsídios de coerência aos solteiros
e solteiras maiúsculos e bem definidos?
JLo, isto fica mesmo assim, não vai fazer
nada?! Exonere ali qualquer coisa (ó pai da Angola reformada)... Ou os
conservadores ou os padres ou os pastores, meu. Ou então exonere mesmo o
próprio casamento, não custa nada, é só um decreto a tipificar o ritual como
estando a prejudicar o IFN (Índice de Felicidade Nacional). É que qualquer dia
já não conseguiremos dar conta das estatísticas, que isso está a dar divórcios
a granel, né?…
Caro amigo virtual Faustino Amândio Tino, só ontem soube da existência da sua BANDA (maiúsculas propositadas), MBIMBY, a qual aplaudimos imenso no show dado no programa Hora Quente da TPA2
Aplaudimos também as lágrimas que fugiam ao seu
mentor. Parabéns! Para se chegar ali, é claramente enorme o trabalho feito,
como pai, como pedagogo, e acima de tudo como SONHADOR. Gostei ainda mais da
responsabilidade e comprometimento que demonstrou com a nossa herança cultural,
vendo os miúdos cantarem na nossa língua Umbundu. Ao longo da semana, quando tiver
um pouco mais de tempo, irei escrever uma crónica sobre a sua gesta. Gostaria
imenso de poder contribuir, mas ao meu nível só posso se quiserem letras/poemas
a serem usicados. Quando eu for ao Namibe (a minha segunda província
preferida) entrarei em contacto. Ou se vocês passarem por Benguela, dê um sinal
para trocar breves impressões. Um abraço de Benguela. Ainda era só isso. Obrigado.
Gociante Patissa
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
Curiosidades e memórias da AJS (18) | 18 DE DEZEMBRO DE 1999 – 18 DE DEZEMBRO DE 2017, AJS 18 ANOS. DA LEVA DE FUNDADORES, FALTA-NOS O CAMBOMBA
Termina hoje um conjunto de 18 artigos publicados sob o genérico «Curiosidades e memórias da AJS» para coincidir com o 18.º aniversário da Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), ONG de âmbito provincial com sede na cidade do Lobito, na província de Benguela.
Combinando textos novos devidamente assinados e uma compilação do arquivo publicado pelo Boletim “A Voz do Olho”, veículo informativo AJS (hibernado), lancei este exercício agridoce, da minha inteira responsabilidade e alicerçado na legitimidade de membro fundador, no sentido de contribuir para deixar algum registo da nossa agremiação, a qual muitos só conheciam pela face exibida da porta para fora, como tal relativamente “cosmética”.
Combinando textos novos devidamente assinados e uma compilação do arquivo publicado pelo Boletim “A Voz do Olho”, veículo informativo AJS (hibernado), lancei este exercício agridoce, da minha inteira responsabilidade e alicerçado na legitimidade de membro fundador, no sentido de contribuir para deixar algum registo da nossa agremiação, a qual muitos só conheciam pela face exibida da porta para fora, como tal relativamente “cosmética”.
A “maioridade” da AJS, que era suposto, pelo simbolismo que carrega, acontecer num clima de congregação de um conjunto de membros matematicamente coincidente, 18, esteve longe disto mesmo. Os factores são vários e parte deles foi espelhada nos 18 artigos que podem ser consultados pela palavra-chave «Curiosidades e memórias da AJS» aqui e no blog Angodebates através do link https://angodebates.blogspot.com/p/curiosidades-e-memorias-da-ajs.html.
A primeira curiosidade é em jeito de homenagem a um dos fundadores e assíduos membros nas reuniões que tinham lugar à sombra de qualquer árvore na fase embrionária da AJS, quando nem um beco sequer para as reuniões da comissão instaladora havia e a escola Rei Mandume falhava a promessa de emprestar uma sala. Falo de Avelino Cambomba, professor de profissão, que “ascendeu” há coisa de cinco anos. Era da linha dos mais kotas, recrutado pela relação de colega de escola e pela personalidade. A vida de Cambomba foi marcada por uma tenacidade notória, muitas vezes recorrendo ao triplo esforço, senão mais, contornando os obstáculos de quem tem problemas motores em função de uma paralisia na infância, um dos quais a peleja diária por um lugar nas carruagens de comboio do CFB em direcção à escola.
