“Oi.”
“Oi.”
“Incomodo?
Aqui é o teu amigo virtual “Batejá”. Se calhar não te lembras. Ainda falamos no
mês passado. Sempre sigo o teu mural, gosto das tuas publicações, amiga.”
“Podes
dizer, “Batejá”. Já nem me lembro. Como não tens foto nenhuma no teu facebook,
é um pouco difícil lembrar…”
“Posso-te
fazer uma crítica?”
“Podes.
É sobre o quê?”
“Não
é só contigo, mas acho que as nossas figuras públicas, personalidades assim da
intelectualidade, são egoístas…”
“Pode
ser. Mas estás a falar de quê?”
“É
assim, eu até te acho uma maravilhosa artista plástica.”
“Ah,
és apreciador de artes plásticas? Consegues interpretar a representação do
mundo e do caos nas minhas expressões artística e semiótica?”
“Não.
Nunca vi as tuas obras. Só costumo ouvir que és maravilhosa. Fico muito
revoltado quando em situações como o filho da Doutora Felismina, Decana da
faculdade Fotografia, que escapou violar a filha da doméstica dela, você não
fala nada. Será que não ouviste? Ou a última exposição já te custou a
consciência?”
“Ouvi,
sim. Mas o que é que tem a mãe a ver com uma violação praticada pelo seu filho
já maior de idade? Este ano ainda não emiti uma posição pública sobre
violações. Aliás, e no teu mural também, se bem me lembro, não publicaste nada
sobre o assunto.”
“Mas
é diferente! Você é figura pública, tem mais obrigações de condenar. Falta
coragem, isso sim! Na terra dos outros, artista plástica tem que impor a voz.”
“Sinto
muito, pois até agora não preciso de autorização e ainda só publico de acordo
com a minha consciência. Quando tenho de criticar, faço-o; não espero ordens.”
“Wô!
Assim já queres ofender? Onde é que já se viu uma artista que só critica de vez
em quando? Tenha mais é coragem, pá!”
“Mas
tu é que andas no facebook sem cara nem nome nem morada, tens identidade completamente
anónima, e eu é que tenho a falta de coragem?!”
Gociante
Patissa. Benguela, 26 Maio 2016
www.angodebates.blogspot.com
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