Américo Chiquete |
Nota: os participantes tiveram 20 minutos para escrever uma redação, que podia ser sobre o Lobito ou outro tema a seu critério, visando fazer um levantamento das habilidades antes da exposição ao conteúdo do workshop sobre “Breve Introdução ao Género Crónica”. Publico as redacções que me parecem representar a esperança na continuidade da prosa literária em Benguela, considerando que são jovens que se dedicam (apenas) à poesia. GP
Redacção: A FILA ANDA
Ele estava sentado nos porões da Ponta da Restinga. Olhava fixamente ao
infinito do mar na companhia de uma cerveja pensativa. Questionava-se a si
mesmo, sobre as dificuldades que a vida lhe tem oferecido: “o que é que eu já
fiz esse tempo todo? E o que me falta fazer nesse eterno-curto tempo que me resta?”
Na verdade ele sabe que ainda tem muito que fazer.
– Oi cara! – Ouviu a voz suave de uma bela rapariga.
– Eu sou a Ana – Apresentou-se ela.
– Tchikambi! – Respondeu ele num tom muito antipático.
O vento e as ondas do mar pararam de cantar e o mundo reduziu-se
naqueles dois jovens que se encontravam na tarde de sexta-feira de Julho.
– Quer me ensinar a nadar? – A bela rapariga solicitou uma breve aula de
natação. Tchikambi não conseguia entender porque uma jovem tão bela poderia se
interessar de um rapaz infeliz. Afinal de contas todas as raparigas a rejeitar
porque o acham se graça.
Tchikambi aceitou timidamente o pedido, pensando que tudo seria apenas
uma falsa ilusão. Depois de alguns minutos de aulas, a Ana num tom muito suave
disse aos ouvidos de Tchikambi, “gosto de ti, quer namorar comigo?”.
Naquele instante ocorreu uma metamorfose em Tchikambi e não mais passou
a se sentir um infeliz e sem graça.
Na verdade, a vida é como uma fila, todos podem chegar em frente, o
último também pode chegar em frente.
Por Américo Chiquete, Lobito, 24 Agosto 2013
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