Texto de Joseckitas de Messias. Benguela, 27/01/16 |
Até hoje não sei a que
instituição pertence um ou outro dos dois substantivos acima mencionadas. E se
uma das duas merece tal substantivo, é por um discurso parcial ou verosímil por
parte da população angolana?
Questionei-me filosofando com o
meu eu lírico, quando atonitamente uma Senhora tentava tirar uma resposta aos
funcionários de uma escola primária (propositadamente não relato o nome) a
seguinte pergunta: “Até uma matrícula para a iniciação é preciso um atestado
médico? O país está mesmo a desenvolver”. “Infelizmente minha senhora, sem o atestado
médico não se faz a matrícula!”, retorquiu o funcionário.
Convidaria alegremente o caro
leitor a jubilar-se comigo, tentando satisfazer os apetites da lógica e da
fundamentação convincente desta ceia de que muitos se servem diariamente, mesmo
conscientes da desnutrição que ela causa aos nossos bolsos (ainda mais em tempo
de contenção de gastos), e os nossos apetites intelectuais.
Não obstando a razão e a
necessidade da existência de tal dossier, mas sim o processo de acesso ao
documento em causa, mesmo a partir das Instituições autorizadas a ceder o
mesmo, o processo de acesso é em termos mais luzentes “uma fachada”,
pois a um documento de tal importância não se poderia ter acesso sem os devidos
testes de saúde, que no caso é o mais relevante.
Em contrapartida, as Instituições
que aceitam, ou seja, que exigem e recebem o dossier em causa, de tanta
parcialidade ou verosimilitude, caso tais substantivos lhes caibam, não se
importam com a verosimilitude saudável que o candidato apresenta, mas sim pela
verosimilitude que o tal dossier de “fachada” apresenta, deixando
vagamente a informação que até a um neófito em vida não deixa qualquer dúvida:
um extremo embuste a existência de tal dossier perante a inserção numa
actividade social e essencial para o cidadão (Escola).
Ainda eu aqui, sinto
lamentavelmente a posição em que têm sido colocados os cristãos, que inconscientemente,
provavelmente, têm sido obrigados a “desonestar” as suas honestidades
perante a uma acção dessa: “infelizmente, minha senhora, sem o atestado
médico não se faz a matrícula!”
Uma frase que, semanticamente,
nos traduz uma péssima posição na fotografia do carácter necessário para um
então desenvolvimento do nosso país: sem mentiras não se constrói uma nação,
que aliás é uma tradução genérica e apetrechada de um indivíduo que há tempos
se dedicava em destruir o seu próprio país com a frase “uma mentira quando é repetida
muitas vezes pode se transformar em uma grande verdade”.
Portanto há aqui dois substantivos
para cada uma das instituições: Parcialidade ou Veracidade. Mas uma realidade é
certa: para tal atribuição adjectiva haverá uma grande dificuldade.
Nota do Blog Angodebates: No ano em que completa o 10.º aniversário, o nosso Blog lançou um desafio de crescer junto com os seus leitores, abrindo para o efeito uma oficina para a divulgação de contos, crónicas e poesia de autores com ou sem livros. Como é natural, teremos colaboradores principiantes, pelo que lá onde for necessário, a gestão editorial do Blog fará ou sugerirá arranjo. O que esperamos é no futuro olhar para o primeiro texto de cada colaborador e festejarmos o progresso que for alcançando.
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