Desde Junho último, cerca de 15 jovens de ambos os sexos decidiram dar
corpo ao seu dever de servir a sociedade com o pouco que podem fazer e com o
muito que desejam aprender. De forma voluntária, dedicam-se ao aperfeiçoamento
do teatro de intervenção, dando ênfase à promoção da educação cívica e à saúde
pública.
Em fase embrionária ainda, o Grupo Teatral da Santa Cruz é constituído
por jovens moradores do bairro com o mesmo nome, alguns dos quais mantêm, desde
2004, uma relação de voluntariado com a AJS. As oportunidades de participarem
de debates e sessões de capacitação fizeram os jovens adoptar o teatro, não só
como expressão de arte, mas também uma estratégia na veiculação de mensagens
para atitudes pessoais e sociais construtivas. Pode ser que o grupo consiga
singrar, ou, quiçá, dispersar-se, mas o certo mesmo é que marcaram o passo
decisivo, o de começar. É mais uma demonstração de que ser cidadãos não é
sentar-se e só criticar, mas é, sobretudo, contribuir com ideias e acções para
o desenvolvimento da sociedade. É com pequenas mas sucessivas conquistas que se
muda o mundo!
Félix Rodrigues “Guy” é apenas um deles que, pela dedicação e interesse,
foi convidado a integrar a turma de activistas e actores de teatro radiofónico
do programa radiofónico “Viver para Vencer”, emitido através da Rádio Morena,
às terças-feiras, pela equipa dos projectos “Viver contra a Sida-3, Cidadania e
Saúde Preventiva” e “Palmas da Paz”. No dizer de Guy, um dos dinamizadores, «o
sonho deste grupo é de levar a arte aos pontos mais altos de toda a sociedade,
de modo a educar e mudar comportamentos negativos que nos atingem, e ser um dos
melhores grupos de teatro», revelou.
«A dificuldade que temos com o teatro de rádio é mais o medo de errar,
porque sabemos que muita gente vai ouvir e ficamos com esse medo. É questão de
tempo», disse. Bem, se no teatro radiofónico já fizeram história, no palco
porém é ainda grande a maré por vencer, destacando-se o medo de enfrentar o
público e o posicionamento da voz. «O momento mais difícil foi quando o grupo
foi convidado a apresentar uma peça alusiva à eleição do “Mister Santa Cruz». A
peça apresentada teve como título “Quando os pais não existem”, retratava a
delinquência Juvenil. «Houve muita pressão no momento da apresentação, por
parte dos organizadores. O cenário criado pelos organizadores não possibilitou
a apresentação da peça em condições, pelo que tivemos que encurtar a peça»,
lembrou o nosso interlocutor.
Curiosamente, foi no
mesmo recinto onde o grupo experimentou o momento mais gratificante. «Foi
quando o grupo apresentou uma peça no dia 28/10, com o título “O inimigo da
Família”. Isto porque foi a primeira vez que apresentamos uma peça comunitária
no mesmo bairro, o grupo foi bem recebido pelo público e o mesmo reconheceu que
foi um sucesso» confessou.
In Boletim “A Voz do
Olho” (AV-O), Ano 1, Edição N.º 9, Outubro de 2007
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