Num programa da RTP (televisão estatal
portuguesa) cujo nome por acaso não retive, deu ontem para registar com agrado
o realce ao contraditório nas opiniões dos entrevistados sobre a programação
daquela estação. Estranho, digo para os nossos hábitos, foi notar que era a
própria RTP que colhia e transmitia críticas (algumas até inflamadas, como o
narrador fazia questão de sublinhar). Para exemplo, trago a matéria em que pelo menos 4 de 5 entrevistados eram veementemente contra o
facto de a estação ter dedicado um telejornal inteiro na cobertura da victória
do campeonato de futebol pelo Benfica, ignorando tudo o resto no país e no
mundo. Outro galho de críticas teve a ver com a predominância de programas
fúteis (pimbas, na gíria deles) no entretimento. "A RTP vive correndo
atrás das audiências, quando, em se tratando de um serviço público, devia ter
uma programação baseada mais em critérios de cidadania", avaliou um
entrevistado. Num período em que a nossa TPA festeja ainda os resultados do
mais recente estudo que o coloca no topo das audiências pela Marktest, com a já
previsível inundação de elogios e tudo a convergir no mar de rosas, fez-me bem
à digestão "quebrar a rotina". Vi, por exemplo, uma peça da nossa TPA
que ouvia numa barbearia um menino de pouco menos de dez anos revelar numa única
palavra, quando questionado sobre o que mais gostava, "o telejornal",
o que flutua entre a verdade e o surreal. Os portugueses, nesse aspecto, têm
uma importante lição de abertura, pois acredito, sem desmerecer os profissionais
da TPA (que "somos todos nós"), que as ZAP e DSTV's só ganham cada
vez mais adesão porque estamos ainda longe de ouvir o que a massa crítica
angolana acha. E viva "O pato", descanse em paz "O
Sexolândia", força ao "Layfar" e tudo o que alimente o
cor-de-rosismo. Uma boa semana laboral a todos e todas.
Gociante Patissa,
Benguela 20.10.14
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