Texto de Felisberto Ndunduma Sakutchatcha |
Calar
só por calar não basta quando a batata quente estiver na boca, pois sem querer
ela tem de se abrir para lançar fora o prejudicial;
Somos
coroados de acção e força para agir e nos tornarmos mais tarde donos dos nossos
próprios actos, assim é a vida dentro de uma sociedade, meramente quando se
envereda pela defesa da humanidade;
Existe
momentos em que o discurso público muda para uma única folha, todos protestam,
todos contendam, porque querem vencer;
Quanto
mais se ignora o pequeno chilrear da criança, não tarda, um grande choro vem
por detrás e não será pacífico, pois perturbará até o vizinho que ora não terá
sono e será obrigado a agir contra nós;
Calar
nunca basta quando as palavras existirem para actuar e tecer considerações que
possam ajudar;
Nós
muitas vezes pintamos o nosso rosto com a marca do silêncio, mas estejamos
conscientes de que isto é uma traição fatal ao nosso desejo de ser e servir: A
Pátria chama, a família quer de nós, por isso não há equívocos para oferecer a
voz para grande intervenção;
A
voz é sagrada e nunca deve ser poupada para coisas necessárias e também
sagradas, pois, nada nos pode devolver a dignidade senão o uso das nossas
próprias palavras desenhadas sob a lúcida arquitectura da nossa causa;
Não
basta calar quando a razão nos obriga a falar, porque o calar ilude e não
mostra ao lado oposto o nosso posicionamento actual.
Não
se cale nunca em altura desnecessária; e não é pessimismo quando se admite
popularmente que “quem cala consente” pois, muitas vezes somos condenados pelo
nosso rugoso silêncio e que parecendo silencioso, afinal diz mais que as
palavras, apesar de serem escondidas. Fale e mostre que entendes, cale e nada
mostre, pois, a abstinência é perigosa e nunca se sabe o que soa dentro do
calado.
Nota do Blog Angodebates: No ano em que completa o 10.º aniversário, o nosso Blog lançou um desafio de crescer junto com os seus leitores, abrindo para o efeito uma oficina para a divulgação de contos, crónicas e poesia de autores com ou sem livros. Como é natural, teremos colaboradores principiantes, pelo que lá onde for necessário, a gestão editorial do Blog fará ou sugerirá arranjo. O que esperamos é no futuro olhar para o primeiro texto de cada colaborador e festejarmos o progresso que for alcançando.
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