A Semba Comunicação promoveu recentemente,
na capital do país, um encontro de auscultação de actores, tendo em vista um novo
projecto de telenovela, cujas gravações arrancam no próximo mês de Setembro. Do encontro resultou uma reportagem promocional no programa Flash
(disponível no youtube), também da produtora de audio-visuais que gere o Canal 2 da TPA.
Entre as sugestões dos entrevistados para o melhor esperado no próximo produto, ressalta uma aspiração que se reveste de reivindicação profunda, olhando para os problemas sócio-antropológicos que o país Angola ainda não conseguiu resolver, entre estes aquele que tem que ver com os padrões identitários e de beleza, considerando a diversidade étnica que constitui o seu mosaico da Cabinda ao Kunene, do Lobito ao Lwau. Transcrevemos a seguir o desejo de Sofia Buco, actriz e apresentadora angolana de TV:
“É esperar que eu consiga estar num dos personagens e poder representar com o meu cabelo natural, que está lindo, enorme, e poder mostrar que nós temos cabelos muito bonitos, que é lindo mostrar a nossa juba. Tenho muito essa expectativa e vou esperar, quem sabe… quem sabe…”
Chamam a atenção do telespectador dois aspectos. O primeiro é o da própria antítese ontológica, na medida em que fica a ideia de alguém que pede antecipadamente autorização para representar conforme as suas características naturais, num tom de quem, conseguindo isso, estaria a quebrar o que é "normal". O segundo aspecto está no facto de estar a usar tissagem (cabelos sintéticos) precisamente no momento da entrevista em que ela manifesta o desejo de representar com o seu cabelo natural. A pergunta de retórica é inevitável: estará a actriz Sofia Buco a ser obrigada a esconder a carapinha?
Ouçamos de novo:
“É esperar que eu consiga estar num dos personagens e poder representar com o meu cabelo natural, que está lindo, enorme, e poder mostrar que nós temos cabelos muito bonitos, que é lindo mostrar a nossa juba. Tenho muito essa expectativa e vou esperar, quem sabe… quem sabe…”
As palavras da jovem actriz angolana carregam, se tivermos de estabelecer paralelismos com correntes activistas no Brasil, uma reivindicação política, onde as mulheres de carapinha se rebelam contra os padrões de estética que impõem perucas e postiços e desfriso.
Em países como a Namíbia e a África do Sul, é corrente ver executivos e executivas usando dreadlocks ou guedelhas, também conhecidas como rastas. Seria possível em Angola uma funcionária bancária, por exemplo, usar tal "penteado"? Ainda era só isso. Obrigado.
Entre as sugestões dos entrevistados para o melhor esperado no próximo produto, ressalta uma aspiração que se reveste de reivindicação profunda, olhando para os problemas sócio-antropológicos que o país Angola ainda não conseguiu resolver, entre estes aquele que tem que ver com os padrões identitários e de beleza, considerando a diversidade étnica que constitui o seu mosaico da Cabinda ao Kunene, do Lobito ao Lwau. Transcrevemos a seguir o desejo de Sofia Buco, actriz e apresentadora angolana de TV:
“É esperar que eu consiga estar num dos personagens e poder representar com o meu cabelo natural, que está lindo, enorme, e poder mostrar que nós temos cabelos muito bonitos, que é lindo mostrar a nossa juba. Tenho muito essa expectativa e vou esperar, quem sabe… quem sabe…”
Chamam a atenção do telespectador dois aspectos. O primeiro é o da própria antítese ontológica, na medida em que fica a ideia de alguém que pede antecipadamente autorização para representar conforme as suas características naturais, num tom de quem, conseguindo isso, estaria a quebrar o que é "normal". O segundo aspecto está no facto de estar a usar tissagem (cabelos sintéticos) precisamente no momento da entrevista em que ela manifesta o desejo de representar com o seu cabelo natural. A pergunta de retórica é inevitável: estará a actriz Sofia Buco a ser obrigada a esconder a carapinha?
Ouçamos de novo:
“É esperar que eu consiga estar num dos personagens e poder representar com o meu cabelo natural, que está lindo, enorme, e poder mostrar que nós temos cabelos muito bonitos, que é lindo mostrar a nossa juba. Tenho muito essa expectativa e vou esperar, quem sabe… quem sabe…”
As palavras da jovem actriz angolana carregam, se tivermos de estabelecer paralelismos com correntes activistas no Brasil, uma reivindicação política, onde as mulheres de carapinha se rebelam contra os padrões de estética que impõem perucas e postiços e desfriso.
Em países como a Namíbia e a África do Sul, é corrente ver executivos e executivas usando dreadlocks ou guedelhas, também conhecidas como rastas. Seria possível em Angola uma funcionária bancária, por exemplo, usar tal "penteado"? Ainda era só isso. Obrigado.
Gociante Patissa, Benguela, 05 Julho 2017 | www.angodebates.blogspot.com
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Continuo a apreciar o que é natural.
Abraço
Viva, caro Manuel Luís
Outro abraço
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