Uma breve viagem no tempo leva-nos até Dezembro de 2003, um ano após o fim
do conflito armado que durou três décadas. Dia 17, uma quarta-feira algo
agitada, e não era para menos. Às 17h00 ia ao ar a edição inaugural do programa
Palmas da Paz, a primeira aventura da AJS, através da Rádio Morena, na
modalidade de espaço de antena. Contou-se com o financiamento da USAID, através
do OTI/CREA.
Excepto o Eduardo Chingole, recrutado especificamente para a produção, os
demais eram membros da AJS, que mais não tinham além do inconformismo cidadão e
cursos intensivos, portanto nenhuma estrela do jornalismo. Pacificação,
cidadania e prevenção de conflitos era a temática. O projecto, em prol da reconciliação,
teve igualmente debates e workshops no Lobito, Benguela e Baia Farta.
Em Junho de 2004, tivemos um interregno forçado pelo ciclo do projecto, porque
o fim de missão (algo eivada da má gestão) da agência doadora em Angola
condicionou a garantia de custear o espaço de antena. Não faltaram no entanto
especulações que interpretaram a paragem como fruto do medo ou bloqueio, dado o
nível de “aquecimento” de certos debates sobre assuntos sensíveis politica e
socialmente. Segundo ditado chinês, “só se atiram pedras a árvores que dão
frutos”. Tudo indica que foi o caso.
Em 2006, a AJS adoptou o Boletim Informativo, Educativo e Cultural A Voz
do Olho, inicialmente criado por três jovens (dois membros e um amigo) da
Organização. Ressurgia também o espaço de debate radiofónico, rebaptizado como
“Viver para Vencer”, um pouco por influência do projecto Viver contra a SIDA. O
Boletim e o espaço de rádio respondiam ao compromisso da AJS em promover o
acesso à informação através do uso dos mass media, enquanto veículos
alternativos e gratuitos pela cidadania, saúde pública e cultura.
Seriamos outra vez “tramados” pelo fim do projecto, isso em 2007. Em 2008
nasceu a parceria com a ONG espanhola Médicos do Mundo, que, reconhecendo a
relevância da iniciativa, assumiu as despesas com o espaço de antena, um ano
depois, sendo que os recursos humanos labutam a título voluntário. Mesma sorte
teve o Boletim, embora por enquanto só possa sair à rua de dois em dois meses.
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