A outra curiosidade está na frustração de nunca termos conseguido, e aqui faço a mea culpa de mentor da ONG, mobilizar cérebros para ocupar os lugares nas demais estruturas dos órgãos sociais, nomeadamente o Corpo Directivo (órgão estratégico e delineador de políticas) e a Mesa da Assembleia Geral (órgão deliberativo e poder soberano), o que sobrecarrega em tarefas e competências a Coordenação Executiva. É uma realidade comum na sociedade civil angolana onde as vicissitudes da vida urbana retiram das prioridades o voluntariado. Algumas associações são felizes em assegurar o espírito cooperativista, outras nem tanto. Aspectos como a prestação de contas, a disciplina, o zelo do património e dos ideais, assim como o recrutamento de membros acabam à mercê da subjectiva agenda de quem gere a instituição.
Face ao alegado abandono da AJS por parte dos “históricos”, vale rememorar a assembleia geral de membros que se encontra PENDENTE HÁ SEIS ANOS (fora deliberada para ocorrer três meses após a assembleia extraordinária que contou com a mediação externa), visando aprovar as contas, actualizar o regulamento interno, os estatutos, quiçá o plano estratégico. Estatutariamente as assembleias ordinárias devem ser anuais.
Fecha-se com o inevitável elogio à Coordenação Executiva por manter a casa aberta, pelo crescimento no património material e no palmarés no que respeita à relação de confiança com doadores para implementar projectos.
AJS – “Humildade, Justiça e Solidariedade”
Catumbela, 18 de Dezembro de 2017
Daniel Gociante Patissa (Membro Fundador)
domingo, 17 de dezembro de 2017
sábado, 16 de dezembro de 2017
Opinião | Alô, Ministério da Cultura, prémio para fomentar línguas nacionais não resulta sem investigação e norma
Foto: Angop |
Tomei conhecimento do anúncio feito por vossa excelência quanto à instituição de um prémio para a literatura feita em línguas nacionais em Angola, aquelas que heroicamente resistem há séculos à hegemonia institucional e institucionalizada do "monstro" e pouco dialogante no campo-intercultural de nome língua portuguesa.
Obituário | Cultura em Benguela mais empobrecida
Tó Manenje (Foto: facebook dele) |
Foi-se o Tó Manjenje, músico e quadro do
Ministério da Cultura, tendo sido pelo menos até 2008 o Chefe do Departamento
da Cultura em Benguela.
Nascido aos 21 de Junho de 1965, António Hugo de
Oliveira Manjenje, o militante cultural, vinha travando com heroísmo, há já
alguns anitos, a luta contra as sequelas de uma enfermidade de foro cardíaco
que o afastaria do aparelho administrativo mas que foi incapaz de impedir o
ímpeto criativo e resiliência do homem da boina. Perdeu a vida esta sexta-feira,
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Just a question
Os engenheiros, os advogados, os médicos, os
contabilistas, os engenheiros, todos estes têm uma Ordem da classe. Os
jornalistas é que são desordeiros, ao ponto de só terem sindicatos? Ainda era
só isso. Obrigado
PS: Nada de levar a mal, era só para provocar mesmo.
Curiosidades e memórias da AJS (17) | “NOSSA VACINA É A INFORMAÇÃO”
Guga (esq.), Luzia, Salomão, Maria e Celma |
Na foto, a equipa de activistas da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade) comandada pelo mobilizador
social António Salomão Gando, durante a sensibilização interpessoal na área do
Curral, Catumbela, enquanto decorria o Afrobasket 2007. A promoção da saúde
pública exige, a AJS através dos seus projectos intensifica cada vez mais e
melhor a marcha pelas comunidades, disseminando informação e sensibilizando
moradores face à necessidade de prevenir o risco de propagação das infecções de
transmissão sexual (ITS).
