A
estrada alternativa que liga os mercados do Sa Pangele (município do Lobito) e
Katombela (município da Catumbela), passando pela ligação do mercado da Kalumba
com o Bairro da Luz, será reactivada dentro de um ano. Espera-se um trabalho de
fundo consubstanciado na drenagem (com realce na zona do São João) e a
aplicação do tapete asfáltico, o que ajudará a descongestionar o tráfego até agora afunilado na estrada nacional número cem. A informação
foi tornada pública hoje (25/01) pelo governo da província de Benguela, através
do administrador municipal do Lobito, Alberto Ngongo, que garantiu estar para
breve o início da empreitada, sem no entanto precisar a data nem o orçamento.
A
portuguesa Mota Engil é conhecida pela qualidade do trabalho nos troços
Lobito-Benguela e Lubango-Namibe, mas a minha experiência de observador cidadão
alerta que um ano parece pouco tempo para a complexidade da empreitada, num
mercado em que os prazos acabam sempre sendo elásticos. Mas ainda assim, seria
desastroso confiá-la a uma eventual empresa chinesa, pelo simples critério da
rapidez na conclusão da obra em detrimento da resistência dos materiais e da
sua durabilidade.
Depois
da tentativa fracassada de reabilitação da via em 2007 pela BCOM, desta vez
parece que é para valer, pelo que, enquanto antigo morador do Bairro Santa Cruz
(o do estádio do Buraco, da Académica do Lobito), só podia ser enorme a alegria
com que recebi a notícia, sendo a minha mais uma das vozes que ao longo deste
tempo vêem fazendo pressão pelo troço, como cidadão e obreiro literário,
como atestam os trechos que se seguem, da crónica de fim de ano:
"Dediquei-me ontem a mais um exercício de reencontro com o meu passado que, para quem não passa da casa dos trinta anos, só pode ser recente. Escolhi
radiografar a via alternativa à estrada nacional número cem, aquele troço que
vai da Catumbela à Kalumba. Só poeira e sacudidelas. Nada mais lembra o asfalto
do tempo colonial, nem a hibernada promessa da sua reabilitação há quase uma
década. Mas conduzir ali, olhando pelo outro lado da moeda, a par do suplício
de ver o carro envelhecer vários anos por minuto, tem o seu lado altruísta: dá
de comer o mecânico e o vendedor de peças.
Gociante Patissa, 25 Janeiro 2016
(...)
A condução faz-se devagarinho, muito abaixo dos medianos 30 km/h actuais, num
troço de 6 Km que frequentei durante seis anos lectivos a pé. Já agora, usando
do direito do escritor ao egocentrismo, depois de ouvir um veterano reivindicar
investimento a uma aldeia, por ter sido ali circuncidado… peço atenção a esse
troço pelo seu contributo na história sócio-económica da província de
Benguela."Gociante Patissa, 25 Janeiro 2016
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário