Ao ler notícia sobre um esclarecimento do
exmo senhor Ministro da Administração do Território, o compatriota Bornito de
Sousa, que na verdade só cuidou de reforçar a nova descoberta do seu pelouro
que consiste em castrar as consoantes K, W e Y nos nomes das localidades (mesmo
que de matriz africana não ocidental), desautorizando tudo o que de cultural é
substracto na origem do topónimo, só podia eu estar ainda mais desmoralizado
com a gestão institucional deste dossier. E já agora, nesta falta de diálogo
intersectorial que se assiste, onde o Ministério da Cultura e respectivo
Instituto de Línguas Nacionais vêem as suas competências ultrapassadas pela
direita, que tal ser o Ministério do Comércio a decidir sobre os critérios para
se legalizar uma clínica por exemplo? E para não perder a boleia, julgo
"Coartem" um nome difícil para medicamento, pelo que, exmo senhor Ministro
do Interior, veja lá se manda os nossos anti-motins obrigarem os médicos a
mudar a escrita, se faz favor. Adaptando o pensar de um amigo por cá, vale
lembrar que um país que tanto trabalho tem pela frente em termos de pesquisa,
classificação e normatização do mosaico étno-linguístico dos povos que o
constituem, para a consequente consistência no currículo de ensino (no que nos
bastaria imitar a Namíbia), não se pode prestar a esses “adiantamentos” de se
vestir de corruptelas e impô-las (num claro critério de facilitismo) como
regras, nem que seja em nome da união. O recuo é possível.
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