Recebo muitos pedidos de amizade virtual, mais do que gostaria, sobretudo por uma espécie de desencanto com experiências relativamente recentes no campo das amizades e a confiança depositada. Uns sem rosto são imediatamente chumbados, também aqueles com nomes intencionalmente impessoais. Decidir é dificil sempre, porque há o cidadão em mim, carregado de marcas da vida, de personalidade, carácter e visões, ao passo que há um outro lado que tem a obrigação de ser mais sociável. Quando, sem se importarem que sejam altas horas da noite, desconhecidos cutucam na inconveniência do chat, eu sei que o mereço, eu é que sou culpado por me meter nessas coisas de ser publicado como escritor. Assim, cada vez que recebo um pedido de amizade, não sendo eu de andar em copos e com isso alargar a rede de amigos, nem sendo um locutor ou gestor público, entendo que é consequência do nome que se vai construindo no campo da arte. Parto da hipótese de a pessoa que pede amizade ter começado antes por um olhar às informações que disponibilizei no perfil. É o mínimo que se espera do sentido de pesquisa, julgava eu erradamente, até perceber que muitos jovens da geração do entulho entram no "feici" sem acesso a fotografias nem nada e mais não fazem do que espalhar à sorte cantadas. Anteontem, instantes depois de aceitar um pedido de amizade, tive de recorrer ao meu lado pedagógico, chegando à arvore genealógica do rapaz e tudo: "Oi td bm anjinha linda?", escreveu o jovem, provavelmente enganado pelas sílabas todas femininas do meu sobrenome. "Irmão, da próxima vez, preocupa-te em ver o perfil de quem pedes amizade, para não fazer patetices como esta. Anjinha linda deve ser a tua avó". E a resposta dele? "Ok".
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