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Uma sociedade que regista 40% de divórcios de
um universo de seis mil casamentos realizados só de Março a Dezembro do mesmo
ano... não deveria considerar a ideia de atribuir subsídios de coerência aos solteiros
e solteiras maiúsculos e bem definidos?
JLo, isto fica mesmo assim, não vai fazer
nada?! Exonere ali qualquer coisa (ó pai da Angola reformada)... Ou os
conservadores ou os padres ou os pastores, meu. Ou então exonere mesmo o
próprio casamento, não custa nada, é só um decreto a tipificar o ritual como
estando a prejudicar o IFN (Índice de Felicidade Nacional). É que qualquer dia
já não conseguiremos dar conta das estatísticas, que isso está a dar divórcios
a granel, né?…
Até, hum!, aproveitando os exemplos de
empreendedores e visionários de sucesso sem influência de ninguém, passou pela
cabeça de sua excelência eu abrir assim uma empresa para assegurar divórcios
confortáveis, tipo naquela hora de separar as bikwatas e quê e tal. Chamar-se-á
"SAIR COMO ENTROU, LDA", de modo que o regresso à solteirice ocorra a
bordo de uma limousine, com direito ao coro de boas vindas e tudo.
Teremos também para os nossos clientes um
dicionário para os devidos xingamentos, que como é da praxe sempre ganham vez
quando o lar desmorona. De tantos divórcios, temos de reconhecer que o léxico
xingamental anda já esgotado, não é verdade? Há que inovar. Uma equipa de
profissionais treinados para o atendimento mais personalizado possível também
cuidará de rasgar as fotos e quebrar os quadros do matrimónio, o que pode ser
aliviado por um photoshopzinho. Se necessário for, intermediar com as
ourivesarias no sentido de converter alianças em brincos e afins.
Projectamos ainda o «Departamento de Jeremias»,
entretanto invertendo só a posição do seu patrono bíblico, para dedicar o tempo
que for necessário a ouvir lamentos e desabafos, sejam eles em casa ou à mesa
de bar. Já encomendamos milhares de guardanapos. E para aquelas famílias que
levam a honra ao pé da letra, não faltará um núcleo de valentes kaenches para
aplicar bofetadas correctivas lá onde elas forem úteis, auxiliadas por tias de
aluguer na brigada de agitação. Mas não se preocupem, vão já com as mãos
untadas de bálsamo analgésico (no estilo morde-sopra). São os mesmos que irão devolver
a bem ou a mal os fatos e o vestido dos noivos à boutique. Mas se pensa que é
tudo, está enganado, caro leitor e futuro assistido nosso. Pensamos também já numa
outra equipa cuja missão será reactivar namoros antigos (pendentes?), tão logo
o campo esteja livre.
Pela primeira vez na vida, sua excelência eu
começa a acreditar que afinal não nasceu bem para ser uma desgraça em termos
empresariais, pelo que não seria falta de modéstia alguma se o país me
antecipasse já com felicitações e erigisse um busto à minha originalidade,
afinal darei emprego a muitos desfavorecidos (aquela paisagem que é mais do que
motivo para legitimar qualquer reivindicação de empresário que vê o negócio na iminência de ser inviabilizado por eventual impacto ambiental
negativo).
É a minha primeira oportunidade. Alguém ali
para meter uma cunha por um financiamento bancário, nem que entre depois como
sócio de 30% de só lucrar sem investir um centavo? O investimento promete
retorno. Bem, ainda era só isso. Obrigado.
Gociante Patissa | Benguela, 19 Dezembro 2017 |
www.angodebates.blogspot.com
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