Línguas gelos e labaredas
redundância
que
leva à pirâmide
enquanto
no gelo
dorme
o oxigénio
que
falta à labareda
só
lembrada na cor da língua.
Cada
limite
novo
começo
multiplicação
ou
soma
processos
levam
ao mesmo
repetição.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Já agora na hora de repatriar o dinheiro que foi investido no estrangeiro, cujo prazo obrigatório vence em Fevereiro de 2018, os compatriotas podiam
... assim tipo deduzir uma parte da verba em ciganos? Podem dar jeito em inovar nos painéis de análise na nossa imprensa, quiçá na assessoria a dignitários, convencidos que andamos praticamente todos do quanto as projecções, explicações e baralhares dos nossos brilhantes sociólogos, juristas, politólogos, sofistas, elogiólogos, jornalistas, partidólogos, charlatólogos, enfim, só para encurtar a lista, não acertaram em uma só mosca. A culpa não pode ser dos silogismos, nem das deduções e induções históricas de contexto. Pode até ser uma questão de ponto de partida, se calhar a compreensão da essência da política interna angolana foi destinada a ser caso de quiromancia. Eu até já higienizei mbora a mão. Seja como for, ainda era só isso. Obrigado
Hino Nacional da República de Angola cantado na língua Umbundu (Elias Kapitango "Kunde Kwa Lile")
Iniciativa do senhor Elias Kapitango "Kunde Kwa Lile", actuando à margem da apresentação da monografia de licenciatura de seu sobrinho no Instituto Superior Jean Piaget de Benguela no dia 11/12/2017
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Curiosidades e memórias da AJS (16) | NO PERÍODO “ROMÂNTICO” DO ASSOCIATIVISMO, AS CONTAS DA AJS NUNCA BATIAM CERTO
Jacinto Faustino "Lito" (à esquerda.) e Amândio Serviço |
Um inusitado problema contabilístico
marcou os primeiros anos de vida efectiva da ONG. As saídas eram superiores às
entradas. Explico-me. Se o elementar paradigma da contabilidade é ver quanto
entrou, quanto saiu e ver quanto sobra, no caso da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), havia muito mais gastos
do que permitiria a existência resultante das quotizações dos membros. É que
levávamos a coisa de um modo tão “romântico” que despendíamos do próprio bolso
sem prestar atenção a registos e/ou facturações para posterior devolução. A
justificação técnica depois consistia em qualificar a diferença como “doações
indirectas”.
A matriz cooperativista da AJS é suis generis. A sua composição deriva da coligação de afinidades, que vem do parentesco, de amizades prévias, de irmandade religiosa em alguns casos e, sobretudo, de colegas de escola. Daí que se defenda a existência de uma vida interna responsável pela contenção diante de conflitos internos, vida interna esta que soçobra a partir do ano de 2007, com a “desactivação” das assembleias gerais (ordinárias e pacíficas) de membros, fórum ideal de socialização e reinvenção do sentimento de pertença. Vamos à história.
Em finais de 1998, espalha-se pelo bairro do São João e arredores a fama da APDC (Associação de Promoção do Desenvolvimento Comunitário), liderada por Jacinto Faustino “Lito”. A par das noites dançantes, levavam a cabo campanha de construção de latrinas “melhoradas”, por via da distribuição de lajes, com o apoio da Save The Children UK, representada pelo (belga) Jean. Na segunda quinzena de Dezembro do ano de 1999, aproximamo-nos ao Lito (colega na Sonamet) para obter pistas de como constituir uma ONG e este deu-nos também a Lei das Associações.
