Num dia como hoje, no ano de 2002, isto há
quinze anos, era comprado o primeiro computador da Organização Não
Governamental AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), de marca
"Infant", adquirido à Lobinet. Fundada em 1999 e depois de ter funcionado
provisoriamente nas instalações da Associação dos Defensores e Amigos do
Ambientes (ADAMA), a AJS conseguiu arrendar um antigo armazém para servir de
escritórios. A montagem do computador na sua sede, situada na a época na rua
principal da parte semi-urbana do bairro Santa Cruz, na cidade do Lobito,
aconteceu no finalzinho do dia. Já a pensar em projectos envolvendo
radiodifusão, fez-se questão de encomendar no acto da compra uma segunda drive
gravadora DVD-R. A impressora era uma HP850, para mim a mais eficaz de todos os
tempos da marca, tanto que era capaz de imprimir mais de 60 certificados de
participação em cartolina em menos de meia-hora. Iniciava uma era que colocava
fim ao recurso às máquinas de dactilografia, duas, uma herdada da moageira do
Sr. Paulo Cambiete "Podre", no que contou o empurrão do membro Amos
Chitungo, outra já velhinha comprada à Lupral juntamente com
secretária. Foi neste computador que viriam a ser elaboradas muitas das
propostas de projecto espalhadas à avaliação e possível financiamento, entre as
quais o primeiro grande financiamento (depois dos 2 mil da Oxfam). A aquisição
resultava da poupança no que nos cabia do orçamento da "Coligação Ensino
Gratuito, Já!", financiada pela ONG americana World Learning. A coligação
era liderada pela Omunga e incluía cinco ONGs de Benguela, nomeadamente O
Círculo Rastafari de Benguela (CRB), a (ADAMA) a AJS e o Conselho das Igrejas
Cristãs (CICA) e, de Luanda a Associação Estrela da Criança. Conduzia uma
campanha de advocacia pela gratuitidade do ensino, que se consubstanciava em
reforçar as capacidades dos pais e encarregados de educação e ao mesmo tempo
levar acções directas de monitoria contra as cobranças de propinas no ensino de
base público. No ano de 2003, chegaria o primeiro até então grande
financiamento do CREA (Creative Associates) na condição de sub-recipiente da
agência do governo americano USAID (Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional) , com o qual se pagou o espaço de antena na
Rádio Morena para o programa de debates sobre reconciliação e prevenção de
conflitos no contexto pós-guerra intitulado "Palmas da Paz".
Compreendia ainda workshops e debates no litoral, concretamente nos municípios
do Lobito, Benguela e Baía Farta. Ao cabo dos seis meses que durou o projecto,
cuja extensão ficou inviabilizada pela extinção da missão do doador em Angola
face ao despoletar de uma investigação sobre a teia de corrupção que envolvia
funcionários da entidade sub-recipiente americana CREA e responsáveis de
algumas ONGs nacionais, a AJS viria a ser premiada, sob orientação da USAID,
pelo êxito no alcance das metas do projecto, o que lhe valeu o primeiro
computador portátil (um "Toshiba" azul em segunda mão, que era da
área de contabilidade da agência financiadora), quando um novo podia custar
aproximadamente USD 3 mil. Ainda era só isso. Obrigado.
Daniel Gociante Patissa (na foto, aos 23 anos
de idade)
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