quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Curiosidades e memórias da AJS (1)

Num dia como hoje, no ano de 2002, isto há quinze anos, era comprado o primeiro computador da Organização Não Governamental AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), de marca "Infant", adquirido à Lobinet. Fundada em 1999 e depois de ter funcionado provisoriamente nas instalações da Associação dos Defensores e Amigos do Ambientes (ADAMA), a AJS conseguiu arrendar um antigo armazém para servir de escritórios. A montagem do computador na sua sede, situada na a época na rua principal da parte semi-urbana do bairro Santa Cruz, na cidade do Lobito, aconteceu no finalzinho do dia. Já a pensar em projectos envolvendo radiodifusão, fez-se questão de encomendar no acto da compra uma segunda drive gravadora DVD-R. A impressora era uma HP850, para mim a mais eficaz de todos os tempos da marca, tanto que era capaz de imprimir mais de 60 certificados de participação em cartolina em menos de meia-hora. Iniciava uma era que colocava fim ao recurso às máquinas de dactilografia, duas, uma herdada da moageira do Sr. Paulo Cambiete "Podre", no que contou o empurrão do membro Amos Chitungo, outra já velhinha comprada à Lupral juntamente com secretária. Foi neste computador que viriam a ser elaboradas muitas das propostas de projecto espalhadas à avaliação e possível financiamento, entre as quais o primeiro grande financiamento (depois dos 2 mil da Oxfam). A aquisição resultava da poupança no que nos cabia do orçamento da "Coligação Ensino Gratuito, Já!", financiada pela ONG americana World Learning. A coligação era liderada pela Omunga e incluía cinco ONGs de Benguela, nomeadamente O Círculo Rastafari de Benguela (CRB), a (ADAMA) a AJS e o Conselho das Igrejas Cristãs (CICA) e, de Luanda a Associação Estrela da Criança. Conduzia uma campanha de advocacia pela gratuitidade do ensino, que se consubstanciava em reforçar as capacidades dos pais e encarregados de educação e ao mesmo tempo levar acções directas de monitoria contra as cobranças de propinas no ensino de base público. No ano de 2003, chegaria o primeiro até então grande financiamento do CREA (Creative Associates) na condição de sub-recipiente da agência do governo americano USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) , com o qual se pagou o espaço de antena na Rádio Morena para o programa de debates sobre reconciliação e prevenção de conflitos no contexto pós-guerra intitulado "Palmas da Paz". Compreendia ainda workshops e debates no litoral, concretamente nos municípios do Lobito, Benguela e Baía Farta. Ao cabo dos seis meses que durou o projecto, cuja extensão ficou inviabilizada pela extinção da missão do doador em Angola face ao despoletar de uma investigação sobre a teia de corrupção que envolvia funcionários da entidade sub-recipiente americana CREA e responsáveis de algumas ONGs nacionais, a AJS viria a ser premiada, sob orientação da USAID, pelo êxito no alcance das metas do projecto, o que lhe valeu o primeiro computador portátil (um "Toshiba" azul em segunda mão, que era da área de contabilidade da agência financiadora), quando um novo podia custar aproximadamente USD 3 mil. Ainda era só isso. Obrigado.
Daniel Gociante Patissa (na foto, aos 23 anos de idade)
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