Determinado, Daniel Gociante Patissa convence o seu amigo Edmundo da Costa Francisco, que conhecera na escola do 3.º nível dos Bambús da Catumbela por volta de 1995, onde este último se destacava pelo nível de inteligência e índole calma. Incluem a Flora Domingas da Costa Francisco “Mirita”, uma dinâmica escuteira e poço de simpatias. O último a entrar é Simão Marques, um motivador carismático ligado à igreja Católica no Bairro da Santa Cruz.
Na tentativa de legalizar a AJS, fazendo-se acompanhar de um manifesto/estatutos de quatro páginas, digitalizado pela senhora Helena da Costa, mãe de Edmundo e Mirita, somos “rechaçados” pelo oficial do Cartório Notarial do Lobito (Sr. Abraão), que por sua vez recomenda uma leitura melhor da Lei das Associações. Sugeriu "imitar", ali mesmo, os estatutos da ANABOC (Associação dos Naturais e Amigos do Bocoio) que, curiosamente, nunca saiu do papel.
Mobilizam-se três novos membros, a Arminda Kanjala Gociante Patissa, o Amós Chitungo Gociante Patissa e o Amândio Serviço, optando pelo valor mínimo na exigência de sete a 14 assinaturas. Postos no Notário, mais um chumbo. Tivemos de acrescer mais sete assinantes. Assim entram os irmãos Malaquias Catanha Fernando e João Jorge Fernando, o César Menha (colegas de escola de Edmundo no Puniv), bem como o Jaime Caliongo, o Avelino Kambomba, o Henrique Chissapa Januário, o “Chimangá” e a Delfina Kandolo.
A matriz cooperativista da AJS é suis generis. A sua composição deriva da coligação de afinidades, que vem do parentesco, de amizades prévias, de irmandade religiosa em alguns casos e, sobretudo, de colegas de escola. Daí que se defenda a existência de uma vida interna responsável pela contenção diante de conflitos internos, vida interna esta que soçobra a partir do ano de 2007, com a “desactivação” das assembleias gerais (ordinárias e pacíficas) de membros, fórum ideal de socialização e reinvenção do sentimento de pertença. Vamos à história.
Em finais de 1998, espalha-se pelo bairro do São João e arredores a fama da APDC (Associação de Promoção do Desenvolvimento Comunitário), liderada por Jacinto Faustino “Lito”. A par das noites dançantes, levavam a cabo campanha de construção de latrinas “melhoradas”, por via da distribuição de lajes, com o apoio da Save The Children UK, representada pelo (belga) Jean. Na segunda quinzena de Dezembro do ano de 1999, aproximamo-nos ao Lito (colega na Sonamet) para obter pistas de como constituir uma ONG e este deu-nos também a Lei das Associações.
Determinado, Daniel Gociante Patissa convence o seu amigo Edmundo da Costa Francisco, que conhecera na escola do 3.º nível dos Bambús da Catumbela por volta de 1995, onde este último se destacava pelo nível de inteligência e índole calma. Incluem a Flora Domingas da Costa Francisco “Mirita”, uma dinâmica escuteira e poço de simpatias. O último a entrar é Simão Marques, um motivador carismático ligado à igreja Católica no Bairro da Santa Cruz.
Na tentativa de legalizar a AJS, fazendo-se acompanhar de um manifesto/estatutos de quatro páginas, digitalizado pela senhora Helena da Costa, mãe de Edmundo e Mirita, somos “rechaçados” pelo oficial do Cartório Notarial do Lobito (Sr. Abraão), que por sua vez recomenda uma leitura melhor da Lei das Associações. Sugeriu "imitar", ali mesmo, os estatutos da ANABOC (Associação dos Naturais e Amigos do Bocoio) que, curiosamente, nunca saiu do papel.
