Texto de Albano Epalanga Lubango 25/05/2016 |
Sentado num dos bancos da Igreja, olhos
fitos no altar como um telespectador atento, não me distraio e muito menos
pisco os olhos, ao meu lado estava uma série de irmãs cujo comportamento dentro
daquele lugar não era mais adequado, não era de espantar começando com os
ultrajes que me fizeram cogitar comigo mesmo "será que confundiram igreja
com passarel ou então a igreja é que se tornou uma passarel?"
Óbvio, não tinha resposta para as minhas
perguntas. Minuto vem minuto vai, ainda enquanto cogitava comigo a respeito,
eis que vejo o irmão Lombongo (nome fictício), meio nervoso a proferir algumas
palavras no intuito de reforçar os anúncios já feitos há tempos atrás em que o
mesmo pediu aos membros uma contribuição para a realização de uma
festividade…
Dizia o irmão Lombongo com bastante intrepidez: "Irmãos, já se aproxima a nossa festa, temos de
contribuir, estas ideias de não contribuir é do Diabo". Eu que nem estava
nem aí para essas contribuições fiquei meio acabrunhado, não sabia eu que só
tinha sido o princípio, o irmão acabou com tudo quando rematou:
"actualmente tudo se faz com dinheiro, sem dinheiro não se faz nada, até
no céu só vai quem tem dinheiro."
Se até então só estava acabrunhado, agora
fiquei acabrunhadíssimo porquanto nada me passa despercebido, e as informações
que são passadas cruzo-as cuidadosamente no crivo da razão, e essa afirmação do
irmão Lombongo para mim fora uma autêntica heresia.
Trouxe à memória as indulgências que se
cobravam na Idade Medieval sob pretexto de que quem pagasse teria o passaporte
para o céu. Só não abandonei o local por ser muito distante de casa. Não
percebia onde o irmão Lombongo estava com a cabeça se até é comum
dizer-se que a salvação é pela graça mas também a verdade é que ultimamente
e infelizmente o materialismo está cada vez mais intensificado e ativo nas
Igrejas. Nos dias de hoje ela não cogita mais em viver como viviam os cristãos
da Igreja primitiva.
Alguns priorizam e amam mais o dinheiro do
que as coisas do Reino do céu. Ficam deslumbrados com o que ele pode comprar.
Sonham com conforto e prazer, o viver bem na terra e acabam
se esquecendo do alimento espiritual. Não quero com isso dizer que
buscar por bens materiais não possa fazer parte das aspirações de crente mas
que entendam que o grande fator prejudicial do materialismo não está na
quantidade de bens obtidos, mas na atitude.
Gostaria eu que o Cristianismo voltasse à sua essência
que passa essencialmente pela pregação do Evangelho, e ajuda aos pobres e
necessitados, pena que hoje as Igrejas estão mais preocupadas com templos
bonitos do que propriamente com o estado espiritual da nação, se as coisas
continuarem assim vamos aceitar que só vai ao céu quem tem dinheiro, pois a uma
mentira não custa ser verdade, basta repeti-la várias vezes.
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