Há muito que apetecia dizer as palavras que se seguem, vindas do cidadão benguelense Angélico Bonfim sobre os cíclicos casos e descasos em concursos de misses, em jeito de comentário no mural do jornalista Zé Manel:
"Acabem já com esta farsa. Que falta faz isso a sociedade, com problemas mil para resolver, como sendo, saúde, saneamento, educação, energia, água, para não dizer mais? Benguela jamais morrerá, se não tiver miss. É sempre a mesma coisa."
Independentemente de estarem em causa balbúrdios privados, o certo é que os concursos de miss pouco ou nada acrescentam em termos de valores. Quanto mais não seja, pelas denúncias que volta e meia surgem do terreno movediço que são os seus bastidores, onde as raparigas, depois terem "esfregado as curvas" em passarela aos olhos de endinheirados e poderosos, acabam sendo presas sexuais, quando organização e proxenetismo se vestem da mesma pele. A lista é longa, bastando por agora recordar as mais recentes e aparentemente ingénuas declarações da miss Angola vigente que diria qualquer coisa como "a miss é sempre tentada, mas ela só fica com o patrocinador se quiser."
E se os altruístas patrocinadores pensassem em valorizar outras belezas mais sustentáveis e viradas para o desenvolvimento colectivo, tais como bolsas de estudo ou projectos de educação sanitária?
Para suavizar eventuais susceptibilidades lesadas, recordo um poema meu, publicado em 2008 no livro Consulado do Vazio:
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SONHOS DE RUA
No dia de São Valentim
vou apanhar flores
e guardá-las bem perto de mim
debaixo do meu banco de jardim
e tenho a certeza que logo à noite
a morena miss dos meus sonhos
a sua prenda virá reclamar
sou criança de rua
mas tenho o sonho
na conta do que a sorte me negar.
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Gociante Patissa. Benguela, 15 Maio 2016
www.angodebates.blogspot.com
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