Mobilizam-se três novos membros, a Arminda Kanjala Gociante Patissa, o Amós Chitungo Gociante Patissa e o Amândio Serviço, optando pelo valor mínimo na exigência de sete a 14 assinaturas. Postos no Notário, mais um chumbo. Tivemos de acrescer mais sete assinantes. Assim entram os irmãos Malaquias Catanha Fernando e João Jorge Fernando, o César Menha (colegas de escola de Edmundo no Puniv), bem como o Jaime Caliongo, o Avelino Kambomba, o Henrique Chissapa Januário, o “Chimangá” e a Delfina Kandolo.
A luz malandra da Ende...
... por acaso se comportou, dormiu mesmo lá em casa, mas é na casa de banho, pois o castigo ainda não acabou. Porque não pode ser assim à toa que se repõe a confiança de quem nos desilude. O problema só, outro mais, foi o mosquiteiro, que deixou passar o inimigo. Resultado: esta noite, sua excelência eu foi um gigantesco Sushi dos mosquitos. Pelo que se nos próximos dias a malária nos levar, a homenagem que desde já agradeço é darem o kumbu das condolências em divisas, assim tipo euros ou dólares, estão a ver, né? Não é por mal, é só para se certificarem de que não vamos plagiar óbitos e quê e tal. Temos de ser originais, ou não? Pronto. Ainda era só isso. Obrigado hahaha
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Sua excelência eu esteve no Instituto Jean Piaget esta tarde onde integrou o painel de júri (arguente) na defesa da monografia de licenciatura no curso de Português e Línguas Nacionais (componente Umbundu). O que não esperava era receber o carinho de estudantes que reconheceram o escritor e tomaram a liberdade de tirar umas fotos para a posteridade. Ainda era só isso. Obrigado
Curiosidades e memórias da AJS (15) | BOLETIM DA CULTURA E DA CIDADANIA VAI PARAR OUTRA VEZ
Tudo
indica que, no final deste ano, este Boletim informativo [designação modesta
para o nosso jornal institucional] enfrentará mais uma pausa indeterminada,
ainda, imposta pela inexistência de recursos para a sua reprodução. Como vem já
sendo anunciado em edições anteriores, aproxima-se o mês de Dezembro, que marca
o período de férias da equipa dos projectos “Viver Contra a Sida-3, Cidadania e Saúde Preventiva”, e do “Palmas da Paz”, financiados pelo
Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela Embaixada
Americana, respectivamente.
domingo, 10 de dezembro de 2017
Depois de 24 horas na vadiagem,
a malandra luz da Ende me apareceu já à noitinha, envergonhada, a correr para as lâmpadas. Sua excelência eu nem lhe deu confiança! Ou fiz mal? Só lhe falei no coração uma coisa: p'ro castigo, amanhã vais limpar o que azedou na geleira por causa das tuas brincadeiras às escondidas, ouviste, né? Assim ainda estou a desconfiar que ela, nada fiável como é, sairá de fininho pela madrugada, sem deixar recado. Pronto. Ainda era só isso. Obrigado.
Curiosidades e memórias da AJS (14) | SABINO NUNDA CASACO, UM DOS BENEVOLENTES DESCONHECIDOS QUE DERAM VIDA À AJS
A história das instituições, a partir do
momento em que estas saltam da esfera do sonho para a materialização, legitima
várias perspectivas. E como só podia ser de uma ingenuidade gigante esperar que
exista apenas uma versão de registar a trajectória e o impacto junto da
sociedade, que é em fim último o beneficiário do altruísmo, a história da AJS
(Associação Juvenil para a Solidariedade) é passível de ser colhida pela
perspectiva dos protagonistas, pela das testemunhas, pela dos continuadores.
Ultimamente, passou a contar também a versão das vítimas (aqui um lamentável
fruto de umas e outras escolhas).
