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Estrutura bastante para uma boa apresentação, o homem
era completo, um bom partido para as bonitonas. Coisa rara só vista em
passarelas. Ó meu Deus! O peito desenhado à medida dispensava palavras de convite
feito aos desejos da mulherada para, no mínimo, um apalpar. Tão fofo, tão
gostozinho, era sortudo nesta temática!
Pouco dado a amizades, bom dia ou boa tarde chegava.
Quase não se misturava, talvez rejeitado pela insegurança masculina que se sentia
ameaçada junto das namoradas e noivas que o abordavam.
Solteiras e donas de casa faziam rodas à sua volta,
não se via o tempo passar de tão bem contemplá-lo e embeber no gozo de suas
misteriosas palavras de embalar donzelas. Não surpreenderia o sabor a fel nas
falas dos homens que o rejeitavam por tudo e por nada, enquanto as senhoras lutavam
para tê-lo por perto. Mas todo o charme viria a derreter na sequência de um infeliz
convite para o tradicional banho ao rio num sábado, em véspera da Páscoa Santa,
entre grupos de rapazes.
Roupa expulsa do corpo estava reparada a diferença,
todos o olhavam esbugalhados e o ar de troça no ar. Vingança de chinês, afinal,
“João Bernardo é Kinhungueiro”.
Nem tinham regressado ao bairro, a notícia
adiantara entre o vento e paredes, boca de aluguer se desdobravam com a
mensagem que se tornou canção; Nda
opikila cilima, vanda vanda lo vate (Quando servires um não circuncisado,
endireita o seu funje com saliva).
Todos passaram a rejeita-lo, até a noiva, que já
andava decidida em abandoná-lo, pagava por chacota das outras. Mais venenosa e
cega a inveja não se podia tornar..
Texto de Lauriano Tchoia Luanda, 13.05.2016 |
Cilima ombwa ya
ño; si ulandela onguto (Um não circuncisado não passa de um cão qualquer;
colher para ele eu não compro). Cantavam-se em simultâneo as duas canções, mas
com uma intensidade jamais vista na comunidade.
Coitado. Pintainho molhado era pouco para descrever o estado
de alma do homem. Nunca imaginara tremendo crime por andar com o prepúcio
pendurado num certo sector pelas calças. Não era assim na sua Terra.
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