Oi, tudo a andar? Por cá também, só a luz que dormiu fora. Mas ela vai ouvir das boas quando aparecer. Ah, mas vai mesmo! É no que dá meter-se em más influências. Não se lembra do caminho para a casa. Aconselhem-na. Ou será que vocês também, tal como ela, dormiram "acesos"? Ainda era só isso. Obrigado
sábado, 9 de dezembro de 2017
Curiosidades e memórias da AJS (13) | A PROBLEMÁTICA 1.ª VIATURA DA AJS, UM TESTE À HONRA DA ONG JÁ ANTES DA DOAÇÃO
Tem-se dito que na arte de coleccionar
relíquias, o valor alto que é pago não é pelo artigo como tal, mas sim pela
história em torno dele. Diremos, adaptando a asserção, que o valor da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade) é
para nós fundamentalmente imaterial, um afecto que de resto, dada a natureza
humana, nem sempre resulta transmissível. No apontamento de hoje, o assunto é a
viatura Toyota Land Cruiser Prado (“chefe máquina”), o primeiro (único até ao
momento) zero quilómetros na história da AJS e o que nos custou a sua obtenção.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Curiosidades e memórias da AJS (12) | MALAQUIAS FERNANDO, UM DOS CINCO SIGNATÁRIOS DA ASSEMBLEIA-CONSTITUINTE
Malaquias
Catanha Fernando integrou a Comissão Constituinte, cinco membros a quem coube a
missão de subscrever a escritura da AJS (Associação Juvenil para a
Solidariedade) no Cartório Notarial do Lobito, no primeiro trimestre do ano de 2000, aquando da formalização da ONG.
"Da impressão que tenho dos 10 anos de percurso da AJS, digo que é uma
organização madura, pois que passamos por momentos difíceis, e também por aquilo que são
as acções desenvolvidas", referiu o membro fundador e contabilista
voluntário durante os primeiros anos de abertura da sede da Organização.
Instado sobre qual seria sua resposta caso fosse outra vez convidado a integrar
uma associação em fase embrionária, disse: "realmente é um pouco complexa
a ideia, mas, na verdade, aceitaria".
In Boletim “A Voz do Olho” (AV-O), Edição Especial—10º
Aniversário da AJS, Dezembro de 2009
Curiosidades e memórias da AJS (11) | Descobrindo novos valores em prol da cultura – A PROPÓSITO DO GRÉMIO DE ARTES "ELONGISO"
O Grémio de artes “Elongiso” foi fundado a 11/07/07, no bairro Santa
Cruz, Lobito, congregando 15 jovens
moradores dos bairros de São João, Kalumba, Santa Cruz e comuna da
Catumbela. É uma iniciativa autónoma que conta com a colaboração de várias
instituições, estatais, do sector voluntário e singulares.
O grupo desenvolve actividades
culturais, tais como o teatro, a dança, a poesia, a música, entre outras artes.
Também já levou a força da sua recreação aos palcos dos municípios da Baia
Farta, Caimbambo e Cubal, no âmbito do projecto “Noite Cultural”, que visa a
descoberta de novos valores no mundo das artes
e realização de debates e palestras sobre problemáticas que assolam a
sociedade, e a juventude, em particular.
Enquanto batalham
para a sua consolidação, os jovens contam com o amparo da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), com a qual
partilha os escritórios.
In
Boletim “A Voz do Olho” (AV-O), Edição Especial—10º Aniversário da AJS,
Dezembro de 2009
Para debate | Há ou não uma tendência de predominância nortenha no inventário oficial das glórias nacionais? Fundamente
Enunciado: Sempre que visito a cidade do Huambo, no
perímetro que vai do Jardim da Cultura até ao Pavilhão Multiusos/Estufa, me
questiono quanto aos critérios levados em conta na hora de plantar as estátuas
e bustos ali presentes. Há simbolismo de homenagem a entidades ocidentais,
herdadas provavelmente da era colonial, há também rostos de heróis nacionais. Salta à vista a heroína Deolinda Rodrigues (como de
resto parece ocorrer em todo o país). As questões são as seguintes:
(1) Terá havido nos anais da história alguma façanha em
especial protagonizada pela eterna Deolinda Rodrigues no Huambo?
(2) Não se consegue junto de fontes orais pesquisar se
houve também durante os séculos de resistência alguma mulher da região do
Huambo (Wambu) que pela sua valentia mereça uma estátua/busto e assim figurar ao lado
de Deolinda?
(3) Por aquilo que se estuda no contexto escolar, pelos
heróis que figuram na toponímia da Angola pós 1975, podemos concluir que há uma
tendência de predominância nortenha no inventário oficial das glórias
angolanas? Se sim, quais os factores e de que forma se pode optimizar uma
representatividade mais equilibrada das sensibilidades que compõem a República
de Angola?
Nota final: A motivação do debate é académica mas sua
excelência eu, que não tem como coarctar os talentosos em conotação de ideias
livres, aproveita desde já o ensejo para autorizar quem assim o pretender a
inscrição de mais esta publicação na estatística do pretensamente subversivo.
Ainda era só isso. Obrigado.
Gociante Patissa. Benguela, 08.12.2017 www.angodebates.blogspot.com
A pergunta mais frequente ultimamente | PARA QUANDO O LANÇAMENTO EM ANGOLA DO LIVRO DE CONTOS "O HOMEM QUE PLANTAVA AVES"?
Depende, mas não é do autor, no caso o meu
conterrâneo Gociante Patissa. A ideia projectada é haver três edições
independentes do mesmo livro, nomeadamente, uma edição brasileira, uma angolana
e outra para Portugal. Para o efeito, depois de se ter avançado com a PENALUX,
do Brasil, que "encomendou" o livro por altura da presença do autor
na Feira do Livro de Frankfurt (Alemanha, 2016), a proposta foi submetida a uma
editora dinâmica em Luanda, que por sua vez a aprovou há por aí cinco meses.
Acontece que o autor não tem muito jeito para angariar patrocínios e cultiva
ainda o entendimento clássico segundo o qual um livro só deve ser publicado em
função do mérito e/ou potencial literário (com os encargos
suportados/mobilizados pela editora mediante tutela de até 85% dos direitos. É
o mesmo que dizer que não é de publicar porque eventualmente o autor consegue
recursos). Para um bom entendedor... No Brasil, o livro está nos escaparates
desde o passado dia 27 de Novembro e custa 35 Reais junto da editora que fica em
São Paulo (façam o favor de adquirir e recomendar). Quanto ao mercado
português, contando maioritariamente com o leitor de expressão portuguesa na
diáspora, a proposta acabou de ser submetida e aguarda resposta, que tanto pode
ser uma aprovação, como pode ser um pacífico e amigável chumbo. Resumindo, para
o mercado angolano não há data porque também não se tem ainda a confirmação da
disponibilidade financeira da parte da editora. Ainda era só isso. Obrigado. Gabinete
de Sua Excelência Eu. www.angodebates.blogspot.com
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
(arquivo) Humor | Os tomates frios...
Três esposas estão a conversar sobre os seus maridos, e a primeira diz:
– Os testículos do meu Manel são frios!!
A segunda diz:
– Os do meu Xico também são frios!!
A terceira diz:
– Por acaso nunca reparei isso no meu marido. Hoje à noite vou ver e amanhã conto-vos.
No dia seguinte a mulher aparece toda roxa, magoada, sem dentes e com um braço partido. As amigas então perguntam:
– Maria, o que te aconteceu?!
Ela diz:
– Ontem à noite meti a mão nos tomates do meu marido e disse-lhe: “Que estranho, os teus estão quentes, os do Manel e do Xico são frios!”
Não vi mais nada, acordei no hospital. (* De autor desconhecido.)
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Divagações | Caro ladrão, seja Pai-Natal. Devolva os documentos de sua excelência eu
Passei esta
tarde em "baixa visibilidade" pela portaria da Rádio Benguela com a
intenção de garimpar entre os documentos a granel "achados" na via
pública os meus, documentos que por sua vez saíram a andar pelos próprios pés
há por aí nove